Em entrevista a um programa televisivo de esportes,
o goleiro assassino, sem mencionar o caso rumoroso assassinato de um ser humano,
que o levou a ser condenado em primeira instância a mais de 22 anos de prisão,
e muito menos arrependimento por seu ato bárbaro, pediu que as pessoas lhe dessem
nova chance.
Ele ressaltou que, “Como posso cumprir uma pena se eu sou um condenado provisório? Eu penso
que, da mesma forma que a justiça foi feita contra mim, a justiça também precisa
ser feita a meu favor”, tendo pedido que as pessoas tenham mais “sentimento” com ele e o deixem retomar a
carreira de jogador profissional.
O goleiro afirmou que “Não posso jogar o meu sonho fora assim. Assim como o Boa teve coragem
de enfrentar o mundo para ficar comigo, eu peço oportunidade para as pessoas.
Eu não vou parar.”.
Evitando comentar o caso do assassinato protagonizado
por ele, o goleiro repetiu que merece uma chance para seguir a sua vida, tendo
alegado: “Você tem de se arrepender das
coisas do passado e se tornar uma pessoa melhor. Não é porque você está no
fundo do poço que tem de ficar lá. Se tem pessoas estendendo a mão para subir,
você tem de subir.”.
O jogador foi condenado, em primeira instância, a
22 anos e três meses de prisão pelo sequestro, assassinato e ocultação de
cadáver da sua ex-amante, mas foi libertado, por um ministro do Supremo
Tribunal Federal, após ter cumprido pouco mais de seis anos de pena, em razão
da falta de decisão, pela segunda instância da Justiça mineira, sobre recurso interposto por ele.
Ou seja, a decisão do Supremo levou em conta o fato
de o goleiro estar preso há mais de seis anos, sem que a pena tivesse sido
referendada pela segunda instância, que se trata tão somente de avaliação sobre
a regularidade do julgamento do caso, isto é, sem o reexame do mérito, eis que,
nesse caso, a decisão teve importante participação da sociedade, com a representação
do jurado.
O último trecho da entrevista do jogador demonstra grave
desvio de personalidade dele, por ter afirmado que, "Se tem pessoas estendendo a mão para subir, você tem de subir",
ao se referir à sua contratação por um time mineiro, mas ele ignora que ele foi
absolutamente incapaz de estender a sua mão para a sua vítima, que foi
empurrada estupidamente por suas mãos, sem piedade, para as profundezas da insensibilidade
humana.
Veja-se outra gritante incoerência do jogador, ao pedir
que as pessoas tenham mais “sentimento”
com relação ao caso dele, conquanto qual teria sido o sentimento dele perante a
vítima, que foi brutalmente assassinada e ainda há informação de que o corpo
dela teria sido esquartejado pela desumana ação comandada pelo brutamonte que
ainda tem a indignidade de apelar por sentimento de benevolência para com ele?
O
apelo de nova chance feito pelo goleiro assassino teria cabimento no âmbito da
racionalidade, do bom senso e do sentimento próprio de ser humano normal, o que
não é o caso do apelante que cometeu crime bárbaro, sem a menor piedade, contra
pessoa fragilizada e indefesa, diante do grupo de facínoras.
O
certo é que a vítima, cruelmente assassinada, não tem agora a mínima possibilidade
de merecer qualquer chance de voltar a viver e também de retomar seu projeto de
vida, inclusive de criar o filho, fruto do relacionamento entre ela e o seu
algoz.
O
goleiro precisa se conscientizar de que o seu acentuado egoísmo, demonstrado
desde que obteve a liberdade da prisão, somente contribui para dificultar a
compreensão acerca da sua pretendida benevolência por parte das pessoas conscientes
sobre o respeito à dignidade da vida do ser humano, que foi por ele desprezado
literalmente ao extremo.
A
única forma de haver possível aceitação do retorno do goleiro ao seio da
sociedade seria a sua mudança de mentalidade quanto ao cruel crime de
assassinato, por meio de sincera demonstração de reconhecimento do seu gravíssimo
erro, acompanhado de arrependimento, a par de ainda contribuir para a localização
dos restos mortais da sua vítima, de modo que a sua atitude de civilidade seja compatível
com a dignidade de quem realmente pretende ter nova chance de ser aceito e reintegrado
ao convívio social, em condições de respeito mútuo ao seu semelhante.
Caso
contrário, o seu notório comportamento de alheamento à realidade dos fatos,
dando a entender como se nada tivesse acontecido de monstruoso, bárbaro e
desumano, dificilmente a sociedade irá aceitar que pessoa alienada, que só
pensa em si, seja aceita normalmente como se ela fosse a vítima e que precisa
de compreensão e de sentimento de magnanimidade, dando a impressão de que os
brasileiros são um bando de insensíveis imbecis, que aceitam a prática da violência
de extrema gravidade contra a sociedade somente porque alguém simplesmente entende
que merece de nova chance, sem que demonstre, em respeito à dignidade humana, o
mínimo de arrependimento com relação à atrocidade praticada. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de março de 2017
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