Já
não se tem mais dúvida de que a corrupção na Petrobras já foi capaz de causar o
maior rombo na história republicana, que vai passar para a posteridade a
contabilização de um dos maiores danos causados aos acionistas da maior empresa
do país, com o registro de mais de seis bilhões de reais.
Até
pouco tempo, antes do governo petista, a estatal era o maior orgulho dos
brasileiros, por sua marca de competência operacional e financeira, chegando a
atingir a 12ª posição no ranking das empresas mundiais, por sua robusteza no
desempenho técnico-operacional, mas a decadência gerada pela corrupção a
catapultou terrivelmente para a 412ª posição e a empresa mais endividada do
planeta Terra, ou seja, o governo que se dizia exemplo de ética e de
competência foi capaz, em muito pouco tempo, quebrar uma das empresas mais
prósperas da face da terra.
As
gravíssimas denúncias de corrupção na estatal suscitaram investigações não
somente no Brasil, mas também em outros países, diante dos prejuízos causados a
investidores estrangeiros, que tentam na Justiça de seus países a recuperação dos
danos contabilizados contra eles.
Embora a então presidenciável, na campanha
eleitoral, não se cansasse de garantir que mandava apurar e punir os corruptos
no seu governo, por enquanto poucas foram as investigações realizadas no âmbito
da administração da Petrobras, mas nenhuma do governo, e nenhuma pessoa foi
presa por ordem da presidente.
Na verdade, até agora, as investigações sobre os
fatos irregulares da Petrobras estão sendo realizadas pela Polícia Federal,
pelo Ministério Público e pela Justiça Federal, ficando muito evidente que não
teriam apurado absolutamente nada caso dependesse da orientação do Palácio do Planalto,
considerando as intervenções feitas por ele para se evitar o prosseguimento das
investigações, que seriam certamente contrárias aos interesses do governo.
Embora as irregularidades sejam gravíssimas, porque
continuam prejudicando seriamente o patrimônio da Petrobras, em razão das
seguidas quedas de suas ações nos mercados nacionais e internacionais, diante
da continuidade das investigações, que ganham elasticidade a cada instante, tanto
aqui como no exterior, numa sequência sem fim, o governo continua arredio aos
acontecimentos, não assumindo a sua responsabilidade e o seu envolvimento com
as ilicitudes prejudiciais ao interesse dos acionistas.
Enquanto o governo não se dispuser a enfrentar a
crise de uma vez, a sangria na estatal não será estancada tão cedo, sendo
obrigada a contabilizar substanciais prejuízos patrimoniais, decorrentes da
queda de suas ações, pelas seguidas desvalorizações.
É lastimável que o governo não tenha a exata
percepção sobre a real gravidade dos fatos decorrentes das fraudes perpetradas
nos contratos celebrados pela estatal, que poderiam ter sido minoradas se ele
tivesse adotado alguma medida em demonstração de interesse para solucionar o
caos que perdura indefinidamente, com nítidos prejuízos para os interesses
nacionais.
Ao que se tem conhecimento, nenhuma medida efetiva
foi adotada diretamente pelo governo, que poderia, ao menos, ter constituído
grupo de trabalho interministerial, composto por especialistas de alto nível, com
conhecimento de auditoria e finanças, que teriam a função de investigar os
fatos com profundidade, tendo a vantagem da isenção de qualquer influência
interna ou externa da empresa, cuja medida teria demonstrado para a sociedade
pleno interesse da presidente do país em pôr fim a esse rumoroso episódio de
corrupção na administração pública, que se agigantou diante da incompetência para
combatê-la com medidas eficazes e eficientes, tendo, como consequência, ao
contrário do esperado, o chamamento para dentro do Palácio do Planalto da crise
de credibilidade contra o governo, que se encontra acuado justamente por não
ter tido a iniciativa de solucioná-la por seus próprios instrumentos.
Compete à sociedade protestar, com veemência, contra
a patente falta de capacidade do governo de resolver, tempestivamente, a crise
institucional com origem na corrupção da Petrobras, que tem sido causa de
enormes prejuízos para os interesses nacionais, à vista do seu reflexo no
desenvolvimento do país e nas condições de vida dos brasileiros, diante ainda
das enormes dificuldades na condução da economia, que também não deslancha
graças à inexistência de ações saudáveis ao momento das crises politica,
econômica e administrativa. Acorda, Brasil!
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ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de julho de 2015
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