sábado, 18 de julho de 2015

Interrupção do mandato?

Após a presidente do país ter desafiado a oposição a tirá-la do cargo, o PMDB aproveitou o fato para encenar aproximação com o PSDB, o que deixou o quadro político conturbado e o futuro do governo cada vez mais incerto.
Os acenos dos peemedebistas aos adversários do governo ocorreram logo em seguida à defesa do presidente do tucanato pela interrupção do mandato da presidente petista e a imediata realização de nova eleição.
O vice-presidente da República, que é o presidente do PMDB e responsável pela articulação política do governo, contestou a ideia defendida pela presidente do país e pelo PT de que a estratégia tucana é “golpista”, como ela teria insinuado na entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo.
O vice-presidente afirmou que “Não devemos discutir esse tema (troca de acusações). A oposição existe também para ajudar a governar, mesmo quando critica. Temos que fazer uma grande unidade nacional, mais do que nunca, é necessário o pensamento conjugado dos vários setores da nacionalidade, portanto, dos vários partidos políticos, para que caminhemos juntos em benefício do Brasil. Não vale a pena levar adiante essas discussões”.
O certo é que líderes do PMDB procuraram integrantes da cúpula do PSDB para sondá-los sobre eventual apoio dos tucanos no caso de o vice-presidente assumir o comando do governo. O ex-presidente da República tucano foi o primeiro a ser procurado por um integrante da Executiva Nacional do PMDB para saber sobre a possibilidade de uma aliança informal neste momento. Segundo um peemedebista que presenciou os contatos, o tucano-mor teria dito que apoiaria a coalizão em torno do vice-presidente.
Um interlocutor foi bastante enfático, ao afirmar que “O agravamento da crise econômica e o aprofundamento das investigações obriga os partidos que têm alguma perspectiva de poder a avaliar cenários. Isso não significa que estejamos preparando um golpe. Se houver renúncia ou impeachment a governabilidade só vai se restabelecer se houver um grande acordo. É isso que está sendo avaliado por todos os partidos”.
Ao que tudo indica, as articulações para possível composição política após o governo petista pode se intensificar à medida que as crises política, econômica e administrativa se consolidam e deixam a presidente do país cada vez mais isolada nos intrincados labirintos da politicagem, que permitem as mudanças de direções tão somente ao sabor das conveniências políticas, à vista da intensificação dos fatos políticos surgidos no curso do segundo mandato da petista.
É indiscutível que a presidente da República tem pleno direito de rechaçar as acusações que são feitas contra a administração do seu governo, que, aliás, são da maior gravidade, notadamente pelo fato de o Brasil ter sido conduzido, sob a liderança dela, para os piores precipícios econômico, político, moral, administrativo e democrático dos últimos tempos, e ainda haver a demonstração de total incapacidade, por parte do governo, para encontrar os meios necessários à retomada do rumo do crescimento.
A verdade é que o país não pode continuar acéfalo, sendo administrado de forma temerária e desastrosa, em que a inflação detona os preços, corroendo terrivelmente os salários dos trabalhadores; os juros reduzindo os créditos, o consumo e os investimentos; o desemprego crescendo mês a mês; as contas públicas em pleno descontrole, ultrapassando os limites prudenciais de que trata a Lei de Responsabilidade Fiscal, que não é mais respeitada pela primeira vez desde o seu advento; as dívidas públicas aumentando descontroladamente por meio das elevações dos juros; a arrecadação se tornando escassa; os investimentos já não existem mais; as obras públicas se transformando em meras promessas, em razão da falta de verbas; e, enfim, a administração do país se confunde, na atualidade com verdadeiro caos, exatamente por força da incompetência e da ineficiência gerenciais, que se instalaram no governo.
Além dessas precariedades, o governo se mostra completamente dominado pelas espúrias coalizões de governabilidade, que somente o apoia se houver liberação de emendas parlamentares e concessões de cargos públicos, em visível desmoralização dos princípios da dignidade, moralidade e nobreza que devem imperar na administração pública.
É indiscutível que a gestão pública brasileira se encontra no pior pedestal que um país sério jamais aspiraria para o seu povo, que foi tratado com total indiferença por ocasião da última campanha eleitoral, quando a candidata oficial utilizou maquiavelicamente os expedientes da mentira e da sonegação de informações corretas sobre a falência do seu governo para conseguir a reeleição.
          O governo cônscio da sua responsabilidade sobre o zelo e a integridade do patrimônio de seu povo jamais teria condições, no atual estágio brasileiro, de defender a sua permanência no cargo, à vista das precariedades, da visível falta de apoio da sociedade, ante a ridícula aprovação de menos de dez por cento, dos políticos e até mesmo da sua base de sustentação, em indiscutível falta de condições de governabilidade, justamente pela inexistência de credibilidade, sem a qual as dificuldades somente hão de aumentar em escala ainda mais prejudicial aos interesses nacionais. Acorda, Brasil!                              
 
          ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 18 de julho de 2015

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