Ao que tudo indica, desta vez, foi por terra a “perspicácia”
da articulação do ex-presidente da República petista para se encontrar com o
também ex-presidente da República tucano, em busca de diálogo que aproximasse a
oposição ao governo, com o propósito de salva o náufrago mandato da sua
predileta afilhada falhou.
Após
as pressões do PSDB, o tucano se antecipou aos fatos e esclareceu não ser agora
o momento de aproximação dos rivais, quando estão inflamados os ânimos dos
opositores em defesa do impeachment da mandatária do país.
O cacique tucano disse que "O momento não é para a busca de aproximações
com o governo, mas, sim, com o povo".
Nesse ínterim, a petista chegou a afirmar que o
diálogo entre o tucano e o todo-poderoso petista poderia ser interessante, se
inspirando em prática já bastante comum em países como os EUA.
Por seu turno, o ex-presidente tucano asseverou que "Qualquer conversa não pública com o
governo pareceria conchavo na tentativa de salvar o que não deve ser salvo".
Antecipando à decisão do cacique tucano, líderes do
PSDB no Senado Federal e na Câmara dos Deputados divulgarem nota com severas críticas
sobre a tentativa de aproximação do Partido dos Trabalhadores, tendo classificado
o fato como "oportunismo sem limites".
Texto da nota se expressa nestes termos: "Agora que a sua verdadeira obra de governo
foi desmascarada aos olhos dos brasileiros, tentam encontrar mais uma forma de
fugir às suas responsabilidades. Passaram anos estimulando a intransigência, o
rancor e dividindo o País entre o nós e eles, entre o governo e a oposição.
Agora, sob o pretexto de uma súbita preocupação com o Brasil, dizem querer
buscar o diálogo com quem antes rechaçavam".
Os tucanos criticam, de forma dura, entre outros
pontos, as atitudes recentes do governo, como o posicionamento em relação à
crise econômica durante a eleição de 2014, classificando-o como "estelionato eleitoral", a corrupção
dos últimos 12 anos e o aumento da conta de luz após o governo rechaçar
qualquer problema no sistema elétrico.
Consta da nota que "O ex-presidente Lula diz querer se encontrar com ex-presidente FHC.
Nenhuma palavra sobre os violentos, injustos e desrespeitosos ataques feitos
por ele ao ex-presidente tucano. Na cartilha da conveniência petista de agora,
é como se nunca tivessem ocorrido. Nas eleições, o PT manipulou a percepção dos
brasileiros sobre a realidade do país. Tenta, agora, manipular a oposição.".
As lideranças do PSDB garantem que a oposição não
ajudará o governo a se salvar, tendo ressaltado que o "verdadeiro diálogo" capaz de fazer
com que o Brasil supere a atual crise já está ocorrendo, "nas ruas, nos locais de trabalho e nos
espaços familiares".
Os tucanos garantem que "A oposição ecoa a voz da grande maioria do nosso povo. Por isso,
permaneceremos onde estamos. Na defesa intransigente das nossas instituições e
dos interesses dos brasileiros. Contra os desmandos e o oportunismo do PT".
É induvidoso que o governo e o PT estão em uma encruzilhada
graças ao seu descrédito resultante, em especial, dos trágicos indicadores
econômicos e da desmoralização causada pela corrupção, fatos que aconselham a
oposição se afastar o máximo para muito longe do desgoverno, e ficar torcendo
para que um dia tenha fim a desgraça que inferniza a vida dos brasileiros.
Qualquer aproximação com esse governo desacreditado funciona
como respaldo e aceitação de toda ruindade administrativa que contribuiu para o
estado de falência das instituições do país, com reflexos extremamente
maléficos na produção nacional e por via de consequência no emprego e no
desenvolvimento nacional.
O episódio da tentativa de aproximação entre os
principais caciques partidários de dois importantes partidos causa bastante
perplexidade, a se considerar que o petista nem o governo nunca tiveram a
dignidade de procurar a oposição para conversar sobre as questões nacionais
quando a gestão nacional estava sem dificuldades gerenciais, ocasião em que as
lideranças petistas sempre se achavam os suprassumos e não precisavam se
encontrar com ninguém, quanto menos com a oposição que criticava as maléficas políticas
adotadas pelo governo.
Caso a oposição aceitasse o diálogo com o governo,
ela certamente passaria a ser aplaudida por 7,7% dos brasileiros, aqueles que
aprovam a gestão petista, e desprezada e odiada pelo restante dos mais de 70% que
desaprovam a desastrada administração do país, ou seja, a oposição teria tudo a
perder e nunca mais recuperaria a credibilidade conquistada até agora e nada a
ganhar, a não ser a antipatia dos eleitores, porque o PT foi capaz de
esculhambar a gestão pública, mas demonstra absoluta incapacidade para consertar
os estragos causados ao país.
Não há qualquer dúvida de que é aconselhável que o
diálogo com a oposição seja agendado definitivamente para a eleição de 2018,
que deverá ser o palco ideal para o governo, pelo menos, tentar se redimir das
mentiras utilizadas para conquistar a reeleição da atual presidente da
República, que ficou marcada pela desfaçatez jamais vista na história
republicana, cuja pantomima registra a fase mais deprimente da democracia
brasileira, pela indução do eleitorado ao apoio de programa de governo destituído
de consistência e de plausibilidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de julho de 2015
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