quarta-feira, 22 de março de 2017

Imperdoável omissão

A realidade sobre o descaminho tomado pelas estradas do país continental é de incontestável desconcerto, que é mostrada com fidelidade pelos maus caminhos esburacados, enlameados e completamente desprezados à absoluta precariedade, que têm contribuído para o maior entrave ao escoamento da produção agrícola.
Além da carência e do sucateamento das rodovias necessárias ao transporte desses produtos, a malha rodoviária padece da má conservação e do eterno descaso por parte dos governos federal e estaduais, que são cobrados permanente e insistentemente pelos setores produtivos.
O que se percebe é que pouco ou nada importa para as autoridades públicas a existência de supersafra de produtos agrícolas, que precisa ser transportada para os centros de distribuição e consumo, mas são infrutíferos os esforços do campo, porque eles não são correspondidos à altura da sua importância para o país, justamente pela falta boas estradas, que seriam o mínimo da compensação pelo esforço do agronegócio.
Causa perplexidade que os recordes de produção estão sucedendo ano a ano, como agora, com a perspectiva de colheita aproximada de 220 milhões de toneladas de grãos na temporada 2016-2017, mas parte dessa auspiciosa supersafra corre o risco de ser jogada no ralo da incompetência, principalmente do governo federal, que é responsável pela construção e manutenção da maioria das estradas por onde passa a produção.
          Há o reconhecimento de que as estradas existentes além de serem absolutamente insuficientes para o transporte dos produtos agrícolas, a sua conservação também é inexistente ou a sua conservação é inexistente ou em condições precárias, demonstrando o enorme desprezo do governo para área que exige prioridade e cuidados especiais.
          O caos nas estradas vem de longa data e tem como causa a insensibilidade do governo federal, que não investe na ampliação delas nem promove a indispensável manutenção nas existentes, que se desgastam com o tempo e praticamente ficam intransitáveis, causando os maiores prejuízos ao país, aos produtores e aos caminhoneiros, neste caso, com os precoces desgastes dos veículos, diante das precárias e inaceitáveis condições de uso das estradas.
Todo ano, por causa das chuvas, a BR-163, que é uma das principais estradas federais e a mais importante ligação entre a zona produtora de grãos de Mato Grosso e os portos do Norte do país, se torna gigantesco terror da região, por causa da intransitabilidade de trecho problemático, infestado de atoleiros perigosos e destruidores dos caminhões.
As dificuldades para o transporte da produção agrícola são antigas e se renovam sempre por ocasião das safras, exatamente quando mais se precisa de boas estradas para o escoamento dos grãos.
É sabido que a eficiência na distribuição dos produtos agrícolas contribui de forma significativa não somente para barateá-los, mas sobretudo para estimular maiores safras, em razão do apoio proporcionado pelos órgãos governamentais incumbidos de fomentar a melhoria das condições ideais do transporte delas.
Não há a menor dúvida de que a eficiência do agronegócio depende do bom desempenho de seus componentes, em especial o oferecimento de boa infraestrutura, aí incluídos os meios de transportes e de distribuição dos produtos, de modo que seus preços possam encontrar competitividade, inclusive no exterior, considerando que o Brasil é um dos maiores países exportadores mundiais.
Não obstante, os permanentes insucessos verificados nas atividades rurais são penalizados pela incompetência dos governos federal e estaduais, pelo desprezo e pela omissão demonstrados pela inexistência de estradas em condições para facilitar a comercialização dos produtos agrícolas.
Não bastassem os maus-tratos enfrentados nos extensos trajetos em estradas esburacadas, enlameadas, mal sinalizadas e com graves defeitos de toda ordem, os transportadores de produtos agrícolas, notadamente para exportação, são obrigados a encarar dias a fio em filas na espera para descarregá-los nos portos, sempre sobrecarregados com centenas de caminhões perfilados em quilométricas filas, que causam enormes desgastes e prejuízos aos envolvidos nesse lastimável processo.
A deficiente logística é responsável por expressivas perdas e ainda contribui para aumentar os custos dos produtos, que certamente seriam bem mais atrativos se o processo inerente ao seu transporte não fosse tão precário e prejudicial ao sistema do agronegócio.
Nem precisa de esforços para se perceber que é caótico o cenário representado pelas gritantes precariedades nos transportes das safras de grãos, conforme evidenciam os fatos, que mostram a incompatibilidade do sistema rodoviário com as grandezas econômicas do Brasil e os enormes reflexos negativos e prejudicais ao escoamento da produção agrícola, justamente por causa da indiscutível incompetência dos órgãos governamentais incumbidos da execução das políticas públicas de transportes,
Urge que o governo se conscientize sobre a sua injustificável irresponsabilidade por permitir que o Brasil seja submetido a esse estrondoso vexame de não possuir estradas em condições de levar a produção agrícola aos centros de distribuição e consumo e por se omitir quanto à urgência e priorização da adoção das medidas capazes de sanear em definitivo os problemas inerentes às condições de tráfego das estradas brasileiras, em especial aquelas que estão relacionadas ao transporte de grãos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de março de 2017

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