sábado, 18 de março de 2017

A insuficiência dos fatos alternativos

É notório que, somente sendo julgadas no âmbito jurídica, as ações objeto das denúncias contra o maior político brasileiro certamente resultarão em derrota fragorosa contra ele, em função da robusteza das provas levantadas que o incriminam, e não porque a força-tarefa da Operação Lava-Jato o persegue, por qualquer motivo que seja.
É possível que seja deflagrada guerra por parte dos simpatizantes e adoradores do líder político, caso ele seja condenado pela Justiça em algum dos diversos processos nos quais ele responde como réu, conforme acaba de ser preconizado por um fiel porta-voz e escudeiro dele.
Esse porta-voz não demonstrou o mínimo de preocupação em contestar as acusações que foram colocadas nos ombros do líder-mor, deixando entender que tem sido normal a falta de argumentos plausíveis capazes de refutar as denúncias que o incriminam, cuja defesa propriamente fica a desejar até mesmo por parte dos advogados que cuidam dos casos denunciados, que também não têm conseguido construir e alinhavar argumentos consistentes para infirmá-las.
É evidente que, para ele e os demais simpatizantes do político, o ex-presidente teria praticado o único crime de ajudar os pobres e, se ele for condenado, será por essa causa, que eles consideram correta, justificando mobilização de militantes em defesa do pai dos pobres.
Com base nesse pensamento, o fidelíssimo porta-voz alerta no sentido de que “eles pensarão duas vezes antes de fazer bobagem”, ou seja: “os tribunais não terão coragem de confirmar sua eventual condenação.”, dando a entender que a mística em torno do líder-mor induzirá a militância a sair às ruas para lutar e intimidar os magistrados incumbidos de julgá-lo.
A falta de elementos capazes de destruir as provas coligidas pela Lava-Jato contra o político fez com que a equipe da sua defesa se dirigisse à Organização das Nações Unidas, com recurso destinado a refutar com meras acusações de inverdades e por meios transversos, as sólidas acusações, alegando sobretudo suposta perseguição política que estaria sendo empreendida pelo implacável magistrado de Curitiba contra ele. Além de usar as audiências na Lava-Jato na tentativa de irritá-lo, buscando tirá-lo da seriedade compatível com julgador imparcial, tendo por objetivo a obtenção de material para a sustentação de argumentos de que o juiz atua deliberadamente para prejudicar os interesses do político.
Diante desses fatos lamentáveis, não há a menor dificuldade para se entender a razão pela qual o país foi conduzido a tal situação de precariedade e de grave crise econômica, principalmente no desempenho da administração pública, à vista da péssima prestação dos serviços púbicos à população, que foi a pior possível, conforme vinha sendo atestada pelo povo, muitas vezes protestando nas ruas contra o desmando e o desgoverno de então.
O partido com o nome que tem foi considerado autêntico inimigo dos trabalhadores, em razão das progressivas perdas de cargos de trabalho, causando o maior recorde da história de desemprego da República, de todos os tempos.
Em contraposição às adversidades incontestáveis, o partido e sua militância apaixonada e inflamada pelo fanatismo ideológico, embora responsáveis pela pior crise econômica da história brasileira e pelo estrelado do maior escândalo de corrupção da face da terra, ainda se esforçam e se empenham em criar os chamados “fatos alternativos”, nome que foi notabilizado para a sustentação de mentiras e distorções criadas para embaralhar a realidade dos fatos e esconder a cruel verdade, que se confunde a destruição da economia e a interrupção do desenvolvimento da nação.
As articulações produzidas pelos petistas objetivam produzir o sentimento maior de que o PT e suas principais lideranças foram transformados em vítimas da enorme injustiça protagonizada pela “elite”, que, segundo o porta-voz, “enxergava no PT a raiz e o máximo da corrupção e agora está vendo quem de fato assaltou o país”, ao assegurar que não foi o partido que “de fato” assaltou o país, tendo concluído que os brasileiros são todos idiotas, que se comportam como se o PT não fosse o responsável pelo estado da arte que atingiu a corrupção no Brasil.
No entender do porta-voz, a economia afundou depois que a então presidente “começou a mexer no andar de cima”, quando ela “fez a redução de juros, não privatizou as elétricas e começou a ir para cima da taxa de lucro das concessões”. Foi então que “o capital começou a perder e acabou a brincadeira”. Isso “acendeu esse ódio” e “radicalizou-se tanto que acabaram destruindo a economia do país”.
Tudo isso não passa de desculpas esfarrapadas, como forma irresponsável de não assumir o fracasso pela execução de políticas públicas sérias e competentes, quando os fatos mostram a realidade nua e crua de governança desastrada, irresponsável e incompetente, completamente prejudicial aos interesses nacionais.
Na verdade, o que complica a situação do partido é a extrema insuficiência dos “fatos alternativos” produzidos justamente na tentativa de acobertar e esconder a autêntica e cruel realidade revelada, com destaque para as investigações da Operação Lava-Jato, dando conta dos estragos causados ao patrimônio da Petrobras, graças à ganância desenfreada pela dominação das classes política e social e da perenidade no poder, que levara ao aparelhamento da estatal por “habilidosos” executivos na arte de desviar recursos para partidos de sustentação da governabilidade.  
À luz dos trágicos acontecimentos que vieram à tona, reiteradamente renegados quanto à sua paternidade, embora seja de todos conhecida e aceita sem a menor contestação como sendo de quem se diz o paladino da ética, dificilmente “fatos alternativos” sejam capazes de restaurar a reputação tão maculada e chafurdada com as acusações e denúncias da maior gravidade de corrupção ao extremo, impossibilitando qualquer tentativa de desvinculação com as irregularidades.
Urge que a verdade triunfe sobre as absurdas tentativas de se esconder o que realmente aconteceu de drástico contra os interesses dos brasileiros, de modo que os responsáveis por tamanha tragédia nacional tenham a nobreza e a dignidade de assumir a autoria dos fatos deletérios e prejudiciais ao interesse público, para que seja possível a promoção da merecida assepsia do câncer da corrupção e das incompetências administrativas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 19 de março de 2017

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