terça-feira, 28 de julho de 2015

O conformismo com o perigo

Já não se tem mais dúvida de que a corrupção na Petrobras já foi capaz de causar o maior rombo na história republicana, que vai passar para a posteridade a contabilização de um dos maiores danos causados aos acionistas da maior empresa do país, com o registro de mais de seis bilhões de reais.
Até pouco tempo, antes do governo petista, a estatal era o maior orgulho dos brasileiros, por sua marca de competência operacional e financeira, chegando a atingir a 12ª posição no ranking das empresas mundiais, por sua robusteza no desempenho técnico-operacional, mas a decadência gerada pela corrupção a catapultou terrivelmente para a 412ª posição e a empresa mais endividada do planeta Terra, ou seja, o governo que se dizia exemplo de ética e de competência foi capaz, em muito pouco tempo, quebrar uma das empresas mais prósperas da face da terra.
As gravíssimas denúncias de corrupção na estatal suscitaram investigações não somente no Brasil, mas também em outros países, diante dos prejuízos causados a investidores estrangeiros, que tentam na Justiça de seus países a recuperação dos danos contabilizados contra eles.
Embora a então presidenciável, na campanha eleitoral, não se cansasse de garantir que mandava apurar e punir os corruptos no seu governo, por enquanto poucas foram as investigações realizadas no âmbito da administração da Petrobras, mas nenhuma do governo, e nenhuma pessoa foi presa por ordem da presidente.
Na verdade, até agora, as investigações sobre os fatos irregulares da Petrobras estão sendo realizadas pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pela Justiça Federal, ficando muito evidente que não teriam apurado absolutamente nada caso dependesse da orientação do Palácio do Planalto, considerando as intervenções feitas por ele para se evitar o prosseguimento das investigações, que seriam certamente contrárias aos interesses do governo.
Embora as irregularidades sejam gravíssimas, porque continuam prejudicando seriamente o patrimônio da Petrobras, em razão das seguidas quedas de suas ações nos mercados nacionais e internacionais, diante da continuidade das investigações, que ganham elasticidade a cada instante, tanto aqui como no exterior, numa sequência sem fim, o governo continua arredio aos acontecimentos, não assumindo a sua responsabilidade e o seu envolvimento com as ilicitudes prejudiciais ao interesse dos acionistas.
Enquanto o governo não se dispuser a enfrentar a crise de uma vez, a sangria na estatal não será estancada tão cedo, sendo obrigada a contabilizar substanciais prejuízos patrimoniais, decorrentes da queda de suas ações, pelas seguidas desvalorizações.
É lastimável que o governo não tenha a exata percepção sobre a real gravidade dos fatos decorrentes das fraudes perpetradas nos contratos celebrados pela estatal, que poderiam ter sido minoradas se ele tivesse adotado alguma medida em demonstração de interesse para solucionar o caos que perdura indefinidamente, com nítidos prejuízos para os interesses nacionais.
Ao que se tem conhecimento, nenhuma medida efetiva foi adotada diretamente pelo governo, que poderia, ao menos, ter constituído grupo de trabalho interministerial, composto por especialistas de alto nível, com conhecimento de auditoria e finanças, que teriam a função de investigar os fatos com profundidade, tendo a vantagem da isenção de qualquer influência interna ou externa da empresa, cuja medida teria demonstrado para a sociedade pleno interesse da presidente do país em pôr fim a esse rumoroso episódio de corrupção na administração pública, que se agigantou diante da incompetência para combatê-la com medidas eficazes e eficientes, tendo, como consequência, ao contrário do esperado, o chamamento para dentro do Palácio do Planalto da crise de credibilidade contra o governo, que se encontra acuado justamente por não ter tido a iniciativa de solucioná-la por seus próprios instrumentos.
Compete à sociedade protestar, com veemência, contra a patente falta de capacidade do governo de resolver, tempestivamente, a crise institucional com origem na corrupção da Petrobras, que tem sido causa de enormes prejuízos para os interesses nacionais, à vista do seu reflexo no desenvolvimento do país e nas condições de vida dos brasileiros, diante ainda das enormes dificuldades na condução da economia, que também não deslancha graças à inexistência de ações saudáveis ao momento das crises politica, econômica e administrativa. Acorda, Brasil!
 
          ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 28 de julho de 2015

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