segunda-feira, 20 de março de 2017

O Brasil volta a decolar?

A revista The Economist põe em destaque, na sua capa, junto com outros países o Brasil sob a forma de balão em ascensão. Os outros balões, que aparecem acima do que representa o Brasil, trazem as bandeiras dos Estados Unidos da América, da União Europeia, da China, do Reino Unido, do Japão e da Índia.
A reportagem de capa ressalta que há muito tempo o crescimento econômico global não ficava tão sincronizado e generalizado e, que “mesmo em lugares afeitos à recessão, o pior já passou. A economia brasileira vem encolhendo por oito trimestres, mas, com expectativas de inflação domadas, as taxas de juros estão caindo. Brasil e Rússia provavelmente vão contribuir, e não subtrair do PIB mundial neste ano”.
A propósito, o presidente brasileiro disse que está começando a se retomar a confiança no país e que “Estamos começando a restabelecer a confiança no país. Vejam, convenhamos, a inflação caiu de 10,7% para no fim do ano 6,29% e hoje está em 5,2%. E a projeção é que ao final do ano estará abaixo de 4%, sendo que o centro da meta é 4,5%; e isso num tempo curtíssimo”.
O presidente vinha falando, nos discursos anteriores, na convergência da média dos preços ao consumidor para próximo do centro da meta, que é de 4,5%.
Nessa linha de otimismo, o governo vem comemorando o resultado da geração de empregos formais em fevereiro, que superou as demissões pela primeira vez, em 22 meses.
Em abril do ano passado, ainda no governo anterior, aquela revista colocou o Cristo Redentor pedindo socorro, em alusão à grave crise econômica que tomava conta do país sem governança e sem perspectivas de estancamento da sangria das precariedades administrativas.
Em novembro de 2009, o Brasil foi objeto de reportagem da The Economist, que ilustrou na sua capa o Cristo Redentor alçando voo com o sugestivo título “O Brasil decola”, com a afirmação de que o país deveria se tornar a quinta maior economia do planeta e que o maior risco para a nação seria a arrogância, talvez do governo.
Quatro anos mais tarda daquela reportagem, a revista voltaria a destacar o país em suas publicações, mas a edição trazia o Cristo Redentor caindo, após voo malsucedido, com destaque para o questionamento: “O Brasil estragou tudo?”, que fazia clara referência à forte estagnação econômica que o país enfrentava durante 2013 e que se estendeu nos anos seguintes.
A nova publicação dá um sopro de esperança, com a volta da economia à retomada do rumo perdido, diante das perspectivas do aquecimento dos fatores de desenvolvimento, principalmente tendo como parâmetros a queda dos juros, o aumento das contratações de emprego e, enfim, o surgimento de novas aberturas para o crescimento da economia.
O certo é que só em já se ter conseguido estancar a escala crescente e desenfreada da decadência econômica, com a volta do emprego e a retomada da produção, vislumbra-se condições positivas para a avaliação mundial sobre o desempenho da economia brasileira, em que pese a indigna resistência à moralização do país, à vista da escandalosa sanha dos aliados ao governo de tentar blindar os políticos corruptos, por meio de mecanismos indecentes de impunidade.
          Causa estranheza que o presidente do país demonstre cumplicidade às tratativas visando à aprovação de medidas contrárias aos processos de apuração das denúncias de práticas de corrupção por políticos e isso indica fragilidade por parte dele com relação ao Congresso, a quem são feitas muitas concessões pelo Palácio do Planalto, notadamente com o loteamento de cargos públicos no governo, inclusive agora que já se cogita sobre a criação de ministério para agradar a bancada mineira, que se encontra naqueles dias de rebeldia.
Ou seja, é dando que se recebe e continua em pleno atividade o vergonhoso, criticado e espúrio sistema de governos do passado, que valorizaram ao extremo o escrachado toma lá, dá cá, que tem o condão de fragilizar e tornar ineficiente o desempenho da administração pública, com a precariedade da prestação dos serviços à sociedade, considerando que os principais órgãos públicos são dirigidos por políticos despreparados e alheios, em termos de competência, às atividades de seus respectivos ministérios.
Não há dúvida de que o país precisa, com urgência, ser passado a limpo, no embalo da visível recuperação da economia, para que suas estruturas passem por completo aperfeiçoamento, de modo que os sistemas administrativos possam funcionar sob a égide da competência, economicidade, moralidade e eficiência, com embargo das mazelas existentes no governo anterior, que tanto contribuíram para o retrocesso do Brasil, à vista das conclusões das agências internacionais de classificação de risco. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 20 de março de 2017

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