segunda-feira, 5 de maio de 2014

Magistral incoerência

A presidente da República, que proibiu os quartéis de comemorar o aniversário do golpe militar, fez questão de lembrar, na data que marca os 50 anos desse evento histórico, os mortos e desaparecidos políticos na ditadura. No seu caso, a presidente, que foi presa e torturada por integrar, nos anos 70, organização de esquerda que promoveu a luta armada contra o governo, não mencionou aqueles que pereceram pelas mãos assassinas dos terroristas, que explodiam bombas e participaram de confronto com militares. No discurso proferido em evento no Palácio do Planalto, a presidente disse que se lembrar do golpe militar faz parte do processo de consolidação da democracia no país. Ela disse que “Lembrar e contar faz (sic) parte desse processo que iniciamos, de luta do povo, pela volta da liberdade, pela anistia, Constituinte, diretas, inclusão social, Comissão da Verdade... Por todos os processos de implantação e consolidação da nossa democracia, processo que foi construído passo a passo, por cada um dos governos eleitos depois disso. Nós aprendemos o valor da liberdade, o valor de um Legislativo e de um Judiciário independentes e ativos. Aprendemos o valor da liberdade de imprensa, o valor de eleger por um voto direto e secreto de todos os brasileiros, de governadores, prefeitos... De eleger, por exemplo, um ex-exilado, um líder sindical que foi preso várias vezes e uma mulher também que foi prisioneira". A mandatária disse que o dia de hoje exige "que nós nos lembremos e contemos o que aconteceu. Devemos isso a todos os que morreram e desapareceram, devemos aos torturados e perseguidos, devemos a suas famílias, devemos a todos os brasileiros". Ainda no discurso, a presidente ressaltou a importância dos acordos políticos que levaram à redemocratização, a exemplo da Lei de Anistia, que muitos saudosistas comunas insistem que essa norma legal, que possibilitou tanto a passar a esponja no passado de tortura e de perseguição, como a viabilização do regresso à pátria dos exilados, sem a qual não seria possível que o país tivesse ingressado na histórica redemocratização, haja vista que o entendimento pós uma pedra no passado daqueles que, de um lado, participaram do regime militar e de, outro, dos atos terroristas, que se opuseram de forma extremista contra o regime de força, imposto pelos militares. Embora a intervenção militar de então tenha tido o objetivo de impedir, entre outros absurdos, a implantação do comunismo no país, hoje, os fatos demonstram que o sistema republicano corre seríssimo risco, ante o fato de o país estar sendo comandado exatamente pelas pessoas que teriam dado, á época, o golpe de Estado caso os militares não tivessem se antecipado e passado a rasteira nos subversivos sindicalizados, ávidos que estavam na imposição do regime ditatorial no país. Até hoje, os comunistas demonstram enorme frustração pelo fato de o seu plano arquitetado na época ter falhado, em data bem próxima do dia D. Na verdade, o que deveria ter sido o primeiro golpe comunista foi abortado pelos militares, com a ajuda dos norte-americanos, que monitoravam os movimentos golpistas, mas o segundo golpe está em pleno curso liderado pelo partido governista. À toda evidência, é paradoxal que os comunistas se manifestam contrários à ditadura brasileira, mas são intransigentes no apoio aos regimes ditatoriais de Cuba, da Venezuela e de outras ditaduras, em incompreensível incoerência ideológica. No dia do aniversário do golpe militar, a presidente da República, ao invés de apontar dívida do Estado, poderia aproveitar a oportunidade, a bem da verdade, para esclarecer a participação criminosa no rumoroso escândalo da aquisição, a preço superfaturado, da refinaria de Pasadena, nos EUA, por se tratar de caso recente e recorrente, que a população anseia por justificativas plausíveis e convincentes sobre os prejuízos causados a mais importante empresa estatal, que teve seu patrimônio dilapidado na atual gestão, conforme mostram os fatos denunciados. A presidente se reporta à dívida do Estado, referindo-se apenas à agressão dos militares, como se os terroristas não tivessem culpa por seus gravíssimos crimes, que também resultaram em mortes e sequestros de embaixadores. É impressionante como há incoerência e hipocrisia nas pessoas que ressaltam as torturas e as mortes do regime militar, que atingiram apenas os que se posicionaram contrários aos militares, com práticas igualmente violentas e mortíferas, mas ignoram completamente e não condenam suas atrocidades e selvagerias, muitas das quais protagonizadas contra inocentes, que foram sacrificados pela covardia e imbecilidade do enfrentamento do regime de então. Também há evidente contrassenso na crítica ao tratamento dos militares aos terroristas, quando muitos governistas não têm o menor pudor de beijar, em especial, as mãos de ditadores sanguinários cubanos. O momento político brasileiro exige bastante reflexão da sociedade, tendo em conta a próxima eleição, de modo que a escolha de seus representantes tenha o perfil que melhor possa atender aos anseios de um Brasil totalmente livre da submissão ao pernicioso regime socialista, que vem rondando as portas do país tupiniquim, com bastante intensidade e voracidade somente comparáveis à sanha comunista experimentada nos idos de 1964, cujo ressuscitamento dessa questão não contribui absolutamente em nada para o aperfeiçoamento dos princípios democráticos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 04 de maio de 2014

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