Diante
dos impactos negativos causados com as prisões de petistas, inclusive de seu
ex-tesoureiro, e de importantes empresários, os líderes do PT reagiram ao que
eles estão chamando de escalada das ações da força tarefa da Operação Lava-Jato
para enquadrar o partido, que terá de conviver, queira ou não, com a
probabilidade de novas prisões envolvendo dirigentes da sua cúpula.
O
partido priorizou o debate sobre a atual conjuntura desfavorável, tendo a
cúpula concluído pela necessidade de centrar fogo nas ações do juiz federal responsável
pela condução da operação em causa, considerado no partido como coordenador
informal das investigações e magistrado “quase
sem limites”, nas ações que miram o PT.
Ante
a devassa causada com as apurações em curso, o PT considera imprescindíveis que
as investigações da citada operação sejam da exclusiva responsabilidade do
Supremo Tribunal Federal e o Conselho Nacional de Justiça seva ser alertado
sobre a existência de diversos fatos demonstrando contradição e imparcialidade
do juiz.
Para
a cúpula petista, mais do que combater a corrupção, os objetivos das
investigações não são somente para essa finalidade e apurar os desvios de
recursos da Petrobras, mas sobretudo para destruir o PT, tendo um petista afirmado
que “O PT é mais forte do que alguns palhaços
gritando pela cassação do registro do partido”, ao se referir às sugestões
de procuradores que atuam na Operação Lava-Jato e coordenam linha de
investigação que mira justamente o comportamento dos partidos diante do
escândalo.
Existe
consenso entre as lideranças petistas de que as investigações estão focalizando
o PT e livrando o PSDB, numa suposta politização direcionada, em que o juiz
teria instituído espécie de juizado de instrução, onde controla as etapas da
operação, em demonstração de ilegalidade que poderá servir de bom argumento
para levantar a suspeição do magistrado, uma vez que, pelas leis pátrias, o
juiz não pode participar de investigações e nem interferir na denúncia, por
serem atribuições constitucionais próprias, respectivamente, da polícia e do
Ministério Público.
Em
que pesem as escaramuças e as ameaças estapafúrdias petistas, contestando as
medidas adotadas corretas e apropriadamente pelo magistrado responsável pela
condução das investigações em questão, as interpretações e conclusões
precipitadas do PT, de que o juiz “transbordou”
os autos, agiu de forma “autoritária”
e se comporta, de forma parcial e com viés político, como se estivesse num
tribunal da “Santa Inquisição”, não
resultaram em absolutamente nada, eis os fatos levantados estão comprovando
cada vez mais e de forma robusta a veracidade das acusações sobre a deprimente
gestão petista na Petrobras, notadamente pelo aparelhamento da estatal e pela
ingerência do Palácio do Planalto, à luz do pronunciamento do ex-presidente da
República petista, que afirmou que tudo sabia sobre as operações
administrativas da petrolífera.
Um
líder petista ressaltou, em tom próprio de notável prepotência, que o PT nasceu
do embate, vai à luta e combate as acusações contra a sua honra, tendo
concluído, em exaltada reação, que “Estão
brincando com fogo e rasgando a Constituição”, naturalmente em alusão aos
responsáveis pelas magníficas, elucidativas e esclarecedoras investigações
sobre o affaire da Petrobras.
A
reação petista somente reacende os ânimos dos envolvidos com as investigações em
causa, quanto à necessidade da maior e cuidadosa intensificação na busca de
mais elementos para provar, de maneira cabal e definitiva, que as alegações e contestações
do PT são destituídas de cabimento, além de injustas, diante da sua umbilical vinculação
com os fatos que deram origem à indústria da propinagem no âmbito da Petrobras.
Causa
enorme perplexidade que o PT, que antes acusava seus adversários por engavetarem
processos e deixarem de investigar os fatos irregulares, esteja agora tentando censurar
e condenar, com argumentos pífios e frágeis, o trabalho da maior competência e
seriedade da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça Federal, em
razão de ter por principal alvo exatamente a gestão de seu governo, que tem sido
marcada pelo indecente sinete da corrupção.
A
tentativa de culpar o juiz, por agir, no dizer do PT, “quase sem limites” nas ações que miram o PT, tem a finalidade de
intimidação, com maior clareza ainda quando o partido entende que as
investigações da citada operação devam ser da exclusiva responsabilidade do
Supremo Tribunal Federal, onde a maioria de seus integrantes foi indicada pelo
governo petista, evidentemente sem que isso mereça qualquer juízo de valor
quanto à imparcialidade de suas atuações.
Não
tem o menor cabimento querer se atribuir culpa pela ruina do PT aos
responsáveis pelas investigações da operação em comento, principalmente ao juiz
que a dirige, uma vez que os fatos irregulares tiveram origem dentro do partido
do governo, que foi coadjuvado por partidos aliados, cabendo aos envolvidos
pelas falcatruas a assunção por suas culpas e responsabilidades, inclusive pelo
ressarcimento dos danos causados ao patrimônio público.
Compete
à sociedade, no âmbito do seu dever cívico, repudiar as alegações destituídas
de fundamento do PT contra a competente atuação dos responsáveis pela Operação
Lava-Jato, com destaque para o trabalho do juiz federal, e apoiar as precisas e
oportunas e pertinentes investigações, que têm a finalidade de apurar os fatos
irregulares que causaram bilhões de reais aos cofres da Petrobras, na
expectativa de que os resultados possam servir para a responsabilização dos
culpados, o ressarcimento dos prejuízos apurados e a depuração e prevenção das
práticas malévolas e prejudiciais ao patrimônio dos brasileiros. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de julho de 2015
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