"Amai a Deus sobre todas as coisas, e ao
próximo como a ti mesmo". Palavras de Deus, reafirmadas por Jesus
Cristo.
Um
ex-padre argentino homossexual, que aposentou o hábito após confessar sua
orientação sexual, escreveu uma carta ao papa com pedido no sentido de que ele
se adapte "aos novos paradigmas do
mundo contemporâneo", depois que o pontífice disse que não julga os
homossexuais, fato que, na verdade, simplesmente condiz com a liturgia papal,
que não tem direito de ficar julgando, a seu bel-prazer, o seu semelhante,
justamente por contrariar os princípios ínsitos do cristianismo, que pregam a
compreensão, a fraternidade e o amor entre os seres humanos.
Na
realidade, o ex-padre foi coerente com seus princípios como ser humano, ao
decidir trilhar seus caminhos desatrelados das exigências da Igreja Católica,
que tem seus princípios, dogmas e regulamentos e precisam ser respeitados
enquanto não forem alterados, independentemente de juízo de valor se isso é
certo ou errado, porque cabe a ela a avaliação sobre o que lhe convém ou não,
como instituição católica.
O
ex-padre disse que "Já fui sacerdote
católico, pastor, partilhei desse ímpeto missionário e dessa necessidade de
reivindicação de abertura eclesial. Até que decidi seguir outro caminho quando
descobri minha própria tendência homossexual e admitir minha impossibilidade de
exercer o ministério pastoral em celibato", que nada mais é do que a
coerência que se exige em relação ao princípio da tolerância sobre a
individualidade, no que se refere ao respeito aos sentimentos e orientações
pessoais.
Não
há a menor dúvida de que a decisão do ex-sacerdote condiz com o seu sentimento
de independência pessoal, uma vez que as suas vocações homossexuais não se
encaixam com a doutrina cristã, de não aceitação de pessoa declarada e assumida
como verdadeiramente é, embora essa condição de viver e de ser feliz contradiz
também o pseudossentimento de felicidade pregado pela própria igreja, ante a
inexistência da proibição quanto à compreensão daquilo que pode contribuir para
potencializar o estado de felicidade pessoal.
Na
verdade, o estado de felicidade ínsito do ser humano não se harmoniza, em
absoluto, com a imposição de restrições, por menores que elas sejam, porquanto querer
ser feliz é exatamente assumir a prática de ações que propiciem prazer e
satisfação pessoal, no bom sentido da realização de seus bons sentimentos, em consonância,
inclusive, com os princípios fundamentais do cristianismo, que tem como finalidade
precípua a construção do amor entre as pessoas.
As
pessoas precisam se sentir felizes e realizadas na forma como entendem que
devem construir e desenvolver a sua vida de felicidade, inclusive defendendo com
garra os princípios que acharem que são corretos e capazes de propiciar a plena
satisfação de conviver com os seus semelhantes, independentemente do sentimento
ou da doutrina instituídos por pessoas ou entidades, que obviamente devem ser
aceitas ou adotadas se houver conveniência e compatibilidade com suas
convicções ou vocações, de modo que possam contribuir para o fortalecimento de
seus sentimentos de plena felicidade.
Definitivamente,
não parece, em absoluto, correto ou justo o paradigma da condenação do amor
entre pessoas pelo simples fato de não seguir o que foi convencionado como
sendo certo ou errado ou ainda adotado de forma até egoística como padronização
ideal para as relações sociais ou amorosas entre os seres humanos, quando a rigidez
de padrão pode ter pecado redondamente em desprezar a essencialidade dos
sentimentos pessoais, das necessidades de adaptações sociais e, em última
análise, da própria evolução da humanidade, que não podem ficar estratificadas,
sob pena de prejudicar as importantes conquistas da humanidade, que tem todo
direito de continuar em permanente crescimento, para satisfazer plenamente seus
sentimentos de felicidade, que foi sabiamente criado e disponibilizado para os
homens pelo ser Supremo, que apenas estabeleceu feliz condição libertária de
crescei e multiplicai, para o bem de todos, sem qualquer imposição de restrição
de liberdade de sentimentos, que é princípio essencial desencadeador da
felicidade.
Na
realidade, é mais do que justo que o amor de Deus seja perseguido, cultuado e
difundido por meio de puras e verdadeiras convicções, para o fim da construção
da felicidade entre os seres humanos, que podem realizar seus sentimentos e
experiências com as práticas do bem entre si, porque não se tem conhecimento
que a disseminação do amor verdadeiro tenha sido prejudicial às relações saudáveis
da sociedade, quando se entende que produção do desentendimento, da desarmonia
ou da infelicidade é capaz de contrariar as tentativas da união entre pessoas,
para a construção da felicidade, que pode ser interrompida com os
injustificáveis julgamentos e condenações, exclusivamente por
institucionalização envolvendo nada mais que conveniências ou interesses
egoísticos.
Convém
que as instituições tenham a sensatez de defender seus princípios religiosos,
dogmáticos, ideológicos, políticos etc., sem que isso possa interferir no
sentimento do ser humano, que deve ter a sua independência de comandar sua
vontade como imagina ser a ideal para a construção da sua felicidade, não
podendo ser estigmatizado por suas ações ou seus sentimentos pessoais, porque
isso não se harmoniza com os princípios do amor.
Custa acreditar que, em pleno século XXI, diante
dos avanços da humanidade, ainda haja espaço para a aceitação da inadmissível
prática da indigna discriminação entre os semelhantes, tão somente pelo simples
fato de haver tendência de sentimento sobre sexualidade ou confissão sobre o
exercício de algo da sua predileção saudável, só porque isso não se encaixa
exatamente no paradigma que foi convencionado pela sociedade ou por
instituições como correto ou normal, uma vez que, perante os princípios de
Deus, os seres humanos são, independentemente de ideologias, seus filhos dignos
de acolhimento e de compreensão, não importando o seu credo, a sua etnia,
cultura, as suas preferências e paixões amorosas ou sentimentais, porque nada
disso tem influência no menor ou maior amor de Deus por eles, que são tratados
e considerados todos perfeitamente nas mesmas condições de igualdade.
O ser humano precisa ter a dignidade de aceitar seu
semelhante tal como ele é, independentemente de seus sentimentos ou suas vocações
religiosas, ideológicas ou sentimentais, porque Deus acolhe a todos com o seu
amor paternal que tem a mesma intensidade para todos e capaz de propiciar a
plena felicidade.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de janeiro de 2016
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