sábado, 25 de julho de 2015

Blasfêmia?

O Vaticano foi surpreendido com o presente dado pelo presidente da Bolívia ao papa, na sua recente visita àquele país Sul-americano, ao se descobrir que o objeto era representado por uma foice e um martelo adornados com o corpo de Jesus Cristo crucificado, que teria sido desenhado por um sacerdote jesuíta assassinado em 1980 e foi forte defensor dos direitos dos mineiros.
Na ocasião, a expressão do sumo pontífice foi de completa perplexidade quando o mandatário boliviano fez a entrega do incomum presente, que, a princípio, imaginava-se que o crucifixo com formato comunista tinha sido confeccionado sob encomenda do presidente socialista.
Como era de se esperar, a combinação do crucifixo com os símbolos do comunismo, uma doutrina sob a qual muitos cristãos foram perseguidos na antiga União Soviética e ainda são em alguns países comunistas, resultou em veemente repúdio por representantes da Igreja Católica, a exemplo de um bispo espanhol, que escreveu: "O cúmulo da soberba é manipular Deus a serviço de ideologias ateias".
Outros representantes da Igreja Católica e até políticos de oposição bolivianos repudiaram o ato e acusaram o presidente de seu país, o primeiro mandatário indígena, de se aproveitar da ocasião para expor sua ideologia anti-imperialista e provocar o papa e os católicos.
Trata-se de ato absolutamente desnecessário, em especial por ofender os simpatizantes do cristianismo com objeto de extrema incompatibilidade com a Igreja Católica, que deveria ter repudiado a insensibilidade do mandatário boliviano, por seu menosprezo ao verdadeiro sentido religioso dos cristãos católicos, que, com toda justiça, se sentiram ultrajados e envergonhados com presente que certamente não seria dado a autoridade representante de regime comunista, que simpatizam pela foice e pelo martelo, símbolos do regime do desrespeito aos direitos humanos e princípios democráticos.
Em que pese o representante de Deus na terra já ter dado mostras de simpatia ao regime comunista, por falar mal do capitalismo e do liberalismo, sem condenar explicitamente o comunismo, regime que é responsável pelo genocídio que supera muitas guerras, o presidente boliviano jamais poderia confundir isso com a autoridade máxima do cristianismo, cujos seguidores abominam, por princípios, o regime enaltecido pelo boliviano, em momento absolutamente inadequado.
Em se tratando de visita de cortesia do Santo Padre, o presidente socialista até que poderia ter se esforçado para conter a insensatez, completa falta de respeito e desmedida arrogância, o que teria evitado deixar o representante máximo da Igreja Católica em situação de bastante desconforto, ante a demonstração de inadequação dos saudáveis princípios da diplomacia internacional, que não toleram, em hipótese alguma, qualquer forma de desrespeito à liturgia do relevante cargo ocupado pelo chefe de Estado do Vaticano, como líder da igreja cujos princípios são antagônicos ao execrável regime comunista.
Em que pese o crucifixo comunista ter sido desenhado por um jesuíta franciscano, da mesma ordem à qual pertence o papa, que deve ter tido seus sustos de simpatia ao comunismo, isso não significa, em absoluto, que a Igreja Católica deva aceitar isso como natural e considerar normal que o símbolo do comunismo ande de braços dados com a imagem de Jesus Cristo crucificado, porque isso se parece com a sublimação da perversão dos sentimentos de amor, união, fé religiosa, paz, harmonia, fraternidade e tudo de generosidade pregados pelo Filho de Deus, em total contraposição ao regime nazifascista, que tem como princípios fundamentais a total perda dos direitos humanos e a proibição das liberdades de pensamento, expressão e individualidade, todos usurpados para o bem e a soberania absoluta do Estado.
Em atenção à preservação da harmonia, da paz, da fraternidade, da fé religiosa e do amor que devem imperar entre os seres humanos, em especial os seguidores e crédulos de Jesus Cristo, o presente entregue ao papa pelo presidente boliviano deveria simplesmente ter sido ignorado e desprezado, como forma de repúdio à prepotência, à falta de escrúpulo e ao desrespeito à dignidade da autoridade que representa, para os cristãos, os sentimentos de fé sobre os ensinamentos do Filho de Deus, quando se acredita que Ele representa os supracitados princípios de bondade e de elevação aos céus.
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 25 de julho de 2015

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