Os valores democráticos
cultuados nos países ocidentais estão causando preocupação aos líderes do
Partido Comunista da China, que demonstraram interesse em preservar, com maior
rigor, o regime comunista, ante os "perigos", segundo eles, decorrentes
da preservação dos direitos humanos universais e das reformas econômicas
neoliberais. Segundo documento obtido pelo jornal "New York Times", a
advertência originou-se do próprio presidente chinês, que lidera o mencionado partido,
na qual são enumerados sete perigos que ameaçam o poder do PC chinês, com
destaque para a "democracia ocidental constitucional", que é seguido
pelos demais riscos à hegemonia comunista, como os "valores
universais" de direitos humanos, liberdade de imprensa, conceitos "neoliberais"
de economia de mercado e críticas "niilistas" à história do partido. Reprodução
de trecho do documento pelo "New York Times" diz que "Forças ocidentais hostis à China e
dissidentes dentro do país continuam infiltrando constantemente a esfera
ideológica". A linha dura adotada pela liderança chinesa causou enorme
decepção aos intelectuais liberais e até a alguns ex-dirigentes comunistas
moderados, que tinham esperança de que o novo governo chinês tivesse visão mais
condizente com a modernidade mundial, possibilitando oxigenação do retrógrado
pensamento comunista para mudanças políticas mais favoráveis aos ares de liberdade.
Ao contrário disso, não somente a dureza do regime comunista se confirma com
indiscutível rigor, como se materializa com prisões, nas últimas semanas, de
conhecidos ativistas de direitos civis, demonstrando que as ameaças contidas no
"Documento Número 9" estão sendo levadas a sério pelo governo. A imprensa
estatal vem reforçando o entendimento fechado do PC chinês, com a publicação de
artigos e editoriais condenando o "constitucionalismo", segundo o qual
o poder do Estado e do partido deve ser subordinado à lei suprema. O “Diário do
Povo”, jornal do Partido Comunista chinês, sentenciou que o "Constitucionalismo
pertence somente ao capitalismo". Esse jornal denuncia conspiração dos EUA
por trás dos que defendem o conceito do constitucionalismo no país, ao afirmar
que "É uma arma de guerra
psicológica usada pelos magnatas do capitalismo monopolista americano e seus
aliados na China para subverter o socialismo chinês". Por sua vez, ativistas
chineses contestam a repressão ao constitucionalismo, por entenderem que isso
significa retrocesso de pensamento, uma vez que o governo anterior era
tolerante acerca das discussões sobre o assunto em causa. Quando o mundo
pensava que, finalmente, a China, embalada pelo sucesso da industrialização e
produção, que ajudaram ao soerguimento da sua economia, seria o toque mágico
para a abertura democrática daquele país, agora, não há mais dúvida de que o
sonho da gradual abertura política não teria existido somente no plano ilusório,
à vista do endurecimento das medidas restritivas à liberdade de expressão e dos
direitos humanos, deixando muito clara a verdadeira face da maldade e da
perversidade chinesas contra a sociedade. É evidente que o discurso econômico do
governo chinês, prometendo mais espaços às forças de mercado, não encontra
ressonância na abertura política, porquanto o povo continua cada vez mais
reprimido e limitado quanto ao usufruto dos consagrados direitos humanos. Não
há dúvida de que os valores da democracia ocidental, que garantem a supremacia
dos direitos humanos universais e das reformas econômicas neoliberais sobre o
idealismo retrógrado da fechadura comunista, têm também defeitos e limitações
próprios das relações social e econômica, mas certamente eles dificilmente
teriam o condão de oferecer perigos à humanidade, se comparadas à terrível ditadura
predominante na China. A sociedade tem o dever humanitário de se manifestar em
defesa dos princípios democráticos, dos direitos humanos e das liberdades de
expressão e de protestar contra os regimes ditatoriais e repressivos, contrários
ao desenvolvimento da humanidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de maio de 2014
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