Em seguida ao escândalo da relação do
ministro-chefe da Casa Civil com o empreiteiro ex-presidente da OAS, já condenado
a 16 anos de prisão, por corrupção, lavagem de dinheiro e organização
criminosa, as investigações da Operação Lava-Jato expõe à execração pública outro
ministro da intimidade da presidente brasileira, sob denúncia de ter servido de
possível intermediação da empreiteira em negócios envolvendo fundos de pensão.
O
ministro da Casa Civil teria sido flagrado em troca de mensagens sobre a Funcef,
o fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, o ministro da
Secretaria da Comunicação Social da Presidência ganha destaque em conversas no
mínimo questionáveis com o empreiteiro que integrava o famoso “clube do bilhão”
das licitações, nada próximo da licitude.
O
empreiteiro da OAS, em uma das conversas, teria pedido ajuda ao petista para
organizar reunião com presidentes de fundos ligados a estatais, como o Petros,
dos funcionários da Petrobras, Previ, dos servidores do Banco do Brasil, além
da Funcef.
Em
mensagem, o empreiteiro pede ao petista: "Estava precisando falar com o nosso amigo (AM), junto com Dan
(presidente da Previ), Caser (presidente da Funcef) e Carlos Costa (presidente
da Petros). Tema: inauguração de Guarulhos. Você pode nos ajudar?",
tendo antecipado que, no encontro, serão discutidas, entre outras questões, a
data da inauguração do novo terminal do aeroporto de Guarulhos com a presença
da presidente da República.
O
citado terminal foi inaugurado no mês seguinte e teve a participação da petista,
cuja obra foi executada por consórcio liderado pela OAS e contou com recursos das
três empresas de fundos de pensão.
O
contato com o ministro da Comunicação Social foi planejado, porque o petista circula
com extrema desenvoltura nos meandros dos fundos, já tendo obtido contratos com
a Funcef, quando ele era prefeito de Araraquara (SP), cuja parceria resultou em
investigação da CPI dos Fundos de Pensão, objeto de apuração de rombo
bilionário em companhias previdenciárias, sendo que uma das apurações, ainda em
andamento, se debruça sobre a liberação de 10 milhões de reais da Funcef para a
construção de complexo de hotéis, shopping e centros comerciais exatamente na
base eleitoral do petista e tudo aconteceu à época quando ele era prefeito.
O
ministro da Comunicação Social, que exerceu o importante cargo de tesoureiro da
campanha da presidente do país, é investigado no Supremo Tribunal Federal, em
decorrência das investigações objeto da Operação Lava-Jato, por irregularidades
praticadas durante a última campanha da petista, também sob suspeita de abastecimento
de recursos da OAS, cujo então presidente teria afirmado, conforme apuração da VEJA, que o ministro-tesoureiro teria coagido
doadores eleitorais.
As
conversas entre o empreiteiro e o petista também revelam uma série de encontros
entre ambos e ainda um cronograma que, de acordo com a Polícia Federal, indica
datas e valores de repasses feitos pela OAS à campanha eleitoral de 2014. As
investigações, com base em prestações de contas, levantaram a doação de R$ 20
milhões da empreiteira à campanha petista. O relatório da Polícia Federal
registra que "Todas as
transferências ocorreram após a data das mensagens trocadas entre Edinho e LP".
É inacreditável como os fatos escabrosos envolvendo
ministros se sucedem em extraordinária sequência jamais imaginável. Não
obstante, ninguém do governo fica com a cara ruborizada, com o mínimo de
vergonha de ter agido em dissonância com os princípios da moralidade, do decoro
e da dignidade, por haver, entre outras incorreções, inserido o tráfico de
influências nas relações de amizade, tudo com a finalidade da obtenção favores,
de ambas as partes, em desqualificada promiscuidade.
O mais grave e lamentável de tudo isso é que os
ministros, as autoridades do governo e as lideranças petistas, inclusive a
presidente do país enxergam os fatos suspeitos e questionáveis, assim
qualificadas sob o prisma das pessoas honradas e probas, com a maior
naturalidade, como se fosse normal o crime de trágico de influência em meio ao
uso da máquina pública para a solução de questões de interesse de empresas e
pessoas, em troca de “benefícios”, como financiamento de campanha, muitas vezes
de origem questionáveis, ou seja, os casos são resolvidos fazendo-se uso das
facilidades e dos meios oferecidos pela influência ínsita do poder, em indiscutível
contrariedade aos salutares princípios democrático e republicano, afrontando as
finalidades orientadoras do interesse público.
À toda evidência, já passou, em muito, o tempo da realização
de limpeza generalizada da sujeira que se renova e se acumula em cada eleição,
bem assim da assepsia das práticas vergonhosas e espúrias no âmbito do poder,
tudo sendo executado, sem o menor pudor, como se percebe no caso em comento, em
nome da absoluta dominação e da perenidade do poder, com o emprego de métodos
censuráveis e recrimináveis, por serem indiscutivelmente em dissonância com os
salutares princípios da dignidade, moralidade e legalidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de janeiro de 2016
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