A
presidente da República declarou, quando foi empossada na sua primeira gestão,
em 1º de janeiro de 2011, que "a
luta mais obstinada" de seu governo seria "pela erradicação da pobreza extrema". Porém, ao término desse
mandato, constatou-se que houve elevação de 3,68% do total dos brasileiros
considerados miseráveis, passando de 10,081 milhões para 10,452 milhões, entre
2012 e 2013, sendo a primeira alta desde a chegada do PT ao poder, em 2003.
A
presidente demonstrou incapacidade para cumprir seu principal compromisso de
programa de governo, que foi exatamente aquele eleito por ela para ser
enaltecido nos palanques com o proposito de diferenciá-la de seus opositores.
Há
forte evidência de que, na sua segunda gestão presidencial, o seu desempenho,
nesse requisito particular de erradicação da pobreza extrema, não será nada
animador, porquanto os indicadores econômicos acenam para maiores e terríveis
dificuldades, bastante piorados em relação ao mandato anterior.
Os
números que mostravam a evolução da miséria extrema deveriam ter sido publicados
antes da eleição presidencial, em outubro de 2014, pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), responsável pelos estudos pertinentes, mas a
Secretaria de Assuntos Estratégicos decidiu adiar a divulgação, sob a esfarrapada
e insustentável alegação de que a legislação eleitoral proibia a divulgação de
dados que pudessem favorecer candidatos.
Impende
se observar que, na campanha de 2010, o governo deixou de lado pudor semelhante
a esse, quando o Ipea não fez a menor cerimônia para publicar dados estrondosos
noticiando notável redução da miséria extrema na gestão do então presidente
petista, os quais foram usados escancarada e reiteradamente na propaganda
eleitoral, obviamente em benefício da candidata oficial, sábia aproveitadora do
marketing em seu benefício.
Ainda
no último pleito eleitoral, a candidata à reeleição anunciou, em cadeia
nacional de rádio e televisão, que, "em
uma década, foram retirados 36 milhões de brasileiros da miséria",
dados esses que foram corrigidos mais tarde pelo próprio Ipea, que declarou que
a queda havia sido de apenas 8,4 milhões de pessoas, ou seja, bem menos de um
quarto do número alardeado para impressionar o eleitorado.
O
que causa perplexidade nas façanhas petistas é a sua presunção de que os
brasileiros são imbecis, quando alegam, sem o menor escrúpulo, a existência de
proibição em norma eleitoral, quando não há nada na lei de regência que impeça
órgãos do Estado de promover a divulgação de seus dados regulares no período da
campanha, fato que evidencia que o “zelo” alegado pelo governo não passou de
verdadeira manobra para se evitar a divulgação de dados prejudiciais aos seus
interesses políticos, obviamente por imposição ilegítima de seus marqueteiros.
O
certo é que, diante da eleição que se apresentava bastante apertada entre os
candidatos, tudo foi feito para se impedir que o eleitor conhecesse dados
comprometedores sobre o desempenho da gestão petista, notadamente acerca de
informações que pudessem desmentir a retórica e as mentiras da candidata
petista.
Em
que pese ser possível o combate à pobreza, tão alardeado com constância e de
forma exagerada pelos governos petistas, o fôlego da distribuição de renda não
se mantém ativo se não houver dinheiro para mantê-lo, mas a desastrada condução
da economia do atual governo pode comprometer o principal programa petista, que
tem sido a galinha dos ovos de ouro a garantir o seu projeto de perenidade no
poder.
Na
atualidade, a presidente deve conviver cercada de pesadelos se tiver algum
espaço para ela se recordar de suas palavras ditas por ocasião da sua posse na
Presidência em 2011, quando afirmou que "a superação da miséria exige prioridade na sustentação de um longo
ciclo de crescimento", tendo reconhecido, mais tarde, que "a inflação desorganiza a economia e degrada
a renda do trabalhador" e que não permitiria, "sob nenhuma hipótese, que essa praga volte a corroer nosso tecido
econômico e a castigar as famílias mais pobres".
À
toda evidência, as juras presidenciais estão indo de ladeira abaixo, à vista da
insistente teimosia da economia, que tomou o rumo contrário ao pensamento da
mandatária do país, graças às suas trágicas políticas de governo, que têm sido
incapazes e ineficientes para solucionar as graves questões que afetam a
administração do país e impõem enorme sacrifício para o povo que tem sido o
esteio político desse governo desacreditado.
É
lamentável que as estratégias maquiavelicamente orquestradas por marqueteiros
irresponsáveis, por manobrarem a realidade dos tatos, sejam capazes de mudar o
resultado da campanha eleitoral, em cristalina burla às normas aplicáveis à
espécie, mas, em explícita demonstração de falta de seriedade, porque, depois
das tragédias, ninguém é responsabilizado pelos atos ilegítimos e irreparáveis,
por terem o objetivo proposital de macular o sagrado desiderato das urnas, que
deveriam apenas ser purificadas com o voto, desejo do real aprimoramento dos
princípios democráticos, como forma de se contribuir para a construção da
dignidade e da nobreza que se exigem nos países desenvolvidos e honrados.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de julho de 2015
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