Em
que pese a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) prevê a possibilidade de
abatimento na meta fiscal de 2015 da quantia de R$ 57 bilhões, referente às
pedaladas fiscais, o governo resolveu pagar o montante de R$ 72,4 bilhões, que
inclui todo o passivo em atraso até o ano de 2015, e abater da meta o valor de
R$ 55,8 bilhões.
O governo
esclareceu que a quantia de R$ 55,6 bilhões se refere aos passivos existentes
até 31 de dezembro de 2014 e o valor restante de R$ 16,8 bilhões diz respeito
aos gastos devidos de 2015, sendo que estes valores não correspondem a
pagamentos atrasados, mas sim a cálculo por "transparência".
O
governo ressalta que "O pagamento de
todas as obrigações neste exercício (em 2015) era medida necessária para fins de cumprimento da meta fiscal, uma vez
que, a partir de determinação do TCU, houve mudança no momento em que se daria
a apuração das estatísticas fiscais pelo Banco Central".
As
pedaladas fiscais são repasses em atraso por benefícios sociais, subsídios e
operações de crédito rural e ao programa habitacional Minha Casa, Minha Vida,
que foram pagos por bancos e fundo oficiais, como o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal, o Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Banco do Brasil, cujo desembolso,
agora, contribui para que as contas públicas fechem o ano de 2015 com rombo
recorde de cerca de R$ 120 bilhões.
O governo
esclarece que a maior parte dos recursos para a quitação das pedaladas virá da
conta única do Tesouro Nacional, que é composta pela economia feita pelo
governo em anos anteriores, e da emissão de novos títulos.
Ao
realizar o pagamento, às pressas, no apagar das luzes do ano, com recursos
absolutamente inexistentes, tanto que o governo recorreu ao Tesouro Nacional e
a empréstimos, mesmo sabedor do
impacto na dívida pública e no resultado primário de 2015, o Palácio do Planalto, a par de pretender
evitar brechas que possam ser usadas no processo de impeachment contra a
presidente brasileira, tenta enfraquecer, com esse gesto desesperado, a
mobilização de parlamentares pelo afastamento da petista, fato que, no
entendimento da oposição, em nada anula o pedido em apreço.
Sob
o prisma da eficiência na administração pública, trata-se de mais uma tramoia
protagonizada pelo governo, por tentar liquidar dívida sem o devido lastro,
aprontando a repetição de tantas manobras contábeis, ao remanejar dinheiro de lugar
inexistente, sendo obrigado a endividar o Tesouro e comprometer o bolso dos
tolos dos contribuintes.
O
ato de pagar a dívida por meio de recursos do Tesouro e de empréstimo tem como interpretação
pura confissão de mais outro crime de responsabilidade fiscal, vez que o
pagamento da despesa extrapolou o aval do poder Legislativo, além de causar impacto
no controle da divida interna e ainda contribuir para gerar infração.
É
muito estranho que o governo incomodado com o crime da prática das pedaladas
fiscais, que deu origem à abertura do processo de impeachment contra a
presidente, venha agora repetir inaceitável crime ao pagar a dívida que jamais
deveria ter sido contraída, devido à proibição legal, ex-vi das normas de
administração orçamentária e financeira, nos termos das Leis de
Responsabilidade Fiscal e de Diretrizes Orçamentárias, com recursos, segundo
esclarecido pelo Tesouro Nacional, originários de financiamento que redundará
no aumento das dívidas públicas, ou seja, o governo não tinha dinheiro
suficiente para pagar o que não seria pago tão cedo não fosse a ameaça de
afastamento da presidente por crime de responsabilidade fiscal.
De
certa forma, o questionado pagamento veio em boa hora, para mostrar à sociedade
que a petista mentia, quando dizia que não teria cometido nenhuma
irregularidade, mas agora ela é obrigada a assumir o seu crime, pois o governo
é proibido legalmente de pegar empréstimos juntos a bancos públicos e foi
exatamente isso o que a presidente fez com as famigeradas pedaladas fiscais,
sob o fajuto e paupérrimo argumento de que outros governos teriam incorrido em
idênticas irregularidades, fato que simplesmente, no dizer da defesa da
petista, justifica o seu grave crime de responsabilidade fiscal, que foi o de
ter gastado além do dinheiro em caixa, em evidente demonstração de extrema
falta de zelo com o patrimônio dos brasileiros, notadamente porque, no total
dos mais de R$ 72 bilhões em apreço há pagamentos de juros e correção monetária,
cujos acréscimos financeiros poderiam ter sido evitados caso o governo tivesse
gastado exatamente o dinheiro arrecadado, quanto mais que ele não poderia pegar
dinheiro emprestado, repete-se, de bancos oficiais.
A incompetência do governo é tão visível que ele
paga a dívida das pedaladas fiscais com dinheiro vindo de empréstimo, ou seja,
com aumento das dívidas públicas, líquida e bruta, em igual proporção, conforme
explicação do Tesouro Nacional.
É
mais uma manobra que o governo faz com recursos públicos, gastando além do que
foi arrecadado, em clara demonstração de irresponsabilidade fiscal, que
contraria as normas de regência, nos termos das Leis de Responsabilidade Fiscal
e de Diretrizes Orçamentárias. Tudo para tentar mostrar que houve abuso com a
prática das pedaladas fiscais.
A
sociedade precisa se conscientizar sobre as manobras que são reiteradamente
promovidas pelo governo, na tentativa de cobrir a sua incompetência com
gastanças que normalmente resultam em rombo nas contas públicas, cuja fatura é
debitada nas contas dos bestas dos contribuintes, por meio da pesada carga
tributária, do aumento de tributos ou da criação de contribuições, a exemplo da
CPMF, todos repudiados pelos brasileiros, diante da insensibilidade do governo
de racionalizar e reduzir seus gastos, tendo por consequência a falta de
investimentos em melhorias em obras públicas e prestação de serviços de
qualidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de janeiro de 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário