É lamentável que a
presidente do país tenha aproveitado o importante Dia do Trabalho, em homenagem
ao trabalhador, para fazer pronunciamento com viés político-eleitoreiro,
justamente quando as pesquisas mostram substancial queda das preferências à sua
continuidade no Palácio do Planalto. Percebe-se, claramente, que se trata de
discurso essencialmente eleitoreiro, elaborado estratégica e cuidadosamente por
marqueteiro, sem o menor compromisso com a responsabilidade
politico-administrativa, a exemplo do inédito anúncio sobre as correções da
tabela do Imposto de Renda e dos benefícios do Bolsa Família, que poderia ter
sido feito em qualquer época, menos nesse momento em que seu projeto de
reeleição passa por turbulência. Impende se observar o enorme equívoco da
presidente, que anuncia correções estapafúrdias associadas ao dia do trabalhador, como tentativa de se
conceder bondade, no caso do Bolsa Família, justamente para quem não trabalha
e não produz, visto que as famílias são pagas exatamente para não fazerem
absolutamente nada, e que corrige a tabela do Imposto de Renda no percentual de 4,50%, quando
a inflação oficial pode beirar os 6% no final do ano, fato este que contribui para
apertar o bolso do já sacrificado contribuinte. É de se lamentar que esses fatos não condizem com o estímulo ao trabalhador, mas eles têm reais intenções eleitoreiras. Também causa enorme estranheza que a
mandatária do país aproveite seu discurso para atacar, de forma deselegante,
seus opositores, com insinuação de que eles estariam interessados em prejudicar
ainda mais a situação da Petrobras, que teve seu patrimônio dilapidado graças à
incompetência administrativa da atual gestão, com a participação ativa da
mandatária do país, que teria autorizado, quando presidia o Conselho de
Administração da empresa, a compra, com suspeita de valor superfaturado, da
refinaria de Pasadena, nos EUA. Ainda não dar para entender como a presidente se
arisca a trazer à baila os casos de corrupção, ao afirmar que a combate com intensamente,
quando os escândalos no governo não deram absolutamente em nada, porque não se
sabe se houve alguma apuração sobre os casos dos corruptos que se exoneram
espontaneamente dos cargos, depois de exauridas as condições morais de
continuarem no governo. Não há a menor dúvida de que há muita encenação e
enganação, numa roupagem teatral estrategicamente planejada para marcar a
presença da candidata à reeleição, embora ela já tenha demonstrado pouca capacidade
gerencial e administrativa para continuar no comando do país, que já perdeu há bastante
tempo os rumos do progresso e do desenvolvimento, justamente porque houve visível
acomodação na implementação de mudanças sociais, que não passaram do mero
atendimento às circunstâncias pelas quais a humanidade vem atravessando, em
harmonia com as conquistas da sociedade ao direito de participar efetivamente
da distribuição de renda do país, no caso dos programas assistenciais, em que o
Estado passou a ser obrigado a assistir às famílias carentes, que seria feita
por qualquer governo responsável. Há de se ressaltar que essas são medidas
meramente burocráticas e administrativas que não condizem com a premência da
reestruturação do conjunto do Estado, quanto à necessidade da realização das
reformas tributária, trabalhista, previdenciária, política, administrativa, de
infraestrutura e outras mudanças pertinentes à modernização e ao
aperfeiçoamento dos mecanismos capazes de contribuir para o desenvolvimento
social, político, administrativo e econômico da nação. Infelizmente, o governo
do país tupiniquim, há muito tempo, não pensa grande, em substanciais reformas
que possibilitem, ao menos, a eliminação dos gargalos que estão impedindo que o
parque industrial consiga competir com a produção estrangeira, fato que vem
causando sérios transtornos ao desempenho da economia nacional, conforme
demonstram os resultados do Produto Interno Bruto - PIB, que têm sido bem abaixo
dos obtidos pelos países emergentes, evidenciando que o país patina no eixo da
sua incompetência, permitindo que seu povo seja submetido ao cruel processo de
carência de serviços públicos de qualidade. A sociedade anseia por que o país
possa ser administrado por estadista que seja, sobretudo, cônscio sobre a
primacial responsabilidade quanto à necessidade de vislumbrar os fatos sob a
ótica da verdade, da probidade e do decoro, tendo sabedoria suficiente para
estabelecer prioridades com vistas ao bem geral da nação e para eliminar as
hipocrisias, as mentiras, as conveniências interesseiras, os arranjos
fisiológicos e as politicagens que tanto contribuem para o retrocesso social,
econômico, político e administrativo da nação, devendo ainda atentar para a
fiel observância aos princípios republicanos, democráticos e da administração
pública, como forma essencial para se alcançar a retomada do desenvolvimento
tão aspirado pelo povo brasileiro. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de maio de 2014
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