domingo, 3 de janeiro de 2016

Basta de calamidades e de crises


A presidente da República afirmou, em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, que, embora "injustamente questionada", não alimenta "mágoas nem rancores" em razão do pedido de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados.
No artigo, intitulado "Um feliz 2016 para o povo brasileiro",  a petista ressaltou a necessidade de reflexão sobre "erros e acertos de nossas atitudes" em 2015, que considerou como ano "muito duro", mas ela acena para diálogo, neste ano.
A presidente, dando a entender que é vítima e não culpada pelo caos da administração do país, afirmou que, “Mesmo injustamente questionada pela tentativa de impeachment, não alimento mágoas nem rancores. O governo fará de 2016 um ano de diálogo com todos os que desejam construir uma realidade melhor.".   
Com relação à conjuntura econômica, a presidente afirmou que a inflação cairá em 2016, tendo prometido a formulação de propostas de reformas da previdenciária e do sistema tributário, a par de dizer que persistirá o ajuste orçamentário, com vistas ao equilíbrio fiscal.
Ela disse que "Sei que as famílias brasileiras se preocupam com a inflação. Enfrentá-la é nossa prioridade. Ela cairá em 2016, como demonstram as expectativas dos próprios agentes econômicos. Convocarei o Conselho de Desenvolvimento Social, formado por trabalhadores, empresários e ministros, para discutir propostas de reformas para o nosso sistema produtivo, especialmente no aspecto tributário, a fim de construirmos um Brasil mais eficiente e competitivo no mercado internacional.".
Segundo a petista, a economia brasileira tem "solidez" e isso será a base para a retomada da trajetória de crescimento. Para ela, o país terminará este ano melhor do que apontam as atuais previsões.
A presidente atribuiu a revisão da política econômica adotada pelo governo a fatores internacionais que, segundo afirmou, tiveram reflexos no setor produtivo: "A queda vertiginosa do valor de nossos principais produtos de exportação, desaceleração de economias estratégicas para o Brasil e a adaptação a um novo patamar cambial, com suas evidentes pressões inflacionárias".
A petista reafirmou o compromisso de obter, neste ano, superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto, conforme medida aprovada pelo Congresso Nacional: "Fizemos e faremos esse esforço sem transferir a conta para os que mais precisam.".
Ela disse que o governo "está fazendo sua parte" em relação à redução das despesas e racionalização dos recursos públicos: "Executamos um duro plano de contenção de gastos, economizando mais de R$ 108 bilhões em 2015 – o maior contingenciamento já realizado no país.".  
Com relação à degeneração ética, a presidente afirmou que as instituições "foram exigidas como nunca" em 2015, "responderam às suas responsabilidades" e se tornaram "mais robustas e protegidas" após as operações de combate à corrupção.
Ela até pode não ter mágoa, mas os fatos acenam para o contrário, à vista da reação que transpira do Palácio do Planalto, mostrando que o presidente da Câmara dos Deputados teria agido de forma irracional e revanchista, por não ter recebido apoio do PT, no Conselho de Ética da Câmara.
Neste momento em que a água se encontra na fervura máxima, a petista tenta, de forma desesperada, baixar a temperatura para, por meio de tapeação e de meras palavras de efeito, se passar por vítima e de se salvar da degola, mas os fatos, mostrando com clareza a realidade da gestão pública, têm o condão de piorar ainda mais a terrível situação de ingovernabilidade do país.
Seria importante que ela tivesse mágoa e resolvesse, com isso, sair de fininho, para o bem da nação, em demonstração de real autocrítica acerca da terrível situação de ingovernabilidade constituída por ela, à vista dos resultados da sua gestão.
A presidente do país precisa se conscientizar, com o máximo de urgência, de que a construção de realidade melhor, no dizer da mandatária brasileira, passa, necessariamente, pela governança do país por estadista que tenha reais condições de equacionar o mar de dificuldades que grassa no país e de criar metas e projetos específicos para cada situação, algo que ela já demonstrou que não tem a mínima capacidade para apresentar coisa alguma.
Urge que sejam criadas alternativas para o saneamento da tragédia muito bem estruturada e executada pela desastrada gestão do governo dela, à vista dos fatos e dos péssimos indicadores econômicos, que são visivelmente cristalinos e translúcidos, mostrando quem realmente conseguiu conduzir o Brasil para as horríveis crises política, ética, social, econômica e administrativa, conforme a precariedade representada pelo pífio desempenho do Produto Interno Bruto e retrato fiel da recessão, que são a verdadeira imagem do governo, ou seja, figura representada pela incompetência, inércia e ineficiência na administração do país.
Sobre a afirmação de robusteza das instituições, no campo da moralização, a petista navegou no seco, porque ela foi incapaz de indicar uma única medida que o governo tenha executado por iniciativa própria, uma vez que as investigações e as medidas adotadas foram lideradas pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pela Justiça Federal, sem nenhuma participação do Palácio do Planalto, ou seja, sem a mínima ingerência do governo, embora insista em pegar carona nessa ceara que se distancia da sua atuação, à luz dos fatos.
O esforço para a obtenção do superávit primário não passa de falácia, tendo em vista que o governo fez pouquíssimo e vem fazendo menos ainda para cortar gastos, à vista das medidas anunciadas junto com o pacote de ajuste enviado ao Congresso, em que os cortes não tinham alcançados, no final do ano, nem 15% do decidido, mostrando falta seriedade por parte do governo, que tem sido bastante habilidoso apenas para transferir a conta para os bestas dos contribuintes, à vista da intenção dele de recriar a famigerada CPMF, na tentativa de tapar o trágico rombo das contas públicas, fruto da sua irresponsável gastança.
O contingenciamento promovido pelo governo contribuiu simplesmente para reduzir os investimentos que estavam previstos para beneficiar a população, que ficou sem as melhorias previstas, por força da gastança irresponsável do governo, que não tem nada de prudente, por ter extrapolado os limites das metas fiscais, tendo a presidente do país cometido o crime de responsabilidade fiscal, pelas práticas das pedaladas fiscais, que redundaram na abertura do processo de impeachment dela pelo presidente da Câmara dos Deputados.
Os brasileiros precisam se conscientizar, à vista do seu dever cívico e patriótico, de que a governante brasileira, embora tenha conduzido o Brasil à verdadeira situação caótica e de precariedade administrativa, ainda tem a insensibilidade de se apresentar como vítima, em que pesem os fatos lamentáveis e prejudiciais aos interesses da população, quando a presidente deveria ter a dignidade, à luz da sua desastrada gestão, de reconhecer o trágico quadro de ingovernabilidade que se encontra o país, diante da calamidade e das crises que grassam na administração pública, que há muito tempo saiu do prumo da normalidade, quanto à indispensável observância aos princípios da competência, eficiência, eficácia e economicidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de janeiro de 2016

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