Conversas
constatadas no celular do ex-presidente da OAS mostram a atuação do atual
ministro da Casa Civil na intermediação de negócios entre essa empreiteira e o
fundo de pensão de funcionários da Caixa Econômica Federal - CEF.
Um
dos diálogos entre um executivo e outro integrante da empresa fala na atuação
do ministro e então governador da Bahia para possibilitar negócio milionário
com a Funcef (Fundação dos Economiários Federais) - fundo de pensão dos
funcionários da CEF.
Embora
o ministro negue qualquer tipo de irregularidade em sua relação com a OAS,
o então governador da Bahia teria ajudado a construtora na liberação de
recursos do governo federal, além de também ter intermediado o financiamento de
campanhas municipais em Salvador em 2012.
Parte
do diálogo cita: “Que ótimo, como foi na
Funcef, o nosso JW me perguntou. Bjs.” A resposta, cerca de três minutos
depois, partiu de número da OAS, nestes termos: “Ótimo. Foi aprovado para contratação do avaliador, deloite. Agora,
precisaremos de JW, na aprovação final. Bjo”.
Quatro
meses depois dessa conversa, a diretoria executiva da Funcef aprovou a compra
de cotas de até R$ 500 milhões em fundo da OAS - o FIP OAS Empreendimentos. A
Funcef confirma ter feito aporte de R$ 200 milhões, com participação de 11,76%
no FIP.
Conforme
foi constatado, era comum a troca de mensagens entre o então governador e o
empreiteiro sobre “fundos”, como essa: “Governador,
desculpe a ‘invasão’. Na semana passada houve uma demanda vinda dos Fundos, que
o Bernardo Figueiredo estaria falando para algumas pessoas sobre nossa relação
com os Fundos. Queria saber se nosso amigo de ontem sabia de algo. Ele nunca
tinha ouvido nada. Tive com o Bernardo e o problema era o Trem Bala. Que foi
esclarecido. Obrigado pela hospitalidade. Abs.”. Por mensagem, o então governador
respondeu: “Você é sempre bem-vindo JW”.
Noutra
circunstância, a cinco dias do 2º turno das eleições presidenciais, o
empreiteiro pede ao então governador para ele intermediar liberação de verba
dos Transportes, nestes termos: “Governador,
se for possível, peço seu apoio. Abs.”. O petista respondeu: “Ok, vou fazê-lo. Abs.”.
Embora
os fatos mostrem com o mínimo detalhe que não são normais as atuações de
políticos do governo, há caracterização de enorme cinismo como eles se defendem,
sempre alegando que tudo teria sido feito em conformidade com os critérios
técnicos e no âmbito da legalidade, como se o tráfico de influência e a facilitação
sobre a obtenção de financiamento de campanha fossem apenas normais e
incensuráveis, em que pese isso representar privilégio no âmbito politico, em
detrimento de outros segmentos políticos.
O
ministro da Justiça está completamente cheio de razão, ao seu modo petista de
ser, ao afirmar que tem "absoluta convicção" sobre a lisura de
comportamento de seu correligionário ministro da Casa Civil, como forma de defendê-lo
de mais um caso suspeito de ter atuado de maneira não condizente com a
representação política, que exige, no mínimo, distância de negociatas e
facilitações entre os cidadãos, para beneficiamento apenas de partes, quando a
administração pública tem por escopo a exclusiva satisfação do interesse público.
Tudo
isso demonstra que é natural se comportar, no governo, por meio do tráfico de
influência dentro da administração pública, recebendo em troca, apoio de
doações de campanha, não importando a questão ética e muito menos a dignidade
que se exige dos homens públicos.
Isso
parece se amoldar à insignificância de país que já se acostumou à baixaria da
politicagem, em que os interesses pessoais ou partidários se sobrepõem às
causas nacionais, que ficam em planos secundários, em detrimento da dignidade
que se exige no exercício de cargos públicos.
Agora
fica muito claro o motivo pelo qual o petista, ex-presidente do país, insistiu
tanto para que seu pupilo assumisse a Casa Civil, que se justifica pela sua
extraordinária habilidade para negociação, conforme demonstram seus contatos
com os empreiteiros.
Convém
lembrar que a presidente da República não se cansa de defender a sua ilibada
conduta de muita honestidade, mas os fatos mostram que ela é bastante incapaz quando
se trata da escolha de seus assessores diretos, porque eles estão sempre no
furacão das denúncias sobre fatos suspeitos, como no caso recente dos
ministros das Comunicações e da Casa Civil, que não se cansam de rebater acusações
sobre falcatruas envolvendo seus nomes.
Até
quando a sociedade vai aturar que esse governo seja inundado com suspeitas de
irregularidades, por atuação de assessores diretos, e tudo continua como antes
no quartel de Abrantes, sem que ele tenha a mínima iniciativa de, pelo menos,
esboçar a necessidade de apurações sobre as graves suspeitas de irregulares
praticadas por eles, que se acham os verdadeiros danos da verdade ou, no
mínimo, consideram normais seus envolvimentos em casos escabrosos recrimináveis
pela sociedade, diante dos princípios da ética, moralidade, legalidade e
dignidade?
Em
se tratando de país com o mínimo de seriedade, o governo já teria promovido
completa e abrangente investigação, para se aquilatar a veracidade sobre os
fatos e responsabilizar, se for o caso, os culpados, não permitindo jamais que
as denúncias caiam no esquecimento, como forma de proteger as pessoas
denunciadas, que igualmente se sentem confortavelmente nos seus cargos, como se
tudo não passasse de intriga da oposição, que faz tudo para perturbar a
tranquilidade política do governo, na sua absoluta demonstração de apatia e
omissão diante das irregularidades que, no mínimo, deveriam ser investigadas,
para o fim de se mostrar seu resultado à sociedade, como forma de não evidenciar
sua cumplicidade com atos suspeitos de ilicitudes praticados por altos
assessores da Presidência, com possibilidade de macular a sua autoridade, que
tem a obrigação de ser modelo de lisura e de dignidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de janeiro de 2016
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