De acordo com apuração feita pelo jornal O Estado de S. Paulo, o Palácio do
Planalto, após a revelação do conteúdo da delação premiada do ex-diretor
internacional da Petrobras, ligou o sinal de alerta, exatamente porque há nele
contundentes citações sobre a presidente petista, que podem ter reflexo no
julgamento do processo de impeachment dela, uma vez que as denúncias fazem
ligação da presidente com as investigações da Operação Lava-Jato.
Para o governo, a delação em comento teve efeito de
uma bomba caída na cabeça da presidente, que teria ficado irritada com a
divulgação dos fatos citando o seu nome, que até então se gabava de ainda não
ter sido envolvida nos fatos objeto das referidas apurações.
Na aludida delação, é atribuída à presidente
petista a decisão de ter "concedido
influência sobre a BR Distribuidora" ao senador e ex-presidente da
República alagoano, em semelhante poder que já havia sido concedido ao mesmo
parlamentar pelo antecessor dela.
A confirmação dessa entrega de autonomia da
subsidiária da Petrobras foi feita na residência do senador, que teria chamado
o agora delator à Casa da Dinda, para fazer a comunicação de que acordo
envolvendo apoio político no Senado Federal entre ele e a petista havia
garantido o poder de influenciar na direção daquela empresa.
Segundo disse o delator, na oportunidade, o senador
das Alagoas lhe disse que a presidente do país, em sintonia com o acordo selado
anteriormente por seu antecessor, "... teria
dito que estavam à disposição de Fernando Collor a presidência e todas as
diretorias da BR Distribuidora".
A situação se tornou tão emblemática que o Palácio
do Planalto afirmou que não comentaria a menção à presidente, deixando em
aberto a inferência sobre a veracidade da denúncia, porque, em caso contrário,
a contestação viria a galope, procurando inclusive denegrir a imagem do
delator, que não é nada pueril de inventar algo que poderia conspirar contra
si, uma vez que os fatos sujeitos à delação são normalmente respaldados por
comprovação, como forma de garantir o benefício penal de que se trata, sob pena
de o delator deixar de usufruir o prêmio e ainda poder ser processado, na forma
da lei.
A citação à presidente da República é sim motivo de
extrema preocupação não somente por parte do Palácio do Planalto, como
principalmente pelo PT, pelo fato de que é a primeira vez que as investigações
da Operação Lava-Jato chegam tão próximo dos principais caciques do partido,
que até poucos instantes cantavam de senhores da razão e da honestidade, como
se eles não estivessem tão próximos do golpe na direção de suas moleiras.
Segundo assessores diretos da presidente
brasileira, a situação começou a se complicar, uma vez que "A avaliação é de que Dilma havia encerrado o
ano passado com relativa tranquilidade após o Supremo Tribunal Federal ter
anulado a criação da Comissão Especial criada na Câmara dos Deputados para
analisar o impeachment e entender que o Senado tem a palavra final sobre o
processo de afastamento".
Não obstante, houve inversão da tranquilidade que
reinava nos palácios, fazendo com que, agora, os petistas temessem que as
citações à presidente pudessem criar ambiente propício de protestos contra a ela,
com previsão para acontecer com intensidade em março próximo, após as
manifestações contrárias a ela terem ficado abaixo do esperado, no final do ano.

Conforme foi apurado, o entendimento do governo é
tentar desidratar as acusações sobre o envolvimento da presidente em fatos
relevantes, que estão sendo questionados, e deixar de responder a maioria
delas, sob o ridículo e irresponsável argumento de que são situações
inconsistentes, ou seja, o Palácio do Planalto tenta fazer os brasileiros de ingênuos,
ao fingir e ignorar que os governantes, por serem representantes do povo, não
têm direito de omitir a verdade e deixar de prestar contas à sociedade sobre
seus atos, com o que eles podem incorrer em crime contra a administração
pública, por deixarem de cumprir importante princípio constitucional da
transparência sobre os atos públicos.
Urge que os brasileiros exijam dos homens públicos a
verdade sobre os fatos da sua responsabilidade na administração pública, como
forma de aprimoramento do princípio constitucional da transparência,
repudiando, com veemência, qualquer tentativa de desidratação das acusações
sobre a sua gestão, porque isso contradiz a conduta correta de estadista que
tem o dever institucional de prestar contas sobre seus atos no exercício de
cargos públicos eletivos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de janeiro de 2016
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