domingo, 18 de maio de 2014

Perigos à humanidade

Os valores democráticos cultuados nos países ocidentais estão causando preocupação aos líderes do Partido Comunista da China, que demonstraram interesse em preservar, com maior rigor, o regime comunista, ante os "perigos", segundo eles, decorrentes da preservação dos direitos humanos universais e das reformas econômicas neoliberais. Segundo documento obtido pelo jornal "New York Times", a advertência originou-se do próprio presidente chinês, que lidera o mencionado partido, na qual são enumerados sete perigos que ameaçam o poder do PC chinês, com destaque para a "democracia ocidental constitucional", que é seguido pelos demais riscos à hegemonia comunista, como os "valores universais" de direitos humanos, liberdade de imprensa, conceitos "neoliberais" de economia de mercado e críticas "niilistas" à história do partido. Reprodução de trecho do documento pelo "New York Times" diz que "Forças ocidentais hostis à China e dissidentes dentro do país continuam infiltrando constantemente a esfera ideológica". A linha dura adotada pela liderança chinesa causou enorme decepção aos intelectuais liberais e até a alguns ex-dirigentes comunistas moderados, que tinham esperança de que o novo governo chinês tivesse visão mais condizente com a modernidade mundial, possibilitando oxigenação do retrógrado pensamento comunista para mudanças políticas mais favoráveis aos ares de liberdade. Ao contrário disso, não somente a dureza do regime comunista se confirma com indiscutível rigor, como se materializa com prisões, nas últimas semanas, de conhecidos ativistas de direitos civis, demonstrando que as ameaças contidas no "Documento Número 9" estão sendo levadas a sério pelo governo. A imprensa estatal vem reforçando o entendimento fechado do PC chinês, com a publicação de artigos e editoriais condenando o "constitucionalismo", segundo o qual o poder do Estado e do partido deve ser subordinado à lei suprema. O “Diário do Povo”, jornal do Partido Comunista chinês, sentenciou que o "Constitucionalismo pertence somente ao capitalismo". Esse jornal denuncia conspiração dos EUA por trás dos que defendem o conceito do constitucionalismo no país, ao afirmar que "É uma arma de guerra psicológica usada pelos magnatas do capitalismo monopolista americano e seus aliados na China para subverter o socialismo chinês". Por sua vez, ativistas chineses contestam a repressão ao constitucionalismo, por entenderem que isso significa retrocesso de pensamento, uma vez que o governo anterior era tolerante acerca das discussões sobre o assunto em causa. Quando o mundo pensava que, finalmente, a China, embalada pelo sucesso da industrialização e produção, que ajudaram ao soerguimento da sua economia, seria o toque mágico para a abertura democrática daquele país, agora, não há mais dúvida de que o sonho da gradual abertura política não teria existido somente no plano ilusório, à vista do endurecimento das medidas restritivas à liberdade de expressão e dos direitos humanos, deixando muito clara a verdadeira face da maldade e da perversidade chinesas contra a sociedade. É evidente que o discurso econômico do governo chinês, prometendo mais espaços às forças de mercado, não encontra ressonância na abertura política, porquanto o povo continua cada vez mais reprimido e limitado quanto ao usufruto dos consagrados direitos humanos. Não há dúvida de que os valores da democracia ocidental, que garantem a supremacia dos direitos humanos universais e das reformas econômicas neoliberais sobre o idealismo retrógrado da fechadura comunista, têm também defeitos e limitações próprios das relações social e econômica, mas certamente eles dificilmente teriam o condão de oferecer perigos à humanidade, se comparadas à terrível ditadura predominante na China. A sociedade tem o dever humanitário de se manifestar em defesa dos princípios democráticos, dos direitos humanos e das liberdades de expressão e de protestar contra os regimes ditatoriais e repressivos, contrários ao desenvolvimento da humanidade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 17 de maio de 2014

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