A
revista The Economist põe em
destaque, na sua capa, junto com outros países o Brasil sob a forma de balão em
ascensão. Os outros balões, que aparecem acima do que representa o Brasil,
trazem as bandeiras dos Estados Unidos da América, da União Europeia, da China,
do Reino Unido, do Japão e da Índia.
A
reportagem de capa ressalta que há muito tempo o crescimento econômico global
não ficava tão sincronizado e generalizado e, que “mesmo em lugares afeitos à recessão, o pior já passou. A economia brasileira vem encolhendo por
oito trimestres, mas, com expectativas de inflação domadas, as taxas de juros
estão caindo. Brasil e Rússia provavelmente vão contribuir, e não subtrair
do PIB mundial neste ano”.
A
propósito, o presidente brasileiro disse que está começando a se retomar a
confiança no país e que “Estamos
começando a restabelecer a confiança no país. Vejam, convenhamos, a inflação
caiu de 10,7% para no fim do ano 6,29% e hoje está em 5,2%. E a projeção é que
ao final do ano estará abaixo de 4%, sendo que o centro da meta é 4,5%; e isso
num tempo curtíssimo”.
O
presidente vinha falando, nos discursos anteriores, na convergência da média
dos preços ao consumidor para próximo do centro da meta, que é de 4,5%.
Nessa
linha de otimismo, o governo vem comemorando o resultado da geração de empregos
formais em fevereiro, que superou as demissões pela primeira vez, em 22 meses.
Em
abril do ano passado, ainda no governo anterior, aquela revista colocou o
Cristo Redentor pedindo socorro, em alusão à grave crise econômica que tomava
conta do país sem governança e sem perspectivas de estancamento da sangria das
precariedades administrativas.
Em
novembro de 2009, o Brasil foi objeto de reportagem da The Economist, que ilustrou na sua capa o Cristo Redentor alçando
voo com o sugestivo título “O Brasil
decola”, com a afirmação de que o país deveria se tornar a quinta maior
economia do planeta e que o maior risco para a nação seria a arrogância, talvez
do governo.
Quatro
anos mais tarda daquela reportagem, a revista voltaria a destacar o país em
suas publicações, mas a edição trazia o Cristo Redentor caindo, após voo malsucedido,
com destaque para o questionamento: “O
Brasil estragou tudo?”, que fazia clara referência à forte estagnação
econômica que o país enfrentava durante 2013 e que se estendeu nos anos
seguintes.
A
nova publicação dá um sopro de esperança, com a volta da economia à retomada do
rumo perdido, diante das perspectivas do aquecimento dos fatores de
desenvolvimento, principalmente tendo como parâmetros a queda dos juros, o
aumento das contratações de emprego e, enfim, o surgimento de novas aberturas
para o crescimento da economia.
O certo é que só em já se ter conseguido estancar a
escala crescente e desenfreada da decadência econômica, com a volta do emprego
e a retomada da produção, vislumbra-se condições positivas para a avaliação
mundial sobre o desempenho da economia brasileira, em que pese a indigna resistência
à moralização do país, à vista da escandalosa sanha dos aliados ao governo de
tentar blindar os políticos corruptos, por meio de mecanismos indecentes de
impunidade.
Causa
estranheza que o presidente do país demonstre cumplicidade às tratativas
visando à aprovação de medidas contrárias aos processos de apuração das
denúncias de práticas de corrupção por políticos e isso indica fragilidade por
parte dele com relação ao Congresso, a quem são feitas muitas concessões pelo
Palácio do Planalto, notadamente com o loteamento de cargos públicos no
governo, inclusive agora que já se cogita sobre a criação de ministério para
agradar a bancada mineira, que se encontra naqueles dias de rebeldia.
Ou seja, é dando que se recebe e continua em pleno
atividade o vergonhoso, criticado e espúrio sistema de governos do passado, que
valorizaram ao extremo o escrachado toma lá, dá cá, que tem o condão de
fragilizar e tornar ineficiente o desempenho da administração pública, com a
precariedade da prestação dos serviços à sociedade, considerando que os
principais órgãos públicos são dirigidos por políticos despreparados e alheios,
em termos de competência, às atividades de seus respectivos ministérios.
Não há dúvida de que o país precisa, com urgência,
ser passado a limpo, no embalo da visível recuperação da economia, para que
suas estruturas passem por completo aperfeiçoamento, de modo que os sistemas
administrativos possam funcionar sob a égide da competência, economicidade,
moralidade e eficiência, com embargo das mazelas existentes no governo anterior,
que tanto contribuíram para o retrocesso do Brasil, à vista das conclusões das
agências internacionais de classificação de risco. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de março de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário