segunda-feira, 5 de maio de 2014

Carta a uma brasileirinha

O artigo “Educação tem futuro?” teve inspiração na reportagem que foi ao ar pelo Fantástico, que me deixou bastante interessado em poder participar um pouquinho desse processo que vocês vêm enfrentando com muita dedicação e empenho. A sua participação no programa demonstrou à têmpera do povo nordestino, que é sempre submetido às terríveis dificuldades próprias da região de muita pobreza e de bastante desprezo por parte dos governantes, que são desprovidos dos recursos humanos da sensibilidade e da razoabilidade sobre o estabelecimento de prioridades das políticas públicas, em todos os sentidos. Não há dúvida de que os exemplos mostram que a desistência da luta é o mesmo que entregar os pontos antes do sucesso que pode estar próximo, mas, às vezes, só depende de mais um pouquinho de persistência e sacrifício. O caso da educação ganha destaque, por ser a fonte primacial do saber e do conhecimento, sem a qual o homem permanece ignorante e distanciado da conquista do sucesso. Infelizmente, parece que os políticos comungam do triste pensamento de que nordestino bom de voto é aquele sem cultura, analfabético, facilmente domável e domesticado para o seu curral eleitoral. Vocês demonstraram que esse terrível e inadmissível estado de coisas precisava mudar de vez e deram verdadeira lição ao país de independência e de sabedoria, ao peitar e enfrentar esse sistema retrógrado e absolutamente nefasto e maléfico do subdesenvolvimento da consciência humana, que ainda predomina nos rincões nordestinos. A bonita história de vocês, que conseguiram superar as dificuldades, só Deus sabe como, deve ter sido dolorosa como sói acontecer nos processos pertinentes à educação no país, que ainda se encontra ano-luz distante do descobrimento da importância da educação para a independência do saber e do conhecimento do seu povo. No seu caso específico, eu, de certa forma, busquei encontrar algum paralelo, porque também tive enorme dificuldade para estudar, por morar na roça, onde trabalhava pela manhã, tendo que me deslocar à tarde para a cidade, a quatro quilômetros de distância. Foram tempos difíceis e marcantes, mas, ao mesmo tempo, importantes para minha vida, principalmente porque os sacrifícios tiveram o condão de mostrar que seu valor se traduz na força motriz que conduz à continuidade da dedicação e do esforço com vistas à consecução de nossos objetivos, que devem ser infinitos. O primeiro passo foi dado com sacrifício, começado no Sítio Canadá e na cidade de Uiraúna, bem no interior da Paraíba, e continuado com não menos sacrifício e intensidade em Brasília, onde finquei os pés nos idos de 1966, tendo servido à Aeronáutica, por mais de 13 anos, e trabalhado no Tribunal de Contas do Distrito Federal, por outros 31 e mais, vindo a me aposentar no serviço público em 1º de abril de 2011, quando, a partir dessa data, passei a me dedicar à escritura de crônicas sobre os fatos da vida, que passaram a ser postadas na minha página da internet, cujos artigos, que são elaborados quase diariamente, foram consolidados em livros, que já são nove, sendo que o nono se encontra em fase final de diagramação e de preparo de capa, para ser logo publicado. Esse relato tem a finalidade de mostrar que os sacrifícios de vocês jamais serão em vão, porque toda dedicação tem maravilhosa recompensa e certamente a de vocês já se encontra reservada, basta continuarem tendo a mesma perseverança que já demonstraram, com sabedoria, dominar e ter acumulado ao longo da exitosa experiência de lutar contra a insensibilidade das autoridades públicas, que até poderiam se esforçar para aprender com a experiência vitoriosa de vocês e perceberem que o melhoramento do saber e do conhecimento somente será possível se houver prioridade para a educação, mediante maciços investimentos na valorização dos professores, com melhoria de seus salários, treinamentos e disponibilização de tecnologias; construção de escolas; e principalmente reformulação do sistema educacional, de modo que o ensino possa ser inserido na modernidade do conhecimento científico e tecnológico. Espero e torço que você, seus colegas de bancos escolares e toda estrutura da Escola Augustinho Bandão, diretora, professores e servidores, a par do sucesso já alcançado, continuem com o espírito imbuído dos maiores deveres cívico e patriótico de valorização do ensino público. Meus parabéns para você, extensivos aos integrantes desse educandário. Espero que meus livros contribuam um pouquinho para que você, seus professores e colegas se conscientizem ainda mais sobre o nosso nobre dever de cultuar os salutares princípios de moralidade e honestidade. Viva a conscientização sobre a melhoria da educação do país!
                                                         
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, DF, em 04 de maio de 2014

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