Segundo
a revista VEJA, o Ministério Público de
São Paulo, depois de confirmar que o petista ex-presidente da República é
realmente dono de um tríplex reformado e mobiliado pela construtora OAS, decidiu
denunciá-lo por ocultação de propriedade do citado imóvel, que é uma das formas
do crime de lavagem de dinheiro, embora o assunto viesse sendo mantido na clandestinidade.
O
imóvel objeto da denúncia contra o petista faz parte da investigação de fraudes
em negócios realizados pela Bancoop, cooperativa habitacional de bancários que
deu calote em associados e desviou recursos para o PT, tendo ido à falência em
2006 e deixado quase três mil famílias sem seus imóveis, embora, pasmem, a
cúpula daquele partido recebeu normalmente seus apartamentos.
De
acordo com revelação da VEJA, a empresa
OAS assumiu a construção de vários prédios da cooperativa, a pedido do petista-mor,
que é amigo do peito do então presidente da construtora, que foi condenado a
dezesseis anos de prisão no petrolão, em face do seu envolvimento na famigerada
corrupção objeto das investigações levadas a efeito pela Operação Lava-Jato.
O
Ministério Público de São Paulo teria apurado que a aludida construtora desempenhou
ainda o papel de "laranja" do petista, ao se passar por dona do
tríplex, cuja situação foi cuidadosamente desvendada pelos promotores, por meio
de levantamentos que duraram seis meses e de esquadrinhamento da relação entre
a OAS e o patrimônio imobiliário de líderes petistas, inclusive do
ex-presidente, tendo concluído que o citado tríplex é a evidência material da indiscutível
ilicitude da parceria do petista com os empresários corruptores que estão respondendo
por seus crimes perante a Operação Lava-Jato.
A
conclusão dos promotores teve por base testemunhas, recibos de prestação de
serviços e contratos, que constituem robustas provas materiais capazes de dar respaldo
à formulação da denúncia contra o ex-presidente à Justiça, em razão da tentativa
de negar ser o dono do tríplex, ficando configurados os crimes de lavagem de
dinheiro e de ocultação de patrimônio, segundo os promotores.
O
Instituto Lula nega que o petista e sua família tenham cometido os crimes indicados
pelo Ministério Público, tendo expedido nota intitulada “violência contra Lula: promotor anuncia denúncia sem ouvir defesa”,
na qual acusa violação da lei e do Estado Democrático de Direito, uma vez que foi
anunciada, pela imprensa, a pretensão de denunciá-lo sem ouvir a sua defesa, fato
este que foi rebatido pelo promotor, que negou ter antecipado a decisão, haja
vista que as evidências abrem a “possibilidade” da denúncia, independentemente
de defesa prévia.
O citado
instituto afirma que, “Ao contrário do
que acusa o promotor – sem apresentar provas e sem ouvir o contraditório – o
ex-presidente Lula e sua esposa jamais ocultaram que possuem cota de um
empreendimento em Guarujá, adquirida da extinta Bancoop e que foi declarada à
Receita Federal... Não há, portanto, crime de ocultação de patrimônio, muito
menos de lavagem de dinheiro. Há apenas mais uma acusação leviana contra Lula e
sua família. A atitude do promotor é
incompatível com o estado democrático de direito e com o procedimento imparcial
que se espera de um defensor da lei, além de comprometer o prestígio e a
dignidade da instituição Ministério Público.”.
Os
advogados do ex-presidente examinam medidas contra o que eles chamam de conduta
irregular e arbitrária de promotor do Ministério Público de São Paulo, por
entenderem que ele teria violado a lei e até o bom senso ao anunciar, pela
imprensa, que apresentará denúncia contra o petista e sua esposa, sem antes
ouvi-los.
Um
promotor defendeu o direito dos promotores de promoverem transparência a
inquérito de alto interesse público, tendo afirmado que “Informar a sociedade sobre uma investigação de evidente interesse
público, por meio de uma imprensa livre não me parece violar a lei,
especialmente porque o sigilo da investigação foi baixado. Além disso, somos
promotores de justiça e trabalhamos em prol e para a sociedade, que merece
tomar ciência de investigações dessa envergadura”.
Por sua
vez, em nota, um promotor disse que “O
Ministério Público não antecipou denúncia. Só exteriorizou, em homenagem ao
interesse público que norteia a questão, que as provas coligidas apontam para a
possibilidade de uma denúncia. –
oxalá os investigados consigam refutar toda a gama de prova testemunhal
circunstancial e documental que apontam para possível crime de lavagem de
dinheiro entre outros. – por último, o trabalho é do Ministério Público com a
participação de outros promotores e não tem qualquer tom personalista.”.
É
a palavra do promotor contra a do petista, que se acha, como de costume,
injustiçado com denúncia inconsistente, que visa prejudicar a imagem de importante
homem público, sob a inexistente da prática de crimes de lavagem de dinheiro e
de ocultação de patrimônio.
Diante
dos fatos, não seria o caso de o ex-presidente, como homem público,
concomitante às medidas contra o promotor que o investiga, prestar contas à
sociedade sobre seus atos, apresentando os elementos sobre a regularidade com
relação à propriedade ou não do imóvel em questão, como forma de escoimar
quaisquer dúvidas sobre a sua licitude nesse rumoroso episódio, que vem sendo
explorado há bastante tempo?
De
certa forma, o ex-presidente alimenta, na imprensa, a discussão sobre o caso em
comento, porque ele poderia muito bem atender, de forma voluntária, ao
princípio da transparência e esclarecer os fatos, por meio de elementos que
permitissem elucidar de vez as dúvidas e isso não custaria muito esforço porque
bastaria ele abrir o sigilo que existe sobre as apurações, evitando desgaste
político, que também poderia contribuir para o aperfeiçoamento democrático, em
benefício da verdade.
O
que se percebe com muita clareza é que o petista tem mania de grandeza e, por
isso, demonstra enorme dificuldade em mostrar transparência sobre seus atos,
fato que vem causando celeumas que poderiam ser evitadas, caso ele se dignasse
a esclarecer os fatos como eles são realmente, mostrando os elementos e as
circunstâncias sobre eles.
Nesse caso, diante das dificuldades de entendimento
sobre os fatos em apreço, não seria o caso de, previamente, ouvir-se a alma do
ex-presidente, para realmente se cientificar sobre a honestidade que até pode
haver nela, já que o petista continua vivo e protagonizando atos suspeitos e
susceptíveis de investigação, como nesse affaire sobre a propriedade de um
imóvel, que teria sido reformado por construtora sob o gosto e as ordens dele,
mas é discutível a sua propriedade, ficando em dúvida os fatos que poderiam
ser esclarecidos caso houvesse compreensão e boa vontade para a revelação da
verdade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de janeiro de 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário