Segundo
o Estadão, um manifesto assinado por 424 pessoas, figurando entre elas artistas
e intelectuais simpatizantes do petismo, defenderam a candidatura do
ex-presidente da República petista ao Palácio do Planalto, tendo anunciado que
eles vão lançar na proximamente plataforma online para coletar assinaturas de
internautas ao documento.
Em
síntese, a denominada "Carta das
(os) brasileiras (os)" pede ao
ex-presidente que considere a possibilidade de se colocar "desde já" à disposição para a sua
candidatura presidencial, em 2018, sob o argumento de que "É o compromisso com o Estado Democrático de
Direito, com a defesa da soberania brasileira e de todos os direitos já
conquistados pelo povo desse País, que nos faz, através desse documento,
solicitar ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva que considere a
possibilidade de, desde já, lançar a sua candidatura à Presidência da República
no próximo ano, como forma de garantir ao povo brasileiro a dignidade, o
orgulho e a autonomia que perderam".
O
manifesto tem a assinatura de teólogo, músico, ex-ministros do governo
afastado, líderes, representantes de movimentos sociais, como o líder do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), sindicalistas, além de
professores universitários e profissionais liberais.
O
manifesto diz que o Brasil "precisa
de Lula", como forma possível de se avançar na inclusão social,
assegurar a soberania sobre o pré-sal e o território nacional, fazer com que o
Brasil volte "a ter um papel ativo
no cenário internacional" e a "distribuir com todos os brasileiros aquilo que os brasileiros produzem".
O
manifesto em apreço se tornou objeto de discussão na rede social Twitter no
Brasil, quando uma apresentadora da Rádio Jovem Pan fez crítica contra ele,
tendo merecida rápida adesão de usuários, que atribuíram à intempestiva campanha
forma de "homenagem ao réu candidato
e aos intelectuais que o apoiam".
As
pessoas de pouca inteligência, ao contrário do grandioso entendimento dos
intelectuais, têm astronômica dificuldade para compreender a afirmação tão
pacífica de que "... lançar a sua
candidatura à Presidência da República no próximo ano, como forma de garantir
ao povo brasileiro a dignidade, o orgulho e a autonomia que perderam",
tendo em vista que se trata de apelo em favor de alguém que se encontra
envolvido em suspeitas da prática de irregularidades com recursos públicos, à
vista de inúmeras denúncias sobre fatos delituosos, muitos dos quais já até foram
transformados em denúncias aceitas pela Justiça, em razão do levantamento de
provas substanciais promovidas pelas referidas apurações, cujos fatos pendem,
evidentemente, dos esclarecimentos e das justificativas por parte do político
escolhido para se lançar candidato ao Palácio do Planalto.
Ao
que se parece os termos do manifesto de que se trata pode contribuir para
confundir tremendamente a concepção de muitos brasileiros que entendem que
dignidade, orgulho e autonomia não condizem, em absoluto, com suspeitas da
prática de atos ilícitos, a exemplo daqueles que estão sendo investigados pela
Operação Lava-Jato, cujos envolvidos precisam compreender que o exercício de cargos
públicos, inclusive os eletivos, exige, nos termos da Constituição e da
legislação pátrias, que o homem público comprove conduta ilibada e absolutos
zelo e responsabilidade pela coisa pública, como forma de realmente garantir
aos brasileiros dignidade, orgulho e autonomia perdidos com os péssimos
exemplos protagonizados por dezenas de homens públicos, que, em defesa de seus
interesses, se envolveram em casos de corrupção, em completo desprezo aos
princípios da ética, moralidade, legalidade, dignidade, entre tantos que são
inalienáveis das saudáveis condutas políticas.
Causa
perplexidade que artistas e intelectuais tupiniquins de esquerda não consigam
enxergar e muito menos aceitar os resultados das investigações levadas a efeito
pela força-tarefa da Operação Lava-Jato, que comprovam à saciedade o mar de
sujeita do governo afastado, onde foram extrapolados todos os recordes mundiais
de corrupção e de desmoralização de um país, diante do desvio de montanhas de
recursos para cofres de partidos políticos e bolsos de inescrupulosos
políticos, empresários e executivos, cujos maus-tratos e irresponsabilidades contra o patrimônio
público não foram ainda assumidos pelos principais envolvidos, que são do
conhecimento da nação.
Essa
dificuldade de percepção da realidade sobre os fatos tem o condão de mostrar o
nível desses personagens, que demonstram total insensibilidade com relação à
verdadeira situação de penúria ética e moral, por força dos escândalos que
abalaram as estruturas da dignidade dos brasileiros, que também se sacrificaram
com a desastrada gestão afastada, responsável pela devastação das contas
públicas, com os incalculáveis e assombrosos rombos, que tiveram reflexo direto
na recessão econômica e no desemprego, além de contribuírem para a notória falta
de investimentos público e privado.
Ditos
artistas e intelectuais demonstram irresponsável e injustificável bajulação a
político que não faz outra coisa senão se preocupar com a reconquista do poder
e da dominação absoluta das classes política e social, sem acenar para nenhum
sentimento sobre a causa maior da nacionalidade, diante do evidente
desinteresse em prestar contas à sociedade sobre os fatos suspeitos e
denunciados sobre o possível envolvimento dele com atividades ilícitas,
inclusive com provável recebimento de benefício oriundo de propina.
Nessas
circunstâncias, convém, em nome da dignidade e da lisura que devem imperar nas
atividades político-partidárias, que qualquer candidatura seja defendida no seu
devido tempo e somente após os imprescindíveis esclarecimentos à Justiça sobre
os fatos investigados e denunciados pela Operação Lava-Jato, conquanto pensamento
diferente disso tem o condão de mostrar completa dissonância com os princípios
da ética, moralidade, dignidade, legalidade, entre outros compatíveis com o
exercício de cargos públicos, inclusive eletivos.
Por
certo, nem nas republiquetas os artistas e intelectuais de lá teriam a torpeza
de liderar manifesto em defesa de causa visivelmente nebulosa, por envolver
político com situação pública completamente tragada por suspeitas da prática de
atos ilícitos contra a administração pública, já tendo sido enquadrado como réu
pelos graves crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, obstrução à
Justiça, organização criminosa, todos incapacitantes para o exercício de cargos
públicos, quanto mais o de presidente do país, cujo ocupante precisa comprovar
conduta ilibada e não responder a qualquer processo penal, sob pena de não preencher
os requisitos essenciais de moralidade e dignidade.
Certamente
que a mentalidade dos artistas e intelectuais que defendem à volta do político
ao Palácio do Planalto prestariam enorme benefício ao país se o convencerem a,
antes do lançamento da pretendida candidatura, empenhar-se em mostrar a sua
inculpabilidade sobre os fatos denunciados acerca da prática de corrupção e do
beneficiamento de dinheiros ilícitos, como forma de se confirmar a rigorosa
observância aos saudáveis princípios pertinentes à moralidade e à dignidade, que
não podem se afastar dos homens públicos respeitados por sua conduta íntegra e
responsável pelo zelo com a coisa pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 4 de março de 2017
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