segunda-feira, 13 de março de 2017

A coca venceu o império do mundo?

O presidente da Bolívia sancionou lei versando sobre o aumento de 12 mil para 22 mil hectares a superfície legal de cultivos da coca naquele país.
Na ocasião, usando colar feito com folhas da planta, o presidente boliviano disse que a coca “venceu” a batalha contra os Estados Unidos da América, que buscavam sua erradicação total.
No ato de promulgação da lei, o presidente boliviano disse que a nova legislação garante “por toda a vida” a produção de folhas de coca nos departamentos de La Paz e Cochabamba, no centro do país, porque esta foi a “luta” dos cocaleiros contra os diversos planos que tentaram eliminar as plantações, em definitivo.
Ele disse que: “Em outras palavras, a folha de coca venceu o império americano. A coca venceu os Estados Unidos nesta dura batalha, porque os Estados Unidos querem zero de coca”.
O líder boliviano aprovou a nova Lei da Coca no palácio do governo, com a presença das principais autoridades do país, chefes militares e policiais, sindicalistas ligados ao governo e produtores de folhas de coca, sobretudo da região central de Chapare, seu reduto sindical e eleitoral.
A Constituição daquele país reconhece usos culturais, rituais e medicinais da coca, embora ela não reconheça a parte da coca destinada à produção desviada para o narcotráfico, que a transforma em cocaína e tem sido a principal fonte de recursos dos cocaleiros.
A produção da coca na Bolívia foi regulamentada em 1988, estabelecendo o limite máximo de 12 mil hectares de cultivos legais que só podiam ser produzidos na região dos Yungas, em La Paz, mas, mediante convênio assinado pelo governo com os plantadores de coca, foi permitido o cultivo em Chapare de máximo de 3.200 hectares, embora esse limite sempre foi ignorado pelos camponeses dessa região, que produziam o dobro do volume permitido.
Além de aumentar a superfície legal das plantações para 22 mil hectares, a nova lei também isenta os produtores da planta do pagamento de tributos por essa atividade, ou seja, o incentivo para o aumento da produção foi mais que generoso, por parte de governo que pouco importa a desgraça do ser humano.
Os principais líderes da oposição criticaram o aumento da superfície de plantio da coca, sob o argumento de que a medida vai contribuir para gerar mais narcotráfico. 
Não obstante, o governo justificou a questionada medida, esclarecendo que a nova produção de coca irá suprir o consumo interno tradicional e permitir o fomento da industrialização de derivados legais da coca e a sua exportação.
O presidente cocaleiro se manifestou de forma categórica, ao afirmar que “chegou a hora de enterrar a lei 1008, que busca zero de coca na Bolívia” e ainda ressaltou que seu governo seguirá cumprindo com seus compromissos na luta antidrogas, afirmação que significa brutal incoerência, por se tratar de falácia de combate às drogas, quando o presidente expande a área de plantação da matéria-prima da cocaína.
Por seu turno, o presidente reiterou sua rejeição ao relatório do Departamento de Estado dos EUA que cita Bolívia, Mianmar e Venezuela como os países onde existe maior “fracasso demonstrável” na hora de implementar suas obrigações internacionais na luta antidrogas, tendo asseverado que “O único demonstrável é que os governos dos EUA não podem submeter a Venezuela e a Bolívia. Não somos países submissos aos governos dos EUA”.
Com certeza, o tráfico de drogas também será turbinado e muito mais gente vai ser prejudicada, em razão da maior oferta da cocaína, certamente em benefício da Bolívia, que acaba de incentivar a produção dessa desgraça contra a saúde e vida do ser humano.
Causa perplexidade, o presidente de um país se orgulhar de ter contribuído para fomentar a produção de coca, a planta base da cocaína, que tem certamente como destinação o resto do mundo, que já demonstrou total incapacidade de controle do seu tráfico, a exemplo do Brasil, que tem sido usado como principal e importante distribuidor desse maléfico produto para o mundo.
Há verdadeira demonstração de que a Bolívia simplesmente afronta o mundo, com o aumento da produção da coca, quando o normal seria o contrário, ou seja, a diminuição das áreas de plantio da coca, diante dos efeitos devastadores que a cocaína atinge os seres humanos.
À toda evidência, o ato destruidor de vidas humanas, agora materializado com muita pompa, não visou atingir exclusivamente os Estados Unidos da América, como deixou muito claro a irracional e irresponsável mente do presidente boliviano, mas certamente toda humanidade, diante dos efeitos maléficos e arrasadores produzidos por essa droga letal.
Considerando que a coca é uma desgraça que se alastra pelo mundo como rastilho de pólvora, sem a menor dificuldade, e ainda com terrível poder de afetar, de forma letal, as pessoas e as famílias de todos os países, é inconcebível que a Bolívia se vanglorie de ter aumentado a área de plantação da coca e mesmo assim ainda mantenha relações diplomáticas com nações sérias, civilizadas e conscientes dos efeitos devastadores da cocaína.
Por certo, se a ONU fizesse pressão junto às nações para que elas se afastassem da Bolívia, ou seja, este país fosse isolado diplomaticamente dos países evoluídos e civilizados, aquela nação cocaleira não resistiria nem ousaria desafiar não somente os EUA, mas o mundo, com o absurdo e descabido aumento das áreas de plantio da coca, que ainda se funda, pasmem, em usos culturais, rituais e medicinais da planta, o que muito demonstra a gigantesca involução cultural e de civilidade de um povo.
Certamente que o completo afastamento, em termos diplomático, da Bolívia das nações evoluídas e civilizadas obrigaria drástica e imediata redução do cultivo da coca, porque nenhum país teria condições de existiria com o seu isolamento do resto do mundo, salvo dos países socialistas, que têm e professam a mesma ideologia de atraso e retrocesso socioeconômico. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 13 de março de 2017

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