terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O regime da destruição


O Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu que a inflação na Venezuela, em 2016, deverá chegar à casa dos 720%, superando mais que o dobro da sua estimativa para o índice do ano passado.
Segundo o diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental, a principal causa para a forte elevação dos preços deverá ser a acentuada crise econômica e o profundo desabastecimento no país governado sob o idealismo bolivariano.
A situação periclitante da Venezuela é muito bem retratada com os consumidores sendo submetidos à vexatória e humilhante situação de enormes filas, nas portas de supermercados em Caracas, em busca de alimentos básicos e gêneros de primeira necessidade, que não têm sido suficientes para atender à população, que vem passando sufoco com o desabastecimento do país, que tem pouca produção para satisfazer à demanda altamente reprimida, em face do rigoroso controle dos preços por parte do governo. 
Na avaliação do FMI, a dramática situação econômica do país, agravada pela queda brusca do preço do petróleo, que é o principal produto de exportação venezuelano, fará que o Produto Interno Bruto do país sofra acentuada queda de 8% este ano, cuja previsão de retração é menor que a prevista para 2015, período para qual o FMI estimava crescimento negativo de 10%. Diante desse terrível quadro, a Venezuela experimenta, em dois anos, redução de 18% no total de suas riquezas.
Consta do relatório do FMI que as distorções nas políticas econômica e fiscal venezuelanas já estavam provocando prejuízos à economia antes mesmo da queda do preço do petróleo, embora esse fato tenha sido apontado pelo governo como uma das causas da crise, o que não corresponde exatamente à realidade dos acontecimentos.
Segundo o FMI, "A falta de moeda estrangeira teve como efeito a escassez de bens intermediários e desabastecimento generalizado de bens essenciais, incluindo alimentos, que tiveram as consequências trágicas.".
Embora os resultados finais da economia do ano passado ainda não tenham sido divulgados pelo governo venezuelano, o Banco Central local avalia que a variação do índice de preços ao consumidor, em 12 meses, teria chegado, entre janeiro e dezembro, aos números aproximados de 200%, enquanto o FMI prevê que a cifra no mesmo período situe em torno de 275%, bem acima das previsões da administração venezuelana, que sempre distorce a realidade dos fatos, na tentativa de enganar ainda mais a classe fanatizada pela incompetência administrativa.
A situação econômico-financeira da Venezuela é bastante preocupante, diante do quadro crônico representado pelo alarmante desabastecimento de gênero de primeira necessidade, inclusive de medicamentos, que tem contribuído para fragilizar as estruturas econômicas do país, firmadas na frágil alternativa da ineficiência do controle desesperado dos preços, que somente piora o quadro dramático imposto à população, submetida, de forma coercitiva, à situação de horrores, completamente à mercê da absoluta incompetência administrativa do governo, que controla tudo com mãos de ferro e ainda entende que esse é o único caminho a ser seguido, sob a cartilha completamente dissociada dos parâmetros de sensatez e eficiência que devem ser seguidos em momentos de dificuldades econômicas.
Para piorar o que já é ruim, o governo tirânico bolivariano houve por bem aprovar medidas de emergência econômica prevendo, entre tantas alternativas absurdas e insensatas, a mudança de destinação de recursos estatais e, pasmem, a expropriação de empresas, com a tentativa de garantir o abastecimento do país, em clara demonstração de intervenção próprio do regime de exceção no sistema econômico, cuja finalidade certamente terá o condão de, ao contrário do resultado pretendido, intensificar a grave crise que já é socialmente tensa e insuportável.
O quadro em referência é visivelmente de extrema preocupação, por resultar em crise de cunho visivelmente humanitário, diante do envolvimento da população em terrível situação de escassez quase generalizada, provocada exclusivamente pelo governo ditatorial, que defende, de forma intransigente, a ideologia socialista do século XXI, tendo por base o centralismo do Estado sobre as atividades produtivas e capitalistas, com reflexos altamente prejudiciais à sociedade.
Embora possa parecer paradoxal, a dramática e trágica situação da Venezuela tem muitíssimo a contribuir para a reflexão dos brasileiros, diante da indiscutível simpatia do governo e do principal partido tupiniquins ao abominável regime venezuelano, à vista do incondicional apoio prestado por eles àquele governo, visivelmente de exceção, em especial por ignorar direitos humanos e princípios democráticos, conforme evidenciam os fatos do cotidiano, em cristalino desrespeito aos salutares princípios humanitários. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de janeiro de 2016

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