A
realidade sobre o descaminho tomado pelas estradas do país continental é de incontestável
desconcerto, que é mostrada com fidelidade pelos maus caminhos esburacados,
enlameados e completamente desprezados à absoluta precariedade, que têm contribuído
para o maior entrave ao escoamento da produção agrícola.
Além
da carência e do sucateamento das rodovias necessárias ao transporte desses produtos,
a malha rodoviária padece da má conservação e do eterno descaso por parte dos
governos federal e estaduais, que são cobrados permanente e insistentemente
pelos setores produtivos.
O
que se percebe é que pouco ou nada importa para as autoridades públicas a
existência de supersafra de produtos agrícolas, que precisa ser transportada
para os centros de distribuição e consumo, mas são infrutíferos os esforços do
campo, porque eles não são correspondidos à altura da sua importância para o
país, justamente pela falta boas estradas, que seriam o mínimo da compensação
pelo esforço do agronegócio.
Causa
perplexidade que os recordes de produção estão sucedendo ano a ano, como agora,
com a perspectiva de colheita aproximada de 220 milhões de toneladas de grãos
na temporada 2016-2017, mas parte dessa auspiciosa supersafra corre o risco de
ser jogada no ralo da incompetência, principalmente do governo federal, que é
responsável pela construção e manutenção da maioria das estradas por onde passa
a produção.
Há
o reconhecimento de que as estradas existentes além de serem absolutamente
insuficientes para o transporte dos produtos agrícolas, a sua conservação
também é inexistente ou a sua conservação é inexistente ou em condições
precárias, demonstrando o enorme desprezo do governo para área que exige
prioridade e cuidados especiais.
O
caos nas estradas vem de longa data e tem como causa a insensibilidade do
governo federal, que não investe na ampliação delas nem promove a indispensável
manutenção nas existentes, que se desgastam com o tempo e praticamente ficam
intransitáveis, causando os maiores prejuízos ao país, aos produtores e aos
caminhoneiros, neste caso, com os precoces desgastes dos veículos, diante das
precárias e inaceitáveis condições de uso das estradas.
Todo
ano, por causa das chuvas, a BR-163, que é uma das principais estradas federais
e a mais importante ligação entre a zona produtora de grãos de Mato Grosso e os
portos do Norte do país, se torna gigantesco terror da região, por causa da intransitabilidade
de trecho problemático, infestado de atoleiros perigosos e destruidores dos
caminhões.
As
dificuldades para o transporte da produção agrícola são antigas e se renovam sempre
por ocasião das safras, exatamente quando mais se precisa de boas estradas para
o escoamento dos grãos.
É
sabido que a eficiência na distribuição dos produtos agrícolas contribui de
forma significativa não somente para barateá-los, mas sobretudo para estimular
maiores safras, em razão do apoio proporcionado pelos órgãos governamentais
incumbidos de fomentar a melhoria das condições ideais do transporte delas.
Não
há a menor dúvida de que a eficiência do agronegócio depende do bom desempenho
de seus componentes, em especial o oferecimento de boa infraestrutura, aí
incluídos os meios de transportes e de distribuição dos produtos, de modo que
seus preços possam encontrar competitividade, inclusive no exterior,
considerando que o Brasil é um dos maiores países exportadores mundiais.
Não
obstante, os permanentes insucessos verificados nas atividades rurais são penalizados
pela incompetência dos governos federal e estaduais, pelo desprezo e pela
omissão demonstrados pela inexistência de estradas em condições para facilitar
a comercialização dos produtos agrícolas.
Não
bastassem os maus-tratos enfrentados nos extensos trajetos em estradas
esburacadas, enlameadas, mal sinalizadas e com graves defeitos de toda ordem,
os transportadores de produtos agrícolas, notadamente para exportação, são
obrigados a encarar dias a fio em filas na espera para descarregá-los nos
portos, sempre sobrecarregados com centenas de caminhões perfilados em quilométricas
filas, que causam enormes desgastes e prejuízos aos envolvidos nesse lastimável
processo.
A
deficiente logística é responsável por expressivas perdas e ainda contribui
para aumentar os custos dos produtos, que certamente seriam bem mais atrativos
se o processo inerente ao seu transporte não fosse tão precário e prejudicial
ao sistema do agronegócio.
Nem
precisa de esforços para se perceber que é caótico o cenário representado pelas
gritantes precariedades nos transportes das safras de grãos, conforme evidenciam
os fatos, que mostram a incompatibilidade do sistema rodoviário com as
grandezas econômicas do Brasil e os enormes reflexos negativos e prejudicais ao
escoamento da produção agrícola, justamente por causa da indiscutível
incompetência dos órgãos governamentais incumbidos da execução das políticas
públicas de transportes,
Urge
que o governo se conscientize sobre a sua injustificável irresponsabilidade por
permitir que o Brasil seja submetido a esse estrondoso vexame de não possuir
estradas em condições de levar a produção agrícola aos centros de distribuição
e consumo e por se omitir quanto à urgência e priorização da adoção das medidas capazes de
sanear em definitivo os problemas inerentes às condições de tráfego das
estradas brasileiras, em especial aquelas que estão relacionadas ao transporte de grãos. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 22 de março de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário