Não é apenas no Brasil que se fazem críticas justas
sobre as megalomaníacas obras brasileiras que foram abandonadas, com a
implicação de montanhas de recursos públicos jogados pelo ralo da incompetência
e da insensibilidade político-administrativas. O "New York Times"
destacou, em reportagem publicada em vídeo, essa triste realidade tupiniquim. O
jornal nova-iorquino ressalta que, enquanto o país se esforça o máximo para
sediar a Copa do Mundo, muitas obras importantes ainda são tocadas em nítido e
acentuado atraso, embora elas devessem ter sido acabadas, pelo menos, até o
primeiro toque na bola, cujo desleixo é debitado aos excessivos custos e à
precariedade administrativa. A publicação faz referência, além das obras para a
Copa, de outro problema nacional ainda maior que diz respeito a luxuosos projetos
concebidos na época que o país experimentava a bonança do crescimento econômico,
mas a realidade atual fez com que as obras pertinentes se encontrem abandonadas,
paralisadas ou descontroladamente acima do orçamento, a exemplo da construção
da Transnordestina, ferrovia de 1.728 km que pretendia ligar o sertão do Piauí
ao litoral do Ceará e de Pernambuco, os edifícios públicos de Natal (RN),
projetados pelo magistral arquiteto Oscar Niemeyer, que foram relegadas e abandonados
logo após sua construção, e o malfadado "museu do alienígena", cuja
construção, iniciada em 2007, na cidade de Varginha (MG), contava com recursos
federais. O jornal diz que os restos esqueléticos do museu se assemelham,
agora, a um navio perdido entre ervas daninhas. A reportagem assinala que os
empreendimentos tinham por objetivo contribuir para o processo de impulsão do
país ao desenvolvimento e simbolizavam a ascensão vertiginosa da nação. Não
obstante, o milagre econômico não vingou e o país é obrigado a encarar as
turbulências próprias da ressaca pós-boom, cuja paralisação das obras expõe os governantes
a verdadeiro vexame e a crítica pela evidência dos dispêndios desnecessários, comprovando
a forma perdulária de desperdício de dinheiros públicos, devido à incompetência
retratada nos projetos megalomaníacos dispendiosos, sem nenhum aproveitamento
para a sociedade, enquanto os serviços básicos são normalmente desprezados. Os
especialistas em economia são unânimes em afirmar que os projetos problemáticos
sintetizam burocracia paralisante, alocação de recursos sem planejamento e
corrupção. O jornal lembra também as constantes ondas de manifestações com a
finalidade de protestar contra os caríssimos estádios que foram construídos
principalmente em Manaus e Brasília, que devem se transformar em verdadeiros
elefantes brancos após a Copa do Mundo, mas a sociedade terá o ônus de
mantê-los com elevado custo, sob pena de serem sucateados, ante a falta de uso.
Na realidade, os fatos mencionados pelo “New York Times” representam muito
pouco em relação ao vasto e imensurável esbanjamento perdulário consistente nas
imensas obras inacabadas e superfaturadas, a exemplo da transposição do Rio São
Francisco, que se arrasta indefinidamente servindo de sorvedouro de recursos,
justamente pela incompetência e inaptidão quanto à execução de obras públicas.
Existem outros gritantes e desanimadores exemplos de investimentos prejudiciais
ao interesse do país, em especial na construção de obras pertinentes ao sistema
energético, onde os projetos nunca são capazes de garantir que nunca vai haver
racionamento de energia, entre tantas precariedades na execução dos recursos
públicos, que denotam o quanto a nação não pode continuar sendo administrado
por quem já demonstrou completa incapacidade de vislumbrar suas mazelas e de
priorizar as medidas capazes de saneá-las, sob a ótica da competência,
economicidade, transparência e honestidade, respeitados os princípios
fundamentais da administração pública. A sociedade anseia por que o estadista
tenha conscientização e sensibilidade para enxergar senão a necessidade de
trabalhar em prol exclusivamente da resolução das causas nacionais, sem pensar
em obras megalomaníacas antes de concluir as obras inacabadas, com embargo dos
interesses pessoais e partidários, como a única forma capaz de colocar o país
no rumo dos sonhados progresso e desenvolvimento. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de maio de 2014
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