terça-feira, 7 de março de 2017

À espera de socorro humanitário

Segundo pesquisa realizada em Caracas, capital da Venezuela, nove em cada dez venezuelanos consideram que as coisas em seu país "vão mal", e a maioria pensa que ainda vão piorar.
Ou seja, a marcha da daquele país é claramente percebida, de forma negativa, por 90% dos consultados pela empresa Datos, e 77% dos entrevistados acreditam que o cenário será ainda pior, nos próximos seis meses.
A pesquisa, contratada pela Câmara Venezuelana-Americana de Comércio e Indústria (Venamcham), estabeleceu ainda que 95% dos entrevistados percebem que sua situação econômica é pior hoje do que há um ano, levando-se em conta o desabastecimento de bens básicos e o alto custo de vida, que são os problemas que mais preocupam a população.
Nos últimos anos, as referidas inquietações se juntaram à alarmante insegurança pessoal, que se tornaram os principais problemas, especialmente a partir de 2014, quando a acentuada queda dos preços do petróleo contribuiu para agravar a devastadora crise econômica.
Para 93% dos consultados, sua renda mensal é suficiente para adquirir metade ou menos da metade dos produtos de que necessitam para viver e cerca de 48% deles disseram que têm acesso a "muito poucas coisas", enquanto 94% destacaram que a compra de comida entre seus principais gastos, ou seja, não sobra quase nada para as demais necessidades sociais.
O pessimismo também se reflete na quantidade de pessoas dispostas a emigrar, especialmente as mais jovens, sendo que 77% dos consultados, entre 18 e 21 anos, asseguraram que sairiam da Venezuela se tivessem a oportunidade. Cerca de 67% das pessoas de 22 a 35 anos alegam que fariam o mesmo.
Segundo um sociólogo que investiga o fenômeno social, ao menos 1,2 milhão de venezuelanos emigraram nos últimos 15 anos, fato que demonstra enorme insatisfação do povo com a situação caótica do país.
Um diretor do instituto de pesquisas previu forte queda do consumo, neste ano, ao afirmar que, "Em 2017, o problema (para os empresários) não é ter produtos, mas vendê-los, porque o consumidor não tem poder aquisitivo".
Outra terrível constatação é a de que os venezuelanos sofrem com os efeitos da inflação mais alta do mundo, projetada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pasmem, em 1.660% para 2017, e uma intensa escassez de alimentos básicos e de medicamentos.
É inacreditável como os venezuelanos ainda têm forças e resistência para suportar brutal situação imposta ao ser humano por governo autoritário, ditatorial, incompetente e ainda cercado por bajuladores absolutamente insensíveis ao clamor da população, que está sendo dizimada em ritmo de crueldade e de sadismo contra pessoas ingênuas e indefesas, conforme mostra o resultado da pesquisa em tela.
É simplesmente inacreditável como, numa situação de completo caos, com as estruturas do país totalmente destruídas e o povo sendo esmagado pela opressão e incompetência da gestão pública, essa população não consiga se indignar e reagir contra a ruína, o abismo e a plena destruição, considerando que a sua maioria esmagadora chegou à conclusão de que a situação do país é ruim e tende a piorar ainda mais, nos próximos meses.
A única ilação que pode ter, à luz do resultado da pesquisa em comento, é a de que o povo vai esperar acontecer o debacle para reagir e não aceitar que esse estado deplorável tenha continuidade, sabendo-se que a classe dominante se encontra imune ao sofrimento e às condições adversas, eis que ela não se submete aos rigores do péssimo e trágico tratamento dispensado à população, que é obrigada a obedecer à draconiana cartilha totalitária imposta pela desgraçada Revolução Bolivariana.
Não há dúvida de que esse é o retrato fiel da destruição dos direitos humanos e dos princípios democráticos, onde o povo tem o único direito de respirar livremente, ante a impossibilidade do controle estatal sobre o oxigênio.
Pobre povo venezuelano que, agora, está pagando preço altíssimo por sua insensata e errada escolha do regime comunista/socialista, absolutamente contrário aos princípios humanitários, o qual somente existe em decorrência do endeusamento de um ditador igualmente perverso e desumano como o presidente daquele país.
Não se pode olvidar que o anterior governo brasileiro contribuiu para esse estado lamentável de coisas, por ter apoiado, de forma incondicional, a maldita revolução e seus mentores, inclusive com maciça ajuda financeira, em prejuízo dos interesses brasileiros, uma vez que os recursos repassados a fundo perdido àquele país teriam minimizado o sofrimento de muitos brasileiros.
Diante da lastimável situação social, de clara calamidade humanitária, é urgente que as entidades e os organismos internacionais apoiadas pela Organização das Nações Unidas de direitos humanos ajam e atuem em defesa da população da Venezuela, como forma de se evitar a destruição de um povo ingênuo e indefeso, que, quanto mais reclama, a sua situação fica cada vez mais angustiante, à vista da progressiva piora das já precárias condições socioeconômicas, em razão da generalizada escassez de produtos de primeira necessidade, inclusive de remédios, a par do desprezo aos direitos humanos e princípios democráticos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 7 de março de 2017

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