quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

A oportuna "desmitificação"


            À vista dos resultados das investigações das Operações Lava-Jato e Zelotes, envolvendo amigos e até familiares do petista ex-presidente da República, caciques do PT já reconhecem que o principal líder do partido passa por processo de “desmitificação” e isso ficou muito claro em 2015, quando ele foi alvo de desgaste em potencial, algo que jamais alguém pudesse imaginar que seria possível acontecer, com tamanha severidade.
O ex-presidente, quando deixou o governo, chegou a alcançar o maior índice de aprovação já registrado no Brasil – 87%, segundo o CNI/Ibope –, mas ele não conseguiu manter seu capital político, que foi escorrido entre os dedos, em razão da desastrada e fracassada condução da economia, dos graves erros na execução das políticas públicas, do derretimento político do PT, das manifestações de protestos nas ruas, da ameaça de impeachment da sua pupila e das investigações envolvendo integrantes de sua família, amigos e o seu instituto.
Essa constatação já era do domínio do petista que, em encontro com religiosos, ele chegou a ser realista, com enorme raridade, quando resumiu a situação, com uma de suas tradicionais metáforas: “Dilma está no volume morto. O PT está abaixo do volume morto. Eu estou no volume morto”.
No momento, pesquisas realizadas com eleitores mostram que as excelentes lembranças do governo do petista estão ficando cada vez mais do passado bem distante, a exemplo do resultado do Datafolha, que, em dezembro de 2010, anotava que 71% dos ouvidos consideravam o petista o maior presidente da história do Brasil, enquanto em novembro de 2015 pesquisa idêntica assinalava que o percentual era bem mais realista e atingiu somente 39%.
De acordo com pesquisas recentes, o senador tucano por Minas Gerais bateria o ex-presidente petista, nas urnas, com 31% das intenções de votos contra 22% do adversário.
Interlocutores próximos do petista alegam que o fracasso na área econômica do governo e as contradições entre o discurso de campanha da presidente e a prática do dia a dia são as maiores preocupações dele, por entender que a economia tem tido forte impacto nos programas sociais, gerando enorme retrocesso e perda das forças de esquerda, que precisam se organizar para “começar tudo outra vez”.
Diante do quadro desolador e preocupante, o petista vem concentrando esforços para ajudar a presidente a recompor sua base política, na sociedade e no Congresso Nacional, afastar o risco do impeachment e retomar o ritmo de crescimento econômico, com vistas a se evitar retrocesso na área social. Um companheiro que acompanha o petista, há mais de três décadas disse que “É a primeira vez que ele não sabe o que fazer”, ou seja, diante das incertezas sobre o futuro político.
De sã consciência, não tem a menor lógica que, no momento, 39% de pesquisados considerem o petista o melhor presidente da historia do Brasil, porque isso demonstra completo desconhecimento sobre os verdadeiros presidentes do país, que contribuíram efetivamente para o desenvolvimento do país.
Os brasileiros precisam ter dignidade e coragem para quebrar essa "mística” que foi construída em cima de fantasiosas armações, com base em imagem forjada por meio de muita publicidade de governo que foi apenas capaz de formar exército de bolsões de pobreza, com programas assistencialistas com viés exclusivamente populista e eleitoreiro, sem a menor preocupação com a dignidade do ser humano.
Convém que a liderança do petista, que foi construída sem a menor consistência, encaminhe-se para o desmoronamento como verdadeiro castelo de areia, para o próprio bem do país, que não merece tamanha tapeação e artificialismo, à vista da realidade dos fatos, que acenam para situações incompatíveis com práticas de bons costumes por parte de estadista.
À toda evidência, ter achado o petista grande presidente demonstra muito bem a enorme falta de critério crítico e de incapacidade de discernimento, cultural  e cognitiva/lógica da população que não tem condições de enxergar o que é certo e o que é errado. É exatamente nesse ambiente caótico que são feitas a disseminação e a pregação de mentiras e construídas situações ardilosas, valendo-se da ignorância e da inocência da população desinformada e culturalmente atrasada.
O PT conseguiu, com propaganda absurdamente irrealista, endeusar político que se alimentava e ainda se nutre de puras vaidades e bajulação, sem o mínimo de fundo realista, porque tudo foi planejado e projetado para que o mito se tornasse a cara do Brasil, tendo por pano de fundo apenas a ganância pela absoluta dominação política e perenidade no poder, que foi conseguido por meio de expedientes que os próprios petistas classificam como somente eles são capazes de protagonizar.
Não obstante, quando os fatos são expostos à opinião pública, revelando a realidade sobre eles, não há estrutura que se mantenha firme e tudo aquilo que foi construído com base em elementos inconsistentes tende a se desmoronar e é exatamente o que está acontecendo com o mito petista, construído exclusivamente para atender a conveniência do partido, que tomou gosto pelo poder e tem feito o "diabo" para eleger seus candidatos, a exemplo dos fatos acontecidos na reeleição da presidente petista, que se manteve no poder graças às peripécias protagonizadas por ela, pelos caciques e integrantes do partido, que não esconderam de ninguém suas artimanhas malévolas.
Os brasileiros precisam, com urgência, repudiar as práticas deletérias dos maus homens públicos, que estão muito mais preocupados em defender seus interesses e os de seus partidos, em detrimento das causas nacionais, em clara demonstração da depravação da dignidade das atividades políticas, o que vale dizer que a destruição dos bons princípios e da boa conduta tem sido altamente benéfica para a dominação política e a continuidade no poder, não importando os fins empregados para serem atingidos os meios, porque esse tem sido o verdadeiro lema do partido que tem feito miséria para não se permitir a saudável alternância de poder. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de janeiro de 2016

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