quarta-feira, 1 de julho de 2015

Indignação com as acusações?

O ministro da Comunicação Social, que foi o tesoureiro da última campanha à reeleição da petista, disse que estava "indignado" com as acusações feitas pelo presidente da UTC, em delação premiada, quando ele teria apontado repasses irregulares à campanha pela reeleição da presidente da República. O ministro, para variar, assegurou que toda a arrecadação eleitoral do comitê da petista foi feita dentro da legalidade. 
O tesoureiro declarou que "Me causa indignação que o meu nome tenha sido envolvido em uma delação premiada. Me causa indignação o vazamento seletivo dessa delação premiada e me causa indignação a construção da tese de criminalização, também seletiva, das doações da nossa campanha, quando outras campanhas também receberam doações semelhantes, com o mesmo caráter. Eu jamais tive qualquer diálogo que não fosse o diálogo que o tesoureiro de campanha tem, como os demais tesoureiros tiveram com ele (Pessoa). Ao longo da trajetória, nenhum empresário fez qualquer afirmação que insinuasse que os meus diálogos não tivessem ocorrido dentro da legalidade, com lisura e transparência".
Em defesa da legitimidade das doações, o petista ressaltou ainda que as contas da última campanha foram "rigorosamente auditadas e aprovadas por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)” e que as contribuições feitas pela UTC representam "apenas 2%" do total arrecadado na reeleição da petista.
Ele asseverou que "Eu jamais tive qualquer diálogo com esse empresário que não fosse o diálogo que o tesoureiro de campanha tem, como os demais tesoureiros tiveram com ele. O que ele pactuou foram doações legais, dentro da legalidade".
O ministro considerou absurdo o que chamou de "vazamentos seletivos" do depoimento e disse que vai constituir advogado e pedir acesso à delação premiada em causa.
Em conclusão, ele disse "Se confirmado o conteúdo divulgado pela imprensa - caso se confirmem as mentiras divulgadas -, eu tomarei as medidas judiciais em defesa da minha honra. O que farão cessar os benefícios decorrentes de uma delação premiada que não expressa as verdades dos fatos.".
Não há a menor dúvida de que o ministro tem todo direito de estrebuchar, por ter vindo à tona mais confirmação sobre o lamaçal petista de sem-vergonhice que vem causando desonra aos brasileiros, que a todo instante ficam sabendo de mais falcatruas e irregularidades causadas por quem tem a obrigação constitucional e legal de dignificar a liturgia dos cargos públicos galgados por meio de eleições, que deveriam servir para respaldar a dignidade e a honradez dos homens públicos.
No dizer do ministro, não é lícito que a deleção premiada sirva para se dizer a verdade dos fatos, em se tratando da revelação de artifício tramado sob o manto da ilegitimidade, que deveria ter ficado em segredo entre os interessados, ou seja, a UTC e o partido do governo, porque ambos se beneficiaram com a indignidade perpetrada com o envolvimento de dinheiro de origem espúria, em que a empresa tinha a garantia da contratação pelo Estado, por preços superfaturados, e o partido participava normalmente do repasse do dinheiro sujo, fruto da corrupção, que realmente não deveria fazer parte da delação premiada, para não comprometer a “dignidade” do ministro, que teria, segundo ele, agido dentro da legalidade, naturalmente na legitimidade instituída pelo próprio partido governista, que não ver nenhuma ilegitimidade que dinheiro proveniente de fraude contratual dentro do próprio governo se transforme em moeda válida.
É evidente que as afirmações do ministro se respaldam no esdrúxulo beneplácito do Tribunal Superior Eleitoral, que tem se pronunciado até agora pela regularidade das prestações de contas dos partidos participantes de esquemas de corrupção para desviar recursos públicos, quando a sua missão constitucional exige que ele seja o principal agente do Estado, no âmbito da Justiça Eleitoral, para controlar, fiscalizar e impedir que partidos políticos ou ho0mens públicos fiquem utilizando dinheiros, públicos ou privados, de origem irregular para financiamentos de campanhas eleitorais, em verdadeira afronta aos princípios da legalidade e da dignidade que devem imperar na administração pública. 
Ao invés de rebater, repudiar e ameaçar com palavras vãs os depoimentos da delação premiada, que pode ter fundo de muita verdade, por ser o que se exige legalmente em casos que tais, o ministro petista tem a obrigação constitucional e legal de apresentar à sociedade e à Justiça, principalmente, elementos probantes da sua inocência e da ausência de culpa da candidata petista nesse imbróglio, que, de forma esperta e maquiavélica, transferiu a responsabilidade do caso para o seu tesoureiro de campanha, como se ela não fosse a principal beneficiária dos recursos enlameados pela corrupção, mesmo que em apenas alguns minguados reais, conforme, em desdém, esclarece o ministro, que disse que as contribuições da UTC representam "apenas 2%" do total arrecadado na reeleição da petista.
Não obstante, o tesoureiro petista preferiu desconstruir, agora, depois dos depoimentos reveladores dos fatos irregulares e comprometedores, a pessoa do executivo, antes honradíssima, enquanto fazia as generosas doações para o financiamento da campanha da petista, não importando nem um pouco quanto à origem delas e muito menos a honradez do seu doador, que agora não passa de reles delator, sem moral.
A sociedade precisa se conscientizar, com urgência, sobre a forma espúria e inescrupulosa como se constrói governo neste país, nos últimos tempos, sob a égide da indignidade e do menosprezo aos princípios fundamentais da moralidade e legalidade, como relevam à saciedade os depoimentos constantes das investigações da Operação Lava-Jato, em verdadeiro engodo à população deformada pela crendice em plano de governo alicerçado em promessas mentirosas, tendo como propósito a satisfação de interesses pessoais e partidários, em cristalino e indiscutível projeto político de destruição das causas nacionais e dos brasileiros. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 1º de julho de 2015

Um comentário:

  1. É verdade meu amigo!!!
    É preciso cuidar de uma coisa preciosa chamada CARÁTER. Isso vale para pessoas e instituições.
    O que nós somos hoje veio recebendo seus contornos ao longo de nossa formação.
    De um modo mais amplo, CARÁTER é o que fazemos sem pensar (reações) ou pensando muito (decisões), mesmo que ninguém esteja vendo. É o que somos (bons ou maus) e o que fazemos (bem ou mal).
    De um modo mais específico, no entanto, CARÁTER é um modo virtuoso de viver, mesmo que ninguém esteja vendo. Quem procura fazer o bem não o faz motivado pelos aplausos humanos.
    Tem a ver com ética, que é o jeito socialmente aceito de vivermos no mundo, e tem a ver com moral, que é o compromisso de fazer o que é certo, não importam os valores que estejam de plantão.
    Ter caráter é ter um bom caráter. Ter caráter é ter um compromisso com o bem-estar do outro. Ter caráter é viver para que o mundo seja justo. Ter caráter é estar disposto a praticar a transparência da verdade, dita e vivida em amor.Ter caráter é ser honesto. Ter caráter é desejar viver de modo virtuoso. Ter caráter é ser bom e isto não muda com o tempo ou com o lugar. Ter caráter é buscar viver de modo verdadeiro, nobre, correto, puro, amável e excelente, conforme lemos na Bíblia em Filipenses 4.8.
    Nosso caráter é o nosso maior tesouro. Precisamos cuidar dele.
    O que os fatos presentes, nessa política que aí está, nos faz constatar, é que esta é a crise maior. Ela tem um nome. Chama-se CARÁTER.

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