segunda-feira, 20 de julho de 2015

A administração na berlinda?

Há quem defenda que as atuais crises política, econômica e administrativa são fruto da combinação entre a incontrolável, endêmica e sistêmica corrupção com o inescrupuloso e daninho sistema de financiamento de campanhas eleitorais.
Por seu turno, especialistas consideram que a matriz dessas crises é, induvidosamente, o incompreensível descaso da sociedade brasileira, notadamente com origem nas elites, que descuidam da formação de lideranças capacitadas para promover, de forma eficiente, o funcionamento do sistema representativo da democracia do país, que, na verdade, se encontra em estado caótico, com o mínimo de consistência política.
No contexto atual, ganha relevo a discussão, em grau bem acentuado, sobre o impeachment da presidente do país, cujo palco será propício para o aprofundamento das crises já instaladas no governo, principalmente política, diante da insatisfação que se ampliará entre congressistas e os partidos aliados.
O certo é que há enorme probabilidade de a mandatária do país ser submetida ao inevitável e dramático processo do impeachment, diante da conjuntura altamente desfavorável ao seu governo, que só consegue contabilizar fatos desagradáveis, que contribuem para dimensionar as crises já conhecidas, decorrentes principalmente do descarrilamento do trem da economia, coadjuvadas pelos fatos lastimáveis da corrupção, cujas questões estão longe do desejado saneamento, à vista da visível incapacidade gerencial para lidar com as crises criadas pela incompetência do governo.
Certamente que ainda não foi possível a caracterização de fato específico para se imputar a participação direta da petista nos fatos malévolos da sua gestão, como prova incontestável que implicasse o inevitável impeachment dela, capitulado com base em argumentos jurídicos sólidos.
Há, sim, as malsinadas “pedaladas fiscais”, que ocorreram à revelia dos rigores das normas constitucionais e legais aplicáveis à espécie, e das doações de campanha, com suspeitas da sua origem ilícita, por terem sido repassadas depois da efetivação de fraudes decorrentes da execução de contratos celebrados pela Petrobras, cujos fatos podem se refletir na ameaça constrangedora do afastamento da presidente do Palácio do Planalto, por infringência à legislação eleitoral.
Diante desse desastrado e tenebroso quadro administrativo, a presidente terá enorme dificuldade para assegurar apoio político no Congresso Nacional, que se acha visivelmente fragmentado e desarrumado, em razão do envolvimento de parlamentares nas investigações da Operação Lava-Jato, muitos dos quais se mostram visivelmente contrafeitos e insatisfeitos contra o governo, que teria sido incapaz de controlar a ferocidade das eficientes e produtivas ações da Polícia Federal, nas investigações promovidas pela supracitada operação.
Não há dúvida de que ainda há enorme complicador no tormentoso e nada alentador caminho a ser percorrido pela mandatária brasileira, no curso da sua gestão, à vista dos vertiginosos riscos do país, advindos da sua cambaleante e apática economia, que dá forte sinal de inevitável recessão, com graves reflexos no desemprego, na diminuição da renda dos trabalhadores, na arrecadação de tributos, na inexistência de investimentos em obras e, enfim, na falta de perspectivas de desenvolvimento, fatos que certamente contribuem para inflamar ainda mais o clamoroso processo de impeachment, que até poderia ser benéfico para a nação, à vista da completa falta de credibilidade quanto à retomada de ações positivas por parte do governo.
No momento, os fatos evidenciam que os indicadores gerados e emanados do Palácio do Planalto são bastante desanimadores, por terem a marca carimbada e registrada da incapacidade de iniciativas adequadamente estruturadas para o preciso combate às precariedades e mazelas originadas nas políticas incompatíveis com os interesses nacionais.
Diante da situação de extrema delicadeza politico-administrativa, compete à sociedade, sob o prisma da sua responsabilidade cívica e patriótica, repudiar, com entusiasmo, o conjunto de ações governamentais visivelmente prejudiciais ao interesse dos brasileiros, que estão sendo duramente sacrificados com as trapalhadas medidas e ações adotadas na administração do país, notadamente com viés danosos à melhoria das condições de vida do povo e ao desenvolvimento da nação, a par de propugnar no sentido de que os governantes tenham sensibilidade para a percepção da gravidade das crises e se esforcem ao máximo na busca das melhores soluções para as questões em apreço. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 20 de julho de 2015

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