domingo, 19 de março de 2017

Cadê o lenitivo para as vítimas?

O médico monstro condenado a 181 anos de prisão, pelo estupro de pacientes, passou por perícia médica determinada pela Justiça, cujo resultado servirá de subsídio para instruir seu pedido de indulto humanitário.
O aludido procedimento foi necessário para provar à Justiça, conforme por ele alegado, a existência de problemas cardíacos, requisitos condicionantes à concessão do benefício.
O indulto humanitário pode ser concedido, com aval da Justiça, a quem tem doença grave e permanente, que apresenta grave limitação à atividade e exija cuidados contínuos que não possam ser prestados dentro do presídio.
A Secretaria da Administração Penitenciária e o médico que atendeu o preso foram procurados para comentar a realização da perícia, mas não responderam os contatos.
Segundo a defesa do preso, seu paciente foi submetido, em 2008, à cirurgia de emergência, para a colocação de ponte de safena, e teve o quadro de saúde agravado a partir de 2015, passando a ser acompanhado por clínico especializado.
O médico em causa já foi considerado um dos principais especialistas em reprodução humana no país, mas, depois de ter sido denunciado por abusos sexuais contra 37 pacientes, ele foi condenado a 278 anos de reclusão.
Aproveitando os efeitos de habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça, que lhe dava o direito de responder em liberdade, o médico fugiu e foi considerado foragido da Justiça.
Após passar foragido por três anos, quando chegou a ser considerado o criminoso mais procurado de São Paulo, o médico foi preso no Paraguai pela Polícia Federal.
Em 2014, por decisão judicial, a pena do médico foi reduzida para 181 anos, 11 meses e 12 dias, mas, nos termos da legislação penal brasileira, ninguém ficar preso por mais de 30 anos.
Em 24 de maio de 2011, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo cassou o seu registro profissional de médico.
À luz dos sentimentos humanos, não existe doença mais grave comparada à extrema dor causada às mulheres abusadas e agredidas tanto física e psicológica como na sua honra, em se tratando do suportável pelo ser humano.
Não há o mínimo de motivação que possa justificar qualquer forma de indulto a uma pessoa absolutamente incapaz de honrar o dignificante exercício da medicina e de respeitar seus pacientes.
Esse médico-monstro precisa ficar na cadeia até o fim da sua existência, que é o mais justo e razoável para quem foi insensível ao extremo para com o seu semelhante, não merecendo se reintegrar à sociedade, porque isso representa afronta às pessoas saudáveis e dignas.
É simplesmente inacreditável e inaceitável que um monstro condenado a 181 anos de prisão, por ter cometido crimes hediondos contra a dignidade humana, mereça indulto, ou seja, liberdade. Ah! Mas que enorme injustiça foi feita com uma criatura dessa para ser presa, com a índole tão desumana e perversa, para agora merecer liberdade, mesmo que esteja doente, porque suas pacientes, embora em liberdade, vão continuar presas ao terrível drama psicológico sofrido nas mãos de desajustado, psicopata?
No mínimo, ele vai dizer que é vítima e que foi injustiçado, por ter sido condenado a mais de 180 anos de prisão, mas, por motivo de saúde, que certamente não existia na ocasião dos crimes, ele pode ir para casa, como se nada tivesse acontecido de drástico.
A legislação penal brasileira é muito magnânima com relação a criminosos que cometem barbaridade contra o ser humano, porque, de forma extremamente injustificável, ainda tem direito ao benefício do indulto, sob a alegação de doença grave, que não impede que ele cumpra na prisão pelo que fez de ruim contra suas pacientes e os familiares destas.
Urge que a legislação penal seja duríssima contra os criminosos cruéis, não permitindo que eles possam ser beneficiados por nenhuma forma, por mais plausível que seja a motivação, haja vista que as condenações correspondem exatamente ao grau da crueldade perpetrada por eles, que precisam pagar por suas maldades, não importando que haja alegações de sofrimento físico por parte deles, porque padecimento maior foi causado às vítimas, cujos crimes, de repente, passam a ser abonados com mero indulto, permitindo que o delito simplesmente seja apagado da história criminal, como se nada tivesse acontecido de ruim, mas, e as vítimas..., cadê o lenitivo para o seu martírio? Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 19 de março de 2017

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