segunda-feira, 26 de maio de 2014

Governo de mudanças, onde?

O programa do PT, exibido na televisão, mostra uma jovem dizendo querer que o país mude, mas que "mudar o Brasil não é dar um passo atrás para o passado nem um salto no escuro para o futuro". Trata-se de peça publicitária reforçando comparação de governos petistas com gestões tucanas. Foram exaltadas, basicamente, as realizações do atual governo, nos aspectos referentes às melhorias das condições de vida das pessoas, com aparição de alguns beneficiários elogiando os programas sociais. A presidente da República disse que "mudar não é fácil" e "que todo governo de mudança encontra obstáculos, só vence quem insiste e não desanima nunca". Já o ex-presidente da República destacou o aumento da renda, do emprego, do crescimento econômico, das exportações de alimentos, carne e commodities, além do consumo. Houve apresentação de números mostrando melhoras na renda, em especial da população mais carente. Foi dito que "não basta crescer no mundo dos economistas, é preciso crescer na vida das pessoas". A presidente indicou suas prioridades para saúde, educação, segurança pública e transporte coletivo, tendo citado os programas que teriam sido as marcas de seu governo, como Pronatec, Mais Médicos, Minha Casa, Minha Vida, além dos projetos de infraestrutura, como transporte público, portos, aeroportos e energia. Ainda bem que se trata de programa de partido político, porque os autores dos discursos demonstraram desconhecer a realidade do Brasil. Causou enorme estranheza a citação de que “Se algum de nós cometeu um erro, tem de pagar pelo que fez”, uma vez que isso quase equivale dizer que ninguém erra no PT, seus filiados são onipotentes e imaculados, imunes às acusações de corrupção e de deslizes. A estratégia do partido para a próxima eleição ficou muito clara, no sentido de que a tônica será bater nos adversários e mostrar que a presidente é quem está habilitada para promover as mudanças exigidas pela sociedade. Só que a capacidade dela já foi posto à prova nos últimos três anos, ou seja, nada houve de mudanças substanciais. A repetição do clipe que causou polêmica, inclusive reações da oposição, com a exibição de imagens de famílias que teriam progredido na vida e estariam correndo risco de perder conquistas, provocou perplexidade, a ponto de ter sido classificado pela oposição como peça bufa de “terrorismo”, causando ridícula impressão. Foi interessante a citação sobre os casos de corrupção, com indicação de gavetas sendo fechadas e abertas, dando a entender que, nos governos anteriores, as investigações de irregularidades - sem identificá-las - eram simplesmente arquivadas. Logo em seguida vinha a pergunta: "Porque antes, quando eles governaram, sabe o que acontecia com as denúncias? Morriam, esquecidas na gaveta. O que você prefere? Avançar no combate à corrupção? Ou voltar ao passado?". No governo atual, os casos de corrupção se sucedem amiudamente e em proporção nunca vista na história republicana, cujo resultado, se é que ele existe, nunca dá em nada, salvo o escandaloso esquema do mensalão, que sequer existiu, na visão ética e moral do partido, embora o Supremo Tribunal a Federal tenha enxergado robustas provas da prática de corrupção protagonizada por ilustres membros da cúpula do partido mais “ético” e “honesto” do país. Em síntese o PT tentou mostrar que é capaz de atacar os problemas que contribuíram para a queda nas pesquisas de preferência da presidente, que são praticamente os mesmos que nunca foram solucionados, nos onze anos do governo petista. Não passa de falácia, demagogia e hipocrisia o discurso de elogio ao PT pelo ex-presidente da República, que surpreendeu ao afirmar que "Nós precisamos voltar a recuperar o orgulho, que foi a razão da existência desse partido”, porque é impossível se pensar em reconquistar algo praticando exatamente métodos contrários aos princípios da racionalidade e da civilidade, a exemplo dessa esculhambação do fisiologismo arraigado no serviço público, entre outros procedimentos reprováveis, a exemplo, entre outros, das coalizões espúrias com pessoas consideradas pelo PT, no passado, como corruptos, ladrões e criminosos políticos, que passaram a importantes aliados por pura conveniência política, por atender o projeto de perenidade no poder. Além do foco nas promessas de mudanças, que nunca são implementadas, houve provocações e ataques aos candidatos adversários, tudo em conformidade com a pequenez de quem tem a maior capacidade de atacar e de acusar apenas na tentativa de se beneficiar da situação. Trata-se nitidamente de discurso de moribundo que se encontra na beira do abismo, percebendo que teve todo tempo do mundo para fazer algo com competência, mas, somente agora, diante do precipício, tenta de toda maneira se salvar, em desespero, no último suspiro de vida. Na prática, o governo petista foi exemplo de gestão desastrosa e ofensiva aos princípios republicanos e democráticos, que soube muito bem e como ninguém contribuir para a destruição dos preceitos da honestidade, da ética e do decoro, com efetiva demonstração de leniência com a corrupção, o fisiologismo e a incompetência administrativa, a exemplo da injustificável enormidade existência de ministérios e empresas públicas, servindo como espécie de loteamento entre aliados políticos, em indecente troca de apoio político no Congresso Nacional e nas campanhas eleitorais, e, como destaque negativo, cite-se o desastroso gerenciamento da principal empresa brasileira, que teve seu patrimônio diminuído a pouco mais de um terço, por conta de gestões inconsequentes e prejudiciais ao interesse nacional. A sociedade precisa, com urgência, avaliar, de forma consciente, racional e civilizada, a atual gestão do país, que tem sido visivelmente em harmonia com as conveniências pessoais e partidárias, em detrimento das verdadeiras causas nacionais, sem perspectivas de melhorias, progressos, aperfeiçoamento e modernidade das instituições capazes de contribuir para o desenvolvimento social, econômico, político e democrático. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de maio de 2014

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