Após a presidente do país ter desafiado a oposição
a tirá-la do cargo, o PMDB aproveitou o fato para encenar aproximação com o
PSDB, o que deixou o quadro político conturbado e o futuro do governo cada vez
mais incerto.
Os acenos dos peemedebistas aos adversários do
governo ocorreram logo em seguida à defesa do presidente do tucanato pela
interrupção do mandato da presidente petista e a imediata realização de nova
eleição.
O vice-presidente da República, que é o presidente
do PMDB e responsável pela articulação política do governo, contestou a ideia defendida
pela presidente do país e pelo PT de que a estratégia tucana é “golpista”, como
ela teria insinuado na entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo.
O vice-presidente afirmou que “Não devemos discutir esse tema (troca de acusações). A oposição existe também para ajudar a
governar, mesmo quando critica. Temos que fazer uma grande unidade nacional,
mais do que nunca, é necessário o pensamento conjugado dos vários setores da
nacionalidade, portanto, dos vários partidos políticos, para que caminhemos
juntos em benefício do Brasil. Não vale a pena levar adiante essas discussões”.
O certo é que líderes do PMDB procuraram
integrantes da cúpula do PSDB para sondá-los sobre eventual apoio dos tucanos
no caso de o vice-presidente assumir o comando do governo. O ex-presidente da
República tucano foi o primeiro a ser procurado por um integrante da Executiva
Nacional do PMDB para saber sobre a possibilidade de uma aliança informal neste
momento. Segundo um peemedebista que presenciou os contatos, o tucano-mor teria
dito que apoiaria a coalizão em torno do vice-presidente.
Um interlocutor foi bastante enfático, ao afirmar
que “O agravamento da crise econômica e o
aprofundamento das investigações obriga os partidos que têm alguma perspectiva
de poder a avaliar cenários. Isso não significa que estejamos preparando um
golpe. Se houver renúncia ou impeachment a governabilidade só vai se
restabelecer se houver um grande acordo. É isso que está sendo avaliado por
todos os partidos”.
Ao que tudo indica, as articulações para possível
composição política após o governo petista pode se intensificar à medida que as
crises política, econômica e administrativa se consolidam e deixam a presidente
do país cada vez mais isolada nos intrincados labirintos da politicagem, que
permitem as mudanças de direções tão somente ao sabor das conveniências
políticas, à vista da intensificação dos fatos políticos surgidos no curso do
segundo mandato da petista.
É indiscutível que a presidente da República tem
pleno direito de rechaçar as acusações que são feitas contra a administração do
seu governo, que, aliás, são da maior gravidade, notadamente pelo fato de o
Brasil ter sido conduzido, sob a liderança dela, para os piores precipícios
econômico, político, moral, administrativo e democrático dos últimos tempos, e
ainda haver a demonstração de total incapacidade, por parte do governo, para
encontrar os meios necessários à retomada do rumo do crescimento.
A verdade é que o país não pode continuar acéfalo,
sendo administrado de forma temerária e desastrosa, em que a inflação detona os
preços, corroendo terrivelmente os salários dos trabalhadores; os juros
reduzindo os créditos, o consumo e os investimentos; o desemprego crescendo mês
a mês; as contas públicas em pleno descontrole, ultrapassando os limites
prudenciais de que trata a Lei de Responsabilidade Fiscal, que não é mais
respeitada pela primeira vez desde o seu advento; as dívidas públicas
aumentando descontroladamente por meio das elevações dos juros; a arrecadação
se tornando escassa; os investimentos já não existem mais; as obras públicas se
transformando em meras promessas, em razão da falta de verbas; e, enfim, a
administração do país se confunde, na atualidade com verdadeiro caos,
exatamente por força da incompetência e da ineficiência gerenciais, que se
instalaram no governo.
Além dessas precariedades, o governo se mostra completamente
dominado pelas espúrias coalizões de governabilidade, que somente o apoia se
houver liberação de emendas parlamentares e concessões de cargos públicos, em visível
desmoralização dos princípios da dignidade, moralidade e nobreza que devem
imperar na administração pública.
É indiscutível que a gestão pública brasileira se
encontra no pior pedestal que um país sério jamais aspiraria para o seu povo,
que foi tratado com total indiferença por ocasião da última campanha eleitoral,
quando a candidata oficial utilizou maquiavelicamente os expedientes da mentira
e da sonegação de informações corretas sobre a falência do seu governo para conseguir
a reeleição.
O
governo cônscio da sua responsabilidade sobre o zelo e a integridade do
patrimônio de seu povo jamais teria condições, no atual estágio brasileiro, de
defender a sua permanência no cargo, à vista das precariedades, da visível
falta de apoio da sociedade, ante a ridícula aprovação de menos de dez por cento,
dos políticos e até mesmo da sua base de sustentação, em indiscutível falta de
condições de governabilidade, justamente pela inexistência de credibilidade,
sem a qual as dificuldades somente hão de aumentar em escala ainda mais
prejudicial aos interesses nacionais. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de julho de 2015
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