quarta-feira, 28 de maio de 2014

Basta do patrimonialismo de conveniências

As intenções de voto na presidente da República têm flutuação dentro da margem de erro para a próxima eleição, conforme o último resultado da pesquisa divulgada pelo Ibope. Ela passou de 37%, em abril, para 40% agora. Seus principais oponentes tiveram melhoria de desempenho, porquanto o tucano saiu de 14% para 20% e o socialista saltou de 6% para 11%. Os demais candidatos ainda somam percentuais bastante acanhados. Caso a eleição fosse agora e somente votassem os 2.002 eleitores ouvidos, entre quase 140 milhões de brasileiros votantes, a petista estaria eleita já no primeiro turno, considerado o somatório a seu favor superior a 50% dos votos válidos. Mais uma vez, a opinião é unissonante de não se creditar na sinceridade da pesquisa, sob o espanto de a presidente conseguir ser avaliada com percentual expressivo, bem longe do seu verdadeiro desempenho na gestão do país, diante das precariedades administrativas e gerenciais, a exemplo dos resultados econômicos alcançados, que são refletidos no pífio desempenho do Produto Interno Bruto – PIB, por não conseguir acompanhar a desenvoltura dos países integrantes dos BRICs, em verdadeira demonstração de incompetência no gerenciamento dos negócios da nação. Ao que tudo indica, a nossa realidade sugere que não está muito longe de se confirmar no país tupiniquim o célebre pensamento do economista britânico Arnold Toynbee, de que "O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam.", e normalmente os que se interessam demonstram plena incapacidade e condições de administrar o país tão grande e complexo como o Brasil. Sem a menor dificuldade, percebe-se que os brasileiros interessados por política são aqueles que se beneficiam das vantagens propiciadas pelo poder e pela dominação do Estado, que têm condições de garantir programas assistencialistas do governo, como se fossem mantidos com recursos de origem pessoal ou de seu partido, pois são aqueles que fazem o maior esforço para que essa política paternalista, de cunho eminentemente eleitoreiro, funcione com o primor de eficiência, em detrimento das demais ações governamentais que são precárias na educação, na saúde, na segurança pública, nos transportes, na infraestrutura, no saneamento básico etc. Enquanto os desinteressados por política permanecerem omissos e desligados quanto às questões de interesse nacional, a gestão do país há de continuar atravessando as agruras de não poder se desenvolver, justamente em razão da predominância entusiástica daqueles que se acostumaram com o usufruto das benesses do governo com viés socialista, que tudo faz para a manutenção do status quo, que opera, em última instância, em seu benefício, principalmente eleitoreiro. Na realidade, o país padece tanto de bons políticos como, sobretudo, de bons eleitores, que tenham interesse em contribuir para o aperfeiçoamento das instituições democráticas. O grandioso presidente norte-americano Abraham Lincoln disse que "ninguém é suficientemente competente para governar outra pessoa sem o seu consentimento". Contudo, no país tupiniquim, há enorme dificuldade para o povo compreender a forma deletéria como a classe dominante se apoderou do poder e conseguiu manipular com maestria o gigantesco patrimônio público em seu favor, mediante o estabelecimento de objetivos definidos de posse nunca vistos na história deste país, em afrontosa desmoralização aos princípios democrático e republicano. Nunca se viu um partido tão sequioso de poder, que vem implementando no governo métodos não condizentes com os preceitos da honestidade e do decoro, a exemplo das coalizões espúrias e execráveis, consistentes no escrachado fisiologismo no serviço público, com a entrega de ministérios e empresas estatais aos aliados da base de sustentação do governo, em indecente troca de apoio político. À toda evidência, o país não tem condições de suportar, por absoluta falta de estrutura, ser administrado por mais quatro anos por governo inepto e estruturado no patrimonialismo de conveniências pessoais e partidárias, em completo detrimento do interesse público, em visível conivência com a corrupção e leniência com a impunidade, a exemplo do escândalo do mensalão, que é a sua marca maior e mais viva das irregularidades com reclusos públicos. A tudo isso se juntam os fracassos das políticas econômica e fiscal, cujo obsoletismo sistêmico da economia está contribuindo para o baixo crescimento do Produto Interno Bruto, o aparelhamento das empresas estatais, que estão sendo destruídas, a exemplo da Petrobras e da Eletrobrás, e as deficientes prestações de serviços públicos, como educação, segurança pública, saúde etc. A sociedade tem o dever cívico e patriótico de repudiar a governança do patrimonialismo de conveniências pessoais ou partidárias e de vislumbrar alternativas saudáveis de competência e capacitação no gerenciamento dos interesses do país, como forma de se evitar que a nação caminhe de passos largos para o precipício social e econômico, bem assim para a derrocada dos princípios democrático e republicano, com as desastradas recrimináveis coalizões de cunho fisiológicos e prejudiciais à eficiência da administração pública. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de maio de 2014

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