quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Esforço para criminalização?


A vida é aquilo que acontece enquanto planejamos o futuro”. John Lennon

O petista ex-presidente da República, cada vez mais encurralado com as revelações sobre seu envolvimento com fatos suspeitos de irregulares, à vista dos resultados das investigações objeto das Operações Lava-Jato e Zelotes, decidiu reforçar seu staff de defensores, tendo contratado famoso criminalista.
Segundo correligionários, o ex-presidente “tomou consciência de que algo mais grave pode acontecer”, diante da constância das citações do nome dele em fatos investigados pela Operação Lava-Jato.
Até agora, o petista sempre usa a surrada retórica de servir de alvo de perseguição por setores da Justiça, pela imprensa e oposição, como forma de minar a sua imagem, com denúncias sobre fatos atribuídos a ele, de modo a criar dificuldades para a sua candidatura ao Palácio do Planalto, em 2018.
O novo criminalista assegurou que irá trabalhar de graça para o petista e terá a função de adensar, de forma técnica, a defesa do ex-presidente, nos casos que se tornarem corriqueiros. Será se alguém vai acreditar que o advogado vai trabalhar de graça, salvo se ainda ele tiver a pretensão de ser ministro do Supremo Tribunal Federal?
O advogado disse que “Há um esforço para criminalização do ex-presidente”, dando a entender, de forma onipotente, que ele se encontrasse acima de tudo e da lei e ainda estivesse imune a investigação e a acusação, estando a salvo sobre qualquer suspeita seus atos como homem público, que não pratica impropriedade, quando, no Estado Democrático de Direito, a transparência é princípio altamente benefício ao aperfeiçoamento da verdade e da democracia, à vista da possibilidade do exercício da ampla defesa e do contraditório, nos casos de envolvimento em casos irregulares.  
Na avaliação de um experimentado analista de crises, ao contratar advogado criminalista, o petista tenta, preventivamente, evitar “o ambiente criado para a prisão de Lula”, cujos contornos ganham forma à medida das revelações oriundas de delações premiadas.
Quem acreditou que esse senhor seria o salvador da pátria, capaz de livrar o Brasil dos corruptos e dos políticos inescrupulosos, como ele garantia como plataforma de poder, apenas se decepcionou redondamente com a enorme farsa construída sob a égide de exclusivo projeto de absoluta dominação da classe política e da perenidade no poder, sobretudo com a promoção dos privilégios para a casta formada ao seu círculo de apoiadores ou de aliados, normalmente constituídos sob alianças espúrias e interesseiras, com clara exploração do emprego de métodos que usurparam os princípios da dignidade e da decência nas atividades político-partidárias, conforme mostram com muita clareza os fatos do cotidiano.
Enquanto pôde, o petista foi pródigo em disseminar a arrogância, prepotência e onipotência, sempre privilegiando os interesses pessoais e partidários, sem renegar a classe pobre, que foi generosamente “beneficiada” com a distribuição de renda, como forma da diversificação de mil bolsas, com o sábio e eficiente viés populista e eleitoreiro, de modo a assegurar sustentabilidade e consistência ao seu importante projeto de poder, conforme mostram os resultados das eleições, amplamente favoráveis, em especial, aos candidatos de seu partido.
Se o todo-poderoso fosse realmente herói de verdade e se comportasse com conduta exemplar e ilibada, acima de qualquer suspeita, certamente que ele não se cercava, de forma cautelar e preventiva, dos melhores e mais caros causídicos, pagos a peso de ouro, para garantir sua defesa nos tribunais, bastaria dizer a verdade e comprovar que as acusações são inconsistentes.
Diante da evolução das investigações, os fatos mostram que a administração pública foi tomada por onda avassaladora de maus políticos, a ensejar que os brasileiros implorem por justiça contra os desmandos, de modo que sejam apurados com profundidade os fatos inquinados de irregulares, imputadas responsabilidades aos culpados e exigida reparação dos prejuízos causados ao erário, como maneira de acabar com o círculo vicioso da impunidade que grassa no país e tem sido o câncer tenebroso a incomodar, de forma permanente, a sociedade, que tem sido cúmplice com as organizações criminosas que promovem a dilapidação do patrimônio da nação, por conceder seu apoio, com seu voto, aos maus homens públicos.
O momento nacional, com altas autoridades do mundo político sendo obrigadas a contratarem juristas para a sua defesa, oferece enorme contribuição à sociedade, como verdadeira lição, no sentido de que é premente a necessidade de avaliação sobre a completa mudança da imutabilidade da classe política, que já se exauriu, com fundamento nos seus velhos, arcaicos, obsoletos e prejudiciais métodos de cunho populista contrários aos interesses dos brasileiros.
Espera-se que os brasileiros se conscientizem de que o modelo de política implantado pelo PT, diante dos resultados trágicos e desastrosos que estão ai, precisa ser mudado, com urgência, principalmente no sentido de se conceder oportunidades para as novas gerações de lideranças, de modo que os homens públicos, com passado enodoado por eternas suspeições sobre o ferimento dos princípios da dignidade e da moralidade nas atividades públicas, sejam varridos em definitivo das atividades político-partidárias.      
A verdade é que a Justiça não criminaliza ninguém se não houver causa ou motivo para fundamentá-la, fato que contribui para se inferir que o petista age precipitadamente ao se cercar de grandes juristas para se defender, salvo se ele tem fundados motivos para se preocupar ou medo de que a verdade venha à tona.
O ex-presidente, ao que tudo indica, com a contratação de novo advogado, certamente deve ter muito motivo para a defesa, à luz dos fatos que estão se tornando ostensivos, com enorme plausibilidade de haver o seu envolvimento neles, entre tatas situações escabrosas, a começar pelos famigerados mensalão, e petrolão, com a exposição, agora, da sua possível espúria aliança com o “famoso” alagoano, senador e ex-presidente da República, sob a alegação de aliança política entre o petista e o senador, que teria ganho o direito de indicar os cargos de direção da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, em troca de apoio no Senado Federal.
Os brasileiros exigem a verdade sobre a situação político-administrativa da nação e ninguém melhor do que o petista, ex-presidente do país, para se dignar a dizer exatamente tudo sobre o que realmente aconteceu nos bastidores da República, como forma de resgate da verdade sobre os fatos de relevância para a expiação de seus possíveis desacertos na administração do país, sobretudo com relação às ilegítimas e questionáveis alianças com políticos da pior índole, que macularam os interesses nacionais, e às obras financiadas no exterior, quando elas são carentes e prioritárias no Brasil. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de janeiro de 2016

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