segunda-feira, 6 de março de 2017

A reforma política do povo

Há muito tempo, o Brasil vem precisando reformular o sistema político-eleitoral, com a necessária abrangência, de modo que o aperfeiçoamento e a modernidade das regras democráticas possam ser incorporadas na nova visão sobre as práticas políticas que tenham por fundamento a plena e exclusiva satisfação do interesse público.
Na atualidade, há forte e generalizado incômodo da sociedade que não consegue vencer as arraigadas mentalidades políticas de resistência às reformulações das atividades político-eleitorais, que se sustentam com a finalidade de acomodação dos interesses da casta política, que certamente perderá poder e deixará de realizar os objetivos pessoais e partidários, conquanto isso representa não somente a decadência do sistema político, mas expressivos prejuízos para o interesse público, que não se sustenta diante da ganância dos caciques que dominam estrategicamente as condenáveis práticas políticas.
Por mais que se demonstre a premência da reforma política, diante do caos que somente beneficia a casta política dominante, dificilmente haverá consenso entre os partidos sobre profundas alterações do sistema que se encontra caduco e defasado da modernidade alcançada nos países sérios e evoluídos em termos democráticos, onde o interesse público prevalece sobre as causas pessoas e partidárias, ao contrário do que acontece no país tupiniquim, onde as negociatas, o fisiologismo e as indignidades políticas são tramadas às claras e impunemente, mostrando o verdadeiro nível rasteiro reinante no país, em que pesem as potencialidades econômicas do Brasil.
Na verdade, o Congresso Nacional perdeu completamente a sua identidade de representante do povo, para passar a se denominar o fiel defensor dos interesses dos próprios parlamentares, que ignoram a sua primordial função de trabalhar em benefício da população, como corolário do resultado das urnas, que é rapidinho transformado em relevância para o exclusivo usufruto deles, deixando que a população fique à míngua e ao abandono, conquanto os políticos cuidam de se endeusar e de conquistar cada vez mais poder, em consonância com seu espírito de monstruosa e desenfreada ganância.
Os brasileiros precisam se mobilizar no sentido de que o sistema político-eleitoral seja reformulado, com vistas ao seu aperfeiçoamento e à sua modernização, principalmente tendo por base a eliminação das mazelas crônicas e inaceitáveis, como o princípio da reeleição, que precisa ser proibida para os cargos majoritários e permitida, uma única vez, para os cargos de deputado e vereador, como forma de possibilitar a renovação das mentalidades políticas e de acabar com a profissionalização na política, como fazem as tradicionais famílias de políticos, que se enraízam e se perpetuam, notadamente, no Parlamento.
          A ansiada reforma política não pode ser feita no afogadilho, sem tempo suficiente para o indispensável aperfeiçoamento do sistema político-eleitoral que o Brasil tanto aspira, com o aproveitamento de mecanismos capazes de modernizá-lo nas questões que possam oferecer eficiência e avanços quanto ao aproveitamento das conquistas da humanidade, no campo da modernidade político-eleitoral já incorporada nos países evoluídos, em benefício dos interesses da sociedade, de modo que seja possível a eliminação de brechas e facilidades aos partidos, para a implementação de seus nefastos objetivos de dominação das classes político e social e de perenidade no poder.
O país precisa se esforçar para a implementação de excelente oportunidade para produzir a melhor reforma da sua história, tendo por base a experiência dos sistemas político-eleitorais existentes nos países evoluídos e desenvolvidos, que certamente levaram em conta somente o interesse público.
É conveniente que os partidos majoritários possam contribuir para que a reforma política seja marco de reafirmação dos objetivos que levem à satisfação do interesse público, com embargo das causas pessoais e partidárias. 
A reforma política que se pretende somente terá credibilidade se a iniciativa de suas alterações partir do povo, para a implementação de medidas que realmente possam atender às exigências da sociedade, de modo que o sistema político-eleitoral incorpore a vontade popular, tendo por base os princípios da seriedade, modernidade e capacidade para a orientação sobre o que seus representantes devam executar em benefício da população.
É evidente que a reforma política conduzida pelos próprios políticos, sem a participação direta do povo, tende a produzir resultado que certamente terá a imagem e a semelhança de seus idealizadores, permitindo que os aproveitadores de sempre somente aprovem as alterações em harmonia com seus interesses, sabendo-se que, no regime jurídico-democrático, o governo é do povo, para o povo e pelo povo, cabendo exclusivamente ao povo dizer aos seus representantes qual a sua melhor conduta para a satisfação do interesse público.  Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 16 de março de 2017

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