Importante
empreiteiro da construção civil, em momento de desabafo, descarrega para o
advogado da sua empresa conversa sobre a atitude que considera de pouco caso por
parte da presidente da República, que, no entendimento dele, não tem demonstrado
nem um pingo de preocupação com o que vem acontecendo com os empresários que
estão sendo investigados pela Operação Lava-Jato.
O
empresário desabafa nestes termos: "A
Dilma fica posando de virtuosa como se não tivesse nada com o que está
acontecendo. Ela declarou pouco mais de 300 milhões de gastos de campanha, e
nós demos para ela quase 1 bilhão. Como ela pensa que o restante do dinheiro
foi parar na campanha?".
A
forma de dizer exatamente o que pensa sobre a onipresença da petista, que se
gaba de ter tudo muito correto, quando os fatos dizem muito bem o que realmente
houve, reflete a situação de fato e, além de indicar a existência de algo
inconfessável, suscita a verdadeira possibilidade da revelação do sentimento
comum entre os grandes financiadores ao PT, na campanha da reeleição presidencial.
A
verdade é que houve doações contabilizadas, com o devido registro no Tribunal
Superior Eleitoral, mas é inegável que muitas contribuições foram feitas de
forma clandestina, com a utilização do famoso caixa 2, por meio de diversas
maneiras, inclusive com o uso, mediante o jeitinho brasileiro, das poderosas
estruturas empresariais.
Agora
surge informação de que outros repasses foram feitos indiretamente aos partidos,
conforme o relato de empreiteiro, que disse que "Essas doações foram feitas a partir da contratação de consultorias
indicadas pelos políticos ou por meio de pagamentos a publicitários diretamente
no exterior".
As
evidências desse procedimento já são do conhecimento da Polícia Federal, que
constatou operações casadas, em que empreiteiras são beneficiadas com generosos
obras e financiamentos públicos, se comprometendo, em contrapartida, a contratação
no Brasil ou no exterior de consultorias ou agências de publicidade, para quem,
na realidade, são repassados parcela do produto dos valores embutidos no
superfaturamento dos preços contratados.
Uma
operação dessa natureza de triangulação criminosa é objeto de investigação ainda
mantida sob sigiloso, envolvendo nada mais nada menos o importante e
maquiavélico marqueteiro das campanhas eleitorais do ex-presidente e da atual
presidente petistas.
Policiais
federais, ao vasculharem computadores e documentos de pessoas suspeitas do
recebimento de propina no exterior, desvendaram a forma irregular de pagamentos
em contas secretas no exterior, entre as quais podem constar as do marqueteiro
do PT, cujos serviços eram remunerados por meio de dinheiro não contabilizado
pelo partido nem registrado no TSE, ou seja, a operação se materializava por
meio do agora desbaratado esquema de corrupção, com o pagamento feito à margem
da legalidade.
As
pistas para a simples conclusão sobre as contas do marqueteiro começaram a
surgir após a apreensão de material, cuja investigação deparou com uma carta
enviada, em 2013, ao empreiteiro responsável pelo pagamento de propina, onde
constavam as coordenadas de duas contas no exterior, sendo uma nos Estados
Unidos e a outra na Inglaterra.
O
mais impressionante é que a citada correspondência teria sido remetida, em manuscrito,
pela esposa e sócia do marqueteiro do PT ao empreiteiro investigado, fato este
que teve importante contribuição para a conclusão da Polícia Federal sobre a ligação
financeira existente entre a esposa e sócia do mencionado marqueteiro e um
operador de propinas do petrolão.
Ante
a necessidade para a formalização da prova material, a carta manuscrita tornou-se
importante instrumento revelador da robusteza do crime, em que pese a
predominância das facilidades de comunicação por via digital ou telefônica, mas
o uso da correspondência teria o condão de não deixar rastro, não fosse a diligente,
prestativa e eficiente Operação Lava-Jato, que pode prestar importante
contribuição para a repatriação para o Brasil de dinheiro de propina.
Os fatos são claríssimos e as provas contundentes,
não deixando a menor margem de dúvida de que o crime organizado fincou raízes
na administração do país, causando não somente prejuízos financeiros aos
brasileiros, mas, principalmente, devastação dos princípios da ética,
moralidade, honestidade, dignidade etc., mostrando que o Brasil foi
transformado numa republiqueta da pior qualidade, sob a responsabilidade de
homens públicos capazes de se organizar em esquemas e quadrilhas, em benefício
pessoal ou partidário.
A decadência dos princípios da moralidade,
legalidade e dignidade, que se banalizaram no país, com o beneplácito da
consolidação da impunidade, graças às quadrilhas implantadas com robustas
raízes ramificadas nas entranhas da administração do país, reflete com
intensidade na prestação dos serviços públicos, que têm sido precários e de
péssima qualidade.
O Brasil precisa ser passado a limpo, com muita urgência,
por meio da promoção da maior e mais abrangente assepsia dos homens públicos
que praticaram os mais sórdidos atos criminosos, em nome do único projeto de
absoluta dominação e de perenidade no poder, com indiscutível emprego de
métodos ilícitos e deletérios, destruidores do patrimônio e dos sonhos dos
brasileiros, que, de forma bestial e absurda, ainda nutrem a indignidade de
venerar lideranças vinculadas a esse trágico projeto de degeneração, sem o
menor pudor, dos princípios da dignidade, moralidade e honorabilidade. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de janeiro de 2016
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