quarta-feira, 29 de julho de 2015

Pensamento no poder

A cúpula do PMDB, liderada pelo vice-presidente da República e presidente do partido, anunciou, com ampla divulgação pelas redes sociais, em lançamento concorrido entre correligionários, que pretende ter candidatura própria, em 2018, para disputar o Palácio do Planalto.
Com isso, os peemedebistas estão decididos a pôr fim à aliança nacional com o PT, nos moldes atuais, que tem os petistas como cabeça de chapa e o PMDB como vice. Os peemedebistas alegam que é preciso "reconstruir" a legenda e apresentar "um novo projeto para mudar o Brasil".
A ideia da candidatura própria vem de longe, que agora é reforçada diante do momento conturbado sob o embalo das crises política, econômica e administrativa, que estão travando sensivelmente a governabilidade do país, em níveis críticos, a ponto de suscitarem articulações sobre possível impeachment da presidente do país.
O vice-presidente enfatizou que "Estamos abertos para todas as alianças, com todos os partidos. O que está sendo estabelecido é que o PMDB quer ser, digamos assim, cabeça de chapa em 2018".
O presidente do Senado Federal afirmou que "O PMDB tem uma aliança com o PT, uma aliança estratégica, circunstancial, porque ela deveria acontecer em torno de um programa, apenas de um programa, mas o PMDB, desde logo, está deixando claro, absolutamente claro, que vai ter um projeto de poder que vai ter um candidato competitivo a presidente da República".
Já o presidente da Câmara dos Deputados disse que "O PMDB faz parte de uma aliança, mas sabe que, em 2018, quer buscar o seu caminho, que não é com essa aliança. Temos o direito de disputar no eleitor as nossas ideias".
Um senador do PMDB ressaltou que o partido precisa se "reconstruir" e se "adaptar" ao momento político do país, pois "Queremos ser efetivamente a voz que falta à sociedade brasileira hoje, que muitas vezes não se sente representada".
A decisão de se divorciar do PT bem demonstra a gênese do DNA do PMDB de partido de índole extremamente fisiologista, que sempre se acomodou muito à vontade ao lado do governo petista, desde que ele assumiu o poder, para confortavelmente usufruir as benesses e as vantagens de principal participante das decisões nacionais, como fiel coadjuvante, porém, quando as condições políticas sinalizavam favoravelmente aos seus interesses.
Não obstante, diante do revés de toda ordem que o governo é obrigado a enfrentar, logo agora quando a canoa começa a fazer água, com grande possibilidade inclusive de impeachment da presidente, o PMDB é o primeiro partido a dizer que pula fora da coalizão de governabilidade, para tentar carreira solo, com o anúncio da sua independência exatamente quando as crises acenam para terríveis dificuldades de governabilidade do país, causando enorme gravidade para a manutenção da aliança, à vista das incertezas quanto à vitória nas urnas, nas próximas eleições, do partido governista.
Com certeza, é muito improvável que o PT obtenha sucesso na campanha presidencial, exatamente em razão do robustecimento da enorme impopularidade causada pela incompetência na administração do país, fruto das desastradas políticas de governo, que estão conduzindo a nação ao caos generalizado, que ainda conta com a terrível e incômoda participação da corrupção na gestão de recursos públicos, fato que passou a aumentar o explícito repúdio ao governo pela sociedade, que vem sofrendo as consequências do desgoverno e da má administração do país.
Os fatos mostram, com muita clareza, que a incompetência, a arraigada ganância pelo poder e a crônica e sistêmica corrupção conseguiram destruir o PT, mas não se pode olvidar, por inteira justiça, que o PMDB faz parte desse processo maléfico, tendo participado ativamente da bandalheira que arruinaram as estruturas do Estado brasileiro, mas agora pretende se passar por bom moço, como se não tivesse nada com isso, depois de ter se beneficiado e usufruído os bons dividendos, não aceitando, por pura esperteza política, participar do sepultamento de seu dileto aliado.
          Com certeza, o Brasil não merece essa classe política que somente pensa na satisfação de seus interesses e ainda pretende continuar dominando a política, por meios da própria independência.
É preciso se defender, com urgência, a renovação da classe política dominante, por ela ter conseguido mandar o país literalmente para o espaço sideral, graças ao apoio do povo desinformado sobre os homens públicos que têm total culpa pelo descalabro que vem contribuindo para empurrar o país em direção ao verdadeiro mar de lama.
Convém que os brasileiros cônscios sobre as graves crises que afetam impiedosamente as estruturas do país não apoiem os políticos com mentalidades deformadas, retrógradas e ultrapassadas, extremamente prejudiciais aos interesses da nacionalidade, por eles se preocuparem apenas em nutrir o permanente pensamento com foco exclusivamente em se manter no poder, como se o país fosse uma autêntica republiqueta e o seu povo não tivesse o direito à dignidade de poder ser governado por homens públicos compromissados com a satisfação das necessidades essenciais da população. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de julho de 2015

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