sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Visão estapafúrdia e equivocada


Em café da manhã com jornalistas de agências de notícias, no Palácio do Planalto, a presidente da República defendeu, em reiteração, a recriação da CPMF, com a finalidade de reequilíbrio das contas públicas e de retomada do emprego.
Na ocasião, a petista afirmou, diante do aumento do desemprego no país, que a grande preocupação do governo é com a quantidade de pessoas fora do mercado de trabalho, em razão do desaquecimento da economia.
Ela disse que “... E é por causa disso que nós achamos que algumas medidas são urgentes. Reequilibrar o Brasil num quadro em que há queda de atividade implica necessariamente, a não ser que nós façamos uma fala demagógica, em ampliar impostos. Eu estou me referindo à CPMF. Acho que é fundamental para o país sair mais rápido da crise aprovar a CPMF, que é um imposto que se dissolve, se espalha por todos, de baixa intensidade, ao mesmo tempo em que permite controle de evasão fiscal e ao mesmo tempo faz outra coisa, que é muito importante: tem um impacto pequeno na inflação, porque ele é dissolvido se você considerar os demais impactos.”.
Segundo a última divulgação do resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, a taxa de desemprego no país ficou em 9% no trimestre encerrado em outubro, cujo resultado é o mais alto da série iniciada em 2012.
A presidente não quer somente a recriação da CPMF, uma vez que também é prioritária para o governo a aprovação pelo Congresso Nacional da DRU e da Medida Provisória que trata dos juros sobre capital próprio e ganhos de capital, com vistas a restabelecer o equilíbrio fiscal.
Na atua situação de crises de toda ordem e natureza, que afeta sobretudo o emprego, diante da forte retração da economia, conforme reconhece a presidente, a aprovação de mais tributo e de pacotes de ajustes que atingem diretamente a sociedade funciona como pura maldade, por constituir medida que acarretará mais sacrifício para os brasileiros, principalmente porque isso não é a única alternativa, mas é certamente a mais simplista e de menor esforço, porquanto o governo não tem a menor sensibilidade para perceber a necessidade para a premência da racionalização da máquina pública, extremamente onerosa, pesada e ineficiente, que poderia ser modernizada e reestruturada, com vistas à obtenção da eficiência e da economicidade, tão carentes em momentos de dificuldades e de escassez de recursos públicos.  
A presidente do país precisa ser orientada e conscientizada, com o máximo de urgência, no sentido de que o reequilíbrio do Brasil não tem nada a ver com aumento de tributos, na visão sempre estapafúrdia e equivocada dos governos incompetentes e irresponsáveis, que pensam somente em aumentar a arrecadação, quando os princípios da competência, eficiência e economicidade acenam exatamente para direção em contrário, qual seja, da racionalização das despesas públicas em primeiro lugar e de maneira urgente, mediante a austeridade dos gastos e as priorizações das políticas públicas, de modo que a carga tributária não seja eterno sacrifício para os contribuintes, que já tiveram ultrapassada a sua capacidade contributiva, ao serem obrigados a arcar com as despesas da máquina pública bastante inchada, dispendiosa, ineficiente, inútil, que presta serviços de péssima qualidade à população.
Na verdade, a máquina pública tem a principal finalidade servir, na atualidade, como eficiente cabide de empregos para a satisfação das espúrias alianças entre o governo e a sua base de sustentação, com vistas a assegurar a manutenção do indigno sistema fisiológico implantado para possibilitar a perenidade do poder, em que a classe política dominante se esbanja das benesses propiciadas pela abundância dos cargos públicos e pelas facilidades das influências para a solução de questões de seus interesses, com o emprego da máquina pública.
O governo eficiente jamais ousaria pensar em aumentar tributos, notadamente em momento de agudas crises social, política e econômica, sem antes promover forte e profundo enxugamento de suas despesas, que, no caso do país tupiniquim, elas extrapolam o mínimo senso da razoabilidade, tendo em vista os exagerados desperdícios de recursos com a manutenção da máquina pública ultrapassada e obsoleta, que exige urgente e abrangente reforma nas suas estruturas, como forma de possibilitar seu funcionamento com o mínimo de eficiência e otimização.
Convém que os serviços públicos funcionem em consonância com o desenvolvimento dos princípios da administração e da economicidade, que estão presentes nos países cujos governos têm a máxima preocupação com o exclusivo atendimento do interesse público, obviamente com embargo das causas pessoais e partidárias, inclusive das alianças espúrias e questionáveis, que têm sido responsáveis, à toda evidência, pelo entrave ao ansiado desenvolvimento social, político, econômico e democrático.
Mesmo que tivesse justificativa plausível, a presidente brasileira não tem direito de penalizar ainda mais a sociedade, com a imposição de pesado sacrifício, porque ela já se encontra atolada em enormes dificuldades justamente em razão das desastradas políticas econômicas adotadas pelo governo, que foram capazes de contribuir para as monstruosidades da recessão, do aumento da inflação, dos juros e das dívidas públicas, da diminuição da arrecadação, da retirada do capital estrangeiro, da falta de investimentos em obras, entre outras precariedades que estão emperrando o desenvolvimento socioeconômico. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de janeiro de 2016

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