O Vaticano foi surpreendido com o presente dado
pelo presidente da Bolívia ao papa, na sua recente visita àquele país
Sul-americano, ao se descobrir que o objeto era representado por uma foice e um
martelo adornados com o corpo de Jesus Cristo crucificado, que teria sido desenhado
por um sacerdote jesuíta assassinado em 1980 e foi forte defensor dos direitos
dos mineiros.
Na ocasião, a expressão do sumo pontífice foi de
completa perplexidade quando o mandatário boliviano fez a entrega do incomum
presente, que, a princípio, imaginava-se que o crucifixo com formato comunista
tinha sido confeccionado sob encomenda do presidente socialista.
Como era de se esperar, a combinação do crucifixo
com os símbolos do comunismo, uma doutrina sob a qual muitos cristãos foram
perseguidos na antiga União Soviética e ainda são em alguns países comunistas,
resultou em veemente repúdio por representantes da Igreja Católica, a exemplo
de um bispo espanhol, que escreveu: "O
cúmulo da soberba é manipular Deus a serviço de ideologias ateias".
Outros representantes da Igreja Católica e até
políticos de oposição bolivianos repudiaram o ato e acusaram o presidente de
seu país, o primeiro mandatário indígena, de se aproveitar da ocasião para
expor sua ideologia anti-imperialista e provocar o papa e os católicos.
Trata-se de ato absolutamente desnecessário, em
especial por ofender os simpatizantes do cristianismo com objeto de extrema
incompatibilidade com a Igreja Católica, que deveria ter repudiado a
insensibilidade do mandatário boliviano, por seu menosprezo ao verdadeiro
sentido religioso dos cristãos católicos, que, com toda justiça, se sentiram
ultrajados e envergonhados com presente que certamente não seria dado a
autoridade representante de regime comunista, que simpatizam pela foice e pelo
martelo, símbolos do regime do desrespeito aos direitos humanos e princípios
democráticos.
Em que pese o representante de Deus na terra já ter
dado mostras de simpatia ao regime comunista, por falar mal do capitalismo e do
liberalismo, sem condenar explicitamente o comunismo, regime que é responsável pelo
genocídio que supera muitas guerras, o presidente boliviano jamais poderia
confundir isso com a autoridade máxima do cristianismo, cujos seguidores
abominam, por princípios, o regime enaltecido pelo boliviano, em momento
absolutamente inadequado.
Em se tratando de visita de cortesia do Santo
Padre, o presidente socialista até que poderia ter se esforçado para conter a
insensatez, completa falta de respeito e desmedida arrogância, o que teria
evitado deixar o representante máximo da Igreja Católica em situação de
bastante desconforto, ante a demonstração de inadequação dos saudáveis
princípios da diplomacia internacional, que não toleram, em hipótese alguma, qualquer
forma de desrespeito à liturgia do relevante cargo ocupado pelo chefe de Estado
do Vaticano, como líder da igreja cujos princípios são antagônicos ao execrável
regime comunista.
Em
que pese o crucifixo comunista ter sido desenhado por um jesuíta franciscano,
da mesma ordem à qual pertence o papa, que deve ter tido seus sustos de simpatia
ao comunismo, isso não significa, em absoluto, que a Igreja Católica deva
aceitar isso como natural e considerar normal que o símbolo do comunismo ande
de braços dados com a imagem de Jesus Cristo crucificado, porque isso se parece
com a sublimação da perversão dos sentimentos de amor, união, fé religiosa,
paz, harmonia, fraternidade e tudo de generosidade pregados pelo Filho de Deus,
em total contraposição ao regime nazifascista, que tem como princípios
fundamentais a total perda dos direitos humanos e a proibição das liberdades de
pensamento, expressão e individualidade, todos usurpados para o bem e a soberania
absoluta do Estado.
Em
atenção à preservação da harmonia, da paz, da fraternidade, da fé religiosa e
do amor que devem imperar entre os seres humanos, em especial os seguidores e
crédulos de Jesus Cristo, o presente entregue ao papa pelo presidente boliviano
deveria simplesmente ter sido ignorado e desprezado, como forma de repúdio à prepotência,
à falta de escrúpulo e ao desrespeito à dignidade da autoridade que representa,
para os cristãos, os sentimentos de fé sobre os ensinamentos do Filho de Deus,
quando se acredita que Ele representa os supracitados princípios de bondade e
de elevação aos céus.
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 25 de julho de 2015
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