Há quem defenda que as atuais crises política,
econômica e administrativa são fruto da combinação entre a incontrolável,
endêmica e sistêmica corrupção com o inescrupuloso e daninho sistema de
financiamento de campanhas eleitorais.
Por seu turno, especialistas consideram que a
matriz dessas crises é, induvidosamente, o incompreensível descaso da sociedade
brasileira, notadamente com origem nas elites, que descuidam da formação de
lideranças capacitadas para promover, de forma eficiente, o funcionamento do
sistema representativo da democracia do país, que, na verdade, se encontra em
estado caótico, com o mínimo de consistência política.
No contexto atual, ganha relevo a discussão, em
grau bem acentuado, sobre o impeachment da
presidente do país, cujo palco será propício para o aprofundamento das crises
já instaladas no governo, principalmente política, diante da insatisfação que
se ampliará entre congressistas e os partidos aliados.
O certo é que há enorme probabilidade de a mandatária
do país ser submetida ao inevitável e dramático processo do impeachment, diante da conjuntura altamente
desfavorável ao seu governo, que só consegue contabilizar fatos desagradáveis,
que contribuem para dimensionar as crises já conhecidas, decorrentes
principalmente do descarrilamento do trem da economia, coadjuvadas pelos fatos
lastimáveis da corrupção, cujas questões estão longe do desejado saneamento, à
vista da visível incapacidade gerencial para lidar com as crises criadas
pela incompetência do governo.
Certamente que ainda não foi possível a
caracterização de fato específico para se imputar a participação direta da
petista nos fatos malévolos da sua gestão, como prova incontestável que implicasse
o inevitável impeachment dela,
capitulado com base em argumentos jurídicos sólidos.
Há, sim, as malsinadas “pedaladas fiscais”, que
ocorreram à revelia dos rigores das normas constitucionais e legais aplicáveis
à espécie, e das doações de campanha, com suspeitas da sua origem ilícita, por
terem sido repassadas depois da efetivação de fraudes decorrentes da execução
de contratos celebrados pela Petrobras, cujos fatos podem se refletir na ameaça
constrangedora do afastamento da presidente do Palácio do Planalto, por
infringência à legislação eleitoral.
Diante desse desastrado e tenebroso quadro administrativo,
a presidente terá enorme dificuldade para assegurar apoio político no Congresso
Nacional, que se acha visivelmente fragmentado e desarrumado, em razão do
envolvimento de parlamentares nas investigações da Operação Lava-Jato, muitos
dos quais se mostram visivelmente contrafeitos e insatisfeitos contra o governo,
que teria sido incapaz de controlar a ferocidade das eficientes e produtivas
ações da Polícia Federal, nas investigações promovidas pela supracitada operação.
Não há dúvida de que ainda há enorme complicador no
tormentoso e nada alentador caminho a ser percorrido pela mandatária brasileira,
no curso da sua gestão, à vista dos vertiginosos riscos do país, advindos da sua
cambaleante e apática economia, que dá forte sinal de inevitável recessão, com graves
reflexos no desemprego, na diminuição da renda dos trabalhadores, na arrecadação
de tributos, na inexistência de investimentos em obras e, enfim, na falta de perspectivas
de desenvolvimento, fatos que certamente contribuem para inflamar ainda mais o clamoroso
processo de impeachment,
que até poderia ser benéfico para a nação, à vista da completa falta de
credibilidade quanto à retomada de ações positivas por parte do governo.
No momento, os fatos
evidenciam que os indicadores gerados e emanados do Palácio do Planalto são bastante
desanimadores, por terem a marca carimbada e registrada da incapacidade de
iniciativas adequadamente estruturadas para o preciso combate às precariedades
e mazelas originadas nas políticas incompatíveis com os interesses nacionais.
Diante da situação de
extrema delicadeza politico-administrativa, compete à sociedade, sob o prisma
da sua responsabilidade cívica e patriótica, repudiar, com entusiasmo, o
conjunto de ações governamentais visivelmente prejudiciais ao interesse dos
brasileiros, que estão sendo duramente sacrificados com as trapalhadas medidas e
ações adotadas na administração do país, notadamente com viés danosos à melhoria
das condições de vida do povo e ao desenvolvimento da nação, a par de propugnar
no sentido de que os governantes tenham sensibilidade para a percepção da gravidade
das crises e se esforcem ao máximo na busca das melhores soluções para as
questões em apreço. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de julho de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário