quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Princípios e felicidade


"Amai a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo". Palavras de Deus, reafirmadas por Jesus Cristo.

Um ex-padre argentino homossexual, que aposentou o hábito após confessar sua orientação sexual, escreveu uma carta ao papa com pedido no sentido de que ele se adapte "aos novos paradigmas do mundo contemporâneo", depois que o pontífice disse que não julga os homossexuais, fato que, na verdade, simplesmente condiz com a liturgia papal, que não tem direito de ficar julgando, a seu bel-prazer, o seu semelhante, justamente por contrariar os princípios ínsitos do cristianismo, que pregam a compreensão, a fraternidade e o amor entre os seres humanos.
Na realidade, o ex-padre foi coerente com seus princípios como ser humano, ao decidir trilhar seus caminhos desatrelados das exigências da Igreja Católica, que tem seus princípios, dogmas e regulamentos e precisam ser respeitados enquanto não forem alterados, independentemente de juízo de valor se isso é certo ou errado, porque cabe a ela a avaliação sobre o que lhe convém ou não, como instituição católica.
O ex-padre disse que "Já fui sacerdote católico, pastor, partilhei desse ímpeto missionário e dessa necessidade de reivindicação de abertura eclesial. Até que decidi seguir outro caminho quando descobri minha própria tendência homossexual e admitir minha impossibilidade de exercer o ministério pastoral em celibato", que nada mais é do que a coerência que se exige em relação ao princípio da tolerância sobre a individualidade, no que se refere ao respeito aos sentimentos e orientações pessoais.
Não há a menor dúvida de que a decisão do ex-sacerdote condiz com o seu sentimento de independência pessoal, uma vez que as suas vocações homossexuais não se encaixam com a doutrina cristã, de não aceitação de pessoa declarada e assumida como verdadeiramente é, embora essa condição de viver e de ser feliz contradiz também o pseudossentimento de felicidade pregado pela própria igreja, ante a inexistência da proibição quanto à compreensão daquilo que pode contribuir para potencializar o estado de felicidade pessoal.
Na verdade, o estado de felicidade ínsito do ser humano não se harmoniza, em absoluto, com a imposição de restrições, por menores que elas sejam, porquanto querer ser feliz é exatamente assumir a prática de ações que propiciem prazer e satisfação pessoal, no bom sentido da realização de seus bons sentimentos, em consonância, inclusive, com os princípios fundamentais do cristianismo, que tem como finalidade precípua a construção do amor entre as pessoas.
As pessoas precisam se sentir felizes e realizadas na forma como entendem que devem construir e desenvolver a sua vida de felicidade, inclusive defendendo com garra os princípios que acharem que são corretos e capazes de propiciar a plena satisfação de conviver com os seus semelhantes, independentemente do sentimento ou da doutrina instituídos por pessoas ou entidades, que obviamente devem ser aceitas ou adotadas se houver conveniência e compatibilidade com suas convicções ou vocações, de modo que possam contribuir para o fortalecimento de seus sentimentos de plena felicidade.
Definitivamente, não parece, em absoluto, correto ou justo o paradigma da condenação do amor entre pessoas pelo simples fato de não seguir o que foi convencionado como sendo certo ou errado ou ainda adotado de forma até egoística como padronização ideal para as relações sociais ou amorosas entre os seres humanos, quando a rigidez de padrão pode ter pecado redondamente em desprezar a essencialidade dos sentimentos pessoais, das necessidades de adaptações sociais e, em última análise, da própria evolução da humanidade, que não podem ficar estratificadas, sob pena de prejudicar as importantes conquistas da humanidade, que tem todo direito de continuar em permanente crescimento, para satisfazer plenamente seus sentimentos de felicidade, que foi sabiamente criado e disponibilizado para os homens pelo ser Supremo, que apenas estabeleceu feliz condição libertária de crescei e multiplicai, para o bem de todos, sem qualquer imposição de restrição de liberdade de sentimentos, que é princípio essencial desencadeador da felicidade.
Na realidade, é mais do que justo que o amor de Deus seja perseguido, cultuado e difundido por meio de puras e verdadeiras convicções, para o fim da construção da felicidade entre os seres humanos, que podem realizar seus sentimentos e experiências com as práticas do bem entre si, porque não se tem conhecimento que a disseminação do amor verdadeiro tenha sido prejudicial às relações saudáveis da sociedade, quando se entende que produção do desentendimento, da desarmonia ou da infelicidade é capaz de contrariar as tentativas da união entre pessoas, para a construção da felicidade, que pode ser interrompida com os injustificáveis julgamentos e condenações, exclusivamente por institucionalização envolvendo nada mais que conveniências ou interesses egoísticos.
Convém que as instituições tenham a sensatez de defender seus princípios religiosos, dogmáticos, ideológicos, políticos etc., sem que isso possa interferir no sentimento do ser humano, que deve ter a sua independência de comandar sua vontade como imagina ser a ideal para a construção da sua felicidade, não podendo ser estigmatizado por suas ações ou seus sentimentos pessoais, porque isso não se harmoniza com os princípios do amor.
Custa acreditar que, em pleno século XXI, diante dos avanços da humanidade, ainda haja espaço para a aceitação da inadmissível prática da indigna discriminação entre os semelhantes, tão somente pelo simples fato de haver tendência de sentimento sobre sexualidade ou confissão sobre o exercício de algo da sua predileção saudável, só porque isso não se encaixa exatamente no paradigma que foi convencionado pela sociedade ou por instituições como correto ou normal, uma vez que, perante os princípios de Deus, os seres humanos são, independentemente de ideologias, seus filhos dignos de acolhimento e de compreensão, não importando o seu credo, a sua etnia, cultura, as suas preferências e paixões amorosas ou sentimentais, porque nada disso tem influência no menor ou maior amor de Deus por eles, que são tratados e considerados todos perfeitamente nas mesmas condições de igualdade.
O ser humano precisa ter a dignidade de aceitar seu semelhante tal como ele é, independentemente de seus sentimentos ou suas vocações religiosas, ideológicas ou sentimentais, porque Deus acolhe a todos com o seu amor paternal que tem a mesma intensidade para todos e capaz de propiciar a plena felicidade.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de janeiro de 2016

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