A Polícia Federal apreendeu três carros de luxo, sendo
uma Ferrari, um Lamborghini e um Porsche, de propriedade de um senador
alagoano, que já foi presidente da República afastado do cargo por corrupção,
que agora é um dos alvos dos mandados de busca e apreensão expedidos pelo
Supremo Tribunal Federal, determinando a apreensão de bens que possivelmente tenham
sido adquiridos por meio de práticas criminosas, objeto das investigações da
Operação Lava-Jato.
Em nota divulgada em seguida às apreensões de seus
veículos, o senador alagoano demonstra repúdio ao que chamou de "aparatosa operação policial realizada nesta
data em sua residência".
Por meio de advogado, ele disse que "A medida invasiva e arbitrária é
flagrantemente desnecessária, considerando que os fatos investigados datam de
pelo menos mais de dois anos, a investigação já é conhecida desde o final do
ano passado, e o ex-presidente jamais foi sequer chamado a prestar
esclarecimentos. Ao contrário disso, por duas vezes o senador se colocou à
disposição para ser ouvido pela Polícia Federal, sendo que nas duas vezes seu
depoimento foi desmarcado na véspera. Medidas dessa ordem buscam apenas
constranger o destinatário, alimentar o clima de terror e perseguição e, com
isso, intimidar futuras testemunhas".
Sem se pretender adentrar no mérito das decisões
judiciais de apreensão de documentos, computadores, dinheiros, veículos etc., é
extremamente lamentável que congressistas sejam alvos de constantes ações
policiais e judiciais, em indiscutível desmoralização da liturgia e da
relevância dos cargos públicos eletivos por eles ocupados.
Causa perplexidade que, em princípio e na forma de
preceitos constitucionais, os ditos representantes do povo, que têm a obrigação
de dar o exemplo de dignidade, probidade, moralidade e decoro, entre outros
conceitos de boas condutas, sejam envolvidos em suspeitas de roubalheiras,
fraudes e ilicitudes que não condizem, em absoluto, com a real finalidade de
representação do povo.
À toda evidência, a fragilização dos princípios morais
ínsitos nos congressistas tem sido a principal causa do estado deplorável de
precariedade e decadência da classe política, que tem sido, reiteradamente, apoiada
pelo povo, com seu voto, apesar da demonstração de não possuir idoneidade moral
e capacidade para exercer, com dignidade e decência, cargo público eletivo,
conforme evidenciam os fatos noticiados à saciedade.
É evidente que o eleitor precisa se conscientizar, com
urgência, sobre a necessidade de renovação da representação política, ante o seu
notório descrédito, graças aos seus envolvimentos em falcatruas e
irregularidades que comprometem a sua atuação como congressistas, de quem se
esperam senão atos e atitudes de dignidade e de honestidade.
O exemplo mais evidente da pequenez e da fragilidade
ínsitas nos homens públicos se espelha na figura do presidente do Senado
Federal, que, além de ser alvo de investigação pela Operação Lava-Jato, por envolvimento
em corrupção, é réu na Justiça Federal, por responder processo por improbidade
administrativa, em razão de ter se beneficiado de dinheiro ilícito de
empresário, fato que demonstra o tamanho da insignificância e da
desqualificação a que chegou o Congresso Nacional, que representa o povo.
Em sintonia com o presidente do Senado, também se
enquadra nas investigações da Operação Lava-Jato o presidente da Câmara dos
Deputados, por ter recebido propina, conforme depoimentos de delatores à
Justiça Federal.
Agora, o mais vergonhoso é se permitir que
congressistas respondendo a processo ou sendo investigado pela Justiça, tudo a
evidenciar suspeita de infração legal e de quebra do decoro parlamentar, ainda
tenham a petulância de continuar nos exercícios dos cargos, como se nada
tivesse acontecido contra a dignidade que se exige dos homens públicos.
Nos países sérios e evoluídos democraticamente, a
mínima suspeição de irregularidade praticada por político já é motivo mais do
que suficiente para o imediato afastamento de suas funções públicas, eis que
fraudes, ilicitudes, corrupção não condizem com a dignidade e a moralidade, por
serem sinônimos da nobreza que o homem público tem dever primacial de
demonstrar no exercício de cargos públicos eletivos.
O certo é que o Brasil se encontra, indiscutivelmente,
na contramão da história da humanidade, por ainda se permitir que a classe
política se perpetue na vida pública, apesar das indignidades completamente
incompatíveis com a nobreza dos cargos que ocupam.
Cada fato lamentável protagonizado por político
suscita o veemente desejo de urgentes e profundas mudanças nas estruturas do
país, de modo que, pelo menos, os sistemas político-eleitorais sejam
reciclados, aperfeiçoados e modernizados, com a definitiva eliminação dos
obsoletos, arcaicos e ultrapassados hábitos e procedimentos que não mais se
justificam num país de povo sério e digno, que não merece, à toda evidência, a classe
política com seus defeitos em completa dissonância com os princípios de decoro,
moralidade, dignidade e probidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 19 de julho de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário