O Instituto Lula declarou, por meio de nota, que
foi surpreendido pela notícia sobre o inquérito aberto pela Procuradoria da
República no Distrito Federal para investigar a suspeita de participação do
ex-presidente da República petista em tráfico de influência internacional, com
a finalidade de favorecer a construtora baiana Odebrecht, uma das empreiteiras
investigadas na Operação Lava-Jato.
Na nota, o citado instituto manifestou o desejo de
que o Ministério Público esclareça ao país o real motivo de procedimento tão
contraditório.
Aquela entidade esclarece, também em nota, que a
abertura de inquérito se trata de procedimento "absolutamente irregular, intempestivo e injustificado, razão pela qual
serão tomadas as medidas cabíveis para corrigir essa arbitrariedade no âmbito
do próprio Ministério Público, sem prejuízo de outras providências
juridicamente cabíveis".
Ainda segundo o instituto, o ex-presidente petista é
alvo de um conjunto de manipulações e arbitrariedades com o evidente propósito
de criar constrangimentos e manchar, sob falsos pretextos, a imagem do maior
líder popular deste país, no Brasil e exterior.
Em princípio, em se tratando de o maior líder
popular, como assegura com plena convicção seu instituto, à luz do bom senso e
da racionalidade, haveria demonstração de humildade e compreensão se a
contestação fosse no sentido da sua harmonização com as medidas tendentes às
investigações de atos suspeitos, tendo em conta que não é, em absoluto, normal
que ex-presidente da República fique à disposição de empreiteira, mesmo sob o
argumento da prestação de palestras, cujas empreitadas tiveram como resultado
os financiamentos de obras sob a execução exatamente de quem patrocinou tais
palestras, havendo, nesse caso, forte suspeita de ligação promíscua entre o
ex-presidente, com prestígio internacional ressaltado por seu instituto, e a
construtora, que se beneficiou com os repasses de recursos para os países
visitados pelo petista, segundo rezam os fatos noticiados.
À toda evidência, causa enorme dificuldade para as
pessoas compreenderem exatamente como possa ser normal que ex-presidente de
país sério saia mundo afora fazendo palestra regiamente remunerada, sob os
auspícios de empreiteira, que logo depois se beneficia com a execução de obras
financiadas pelo governo brasileiro, que as banca para proveito do povo de
outros países, em detrimento dos brasileiros.
Embora
possa se tratar de procedimento "absolutamente
irregular", sob o prisma da entidade do ex-presidente, fica muito
claro que a dignidade do homem público precisa ser provada e ele poderá ser
aplaudido quando o resultado das investigações comprovar que as suspeitas não
foram confirmadas e isso somente contribui para respaldar a sua probidade e
honestidade, com relação aos atos que envolvam dinheiros dos contribuintes.
Nos
países desenvolvidos, qualquer denúncia é objeto da devida apuração e os
políticos são os primeiros interessados a exigirem que as investigações se
processem com imparcialidade e profundidade, justamente para que eles tenham a oportunidade
de mostrar, como forma de prestação de contas de seus atos, a lisura de suas
ações, quando estão envolvidos, no episódio, dinheiros públicos, que é o caso
em comento.
Enquanto
no país tupiniquim, ao contrário disso, os homens públicos se julgam acima de
tudo, de todos e das leis, como verdadeiros deuses absolutamente intocáveis,
que se acham vítimas e insuspeitos até mesmo de terem cometido algum deslize,
quanto mais de possível crime.
Há
enorme exposição de pobreza de mentalidade das pessoas que ainda se dispõem a
apoiar, de maneira até fanatizada, homens públicos com capacidade de pensamento
dissonante da realidade sobre os princípios político e democrático, em que eles
são obrigados à prestação de justificativas e de esclarecimentos detalhados e
minuciosos sobre seus atos, principalmente quando há o envolvimento de recursos
públicos, que é exatamente o caso questionado pelo Ministério Público, que
demonstra tão somente o seu fiel cumprimento da missão institucional de zelar
pela dignidade e integridade do patrimônio dos brasileiros, mediante as
investigações que se tornarem importantes para a preservação das instituições
públicas.
Urge
que a sociedade se conscientize sobre a importância de se apoiar as ações
efetivas e oportunas que se destinem às investigações de suspeitas sobre
irregularidades envolvendo dinheiros públicos, não importando a magnitude do
prestígio nem a importância da autoridade ínsita dos homens públicos, em razão
da primazia e prevalência do interesse público sobre as causas defendidas por
pessoas ou partidos políticos, como forma de valorização dos verdadeiros
princípios democrático e republicano. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de julho de 2015
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