sexta-feira, 3 de março de 2017

A febre amarelando o Brasil?

Quando se imaginava que existia, por parte da saúde pública, completo controle sobre a febre amarela, eis que ela reaparece com brutal vigor, exatamente nas proximidades dos grandes centros do país, trazendo consigo fortes ameaças à população, que foi pega de surpresa pela chegada de doença com poder devastador de se alastrar muito rapidamente como pandemia por regiões de grande concentração populacional, caso não haja vacinação em massa, como forma primária de imunização do povo.
Como visto, a peste da febre amarela já é realidade em diversas regiões brasileiras, diante dos visíveis estragos que ela vem causando nas localidades onde já há confirmação da sua presença.
Trata-se de doença absolutamente inadmissível para os atuais padrões de evolução alcançados pela humanidade, principalmente por se tratar de doença silvestre, embora ela tenha condições de adentrar facilmente nos centros urbanos, haja vista que a sua transmissão se processa pelo mosquito Aedes Aegypti, que conseguiu vencer os frágeis e inexistentes controles da saúde pública tupiniquim, como mostra o despreparo das unidades de saúde, que alegam a falta de vacinas e de outros meios de prevenção da doença.
É a evidência dos descasos crônicos dos governos, que relegaram às calendas as políticas públicas de saneamento básico e de higienização, notadamente nas regiões mais pobres e carentes, onde inexistem sistemas de esgoto e de água tratada.
          O Brasil já liderava, há algum tempo, outras doenças da maior gravidade, como a dengue, zika e chicungunha, e agora, para completar o quadro de desgraça social, aparece com força total a febre amarela, que é fruto do costumeiro descaso das políticas de saúde pública, à vista da incapacidade governamental do controle das doenças já consolidadas país afora.
O surto da febre amarela já alcançou picos sem precedentes, na contemporaneidade, conforme registros de focos de transmissão em várias localidades, além de mortes, que não foram evitadas, ou seja, vidas humanas e de animais silvestres estão sendo dizimadas por doença que poderiam ter sido controladas por sistemas de saúde pública mais atentos e cuidadosos.
A situação é preocupante e contribui para despertar a atenção dos organismos mundiais de saúde, diante do visível descontrole governamental sobre as terríveis e maléficas atuações do invencível mosquito Aedes Aegypti, que nem se esforça para driblar a frágil estrutura da saúde pública brasileira.
Veja-se que a febre amarela foi doença exterminada no início do século passado, há mais de cem anos, sob a competente batuta do médico sanitarista e infectologista Oswaldo Cruz, que, com parcos recursos tecnológico e financeiro, conseguiu exterminar o mal, por meio de combate de guerra contra o mosquito, cuja atitude serve muito bem de exemplo para as autoridades públicas da atualidade, que deveriam se envergonhar diante da sua incompetência, por permitir a volta de doença extinta há décadas, em que pese a evolução da humanidade e os avanços tecnológico e científico, sobretudo na área da saúde pública, com a diversidade de descobertas na medicina.
Em clara demonstração de desprezo às técnicas revolucionárias do famoso sanitarista brasileiro, o governo sequer possui ensaios básicos de imunização obrigatória da sociedade, como forma preventiva e também de modelo de pronta erradicação da gravíssima doença.
A incidência da febre amarela demonstra péssimo exemplo de atraso e regressão do país, no campo da saúde pública, por deixar de seguir os mínimos e rudimentares padrões de imunização da população, que também precisa ficar atenta para se proteger, quanto mais neste momento de maior incidência de terrível mal.
          Como inexiste planejamento de combate sistemático à proliferação de doenças, houve a constatação da falta generalizada da vacina contra o mal, fato que levou ao desespero muitas famílias residentes nas regiões mais afetadas pela doença e nas suas proximidades, demonstrando também desprezo à eficiência do atendimento emergencial à saúde pública, de incumbência primária do Estado.
Já há confirmação de centenas de pessoas infectadas pela doença, além de dezenas de mortes causadas por ela, segundo o próprio Ministério da Saúde, que acompanha o seu avanço por algumas localidades sob suspeita de risco dos focos.
A Sociedade Brasileira de Virologia alertou para o fato de que o vírus “com certeza” se expandirá pela mata atlântica, no menor tempo possível, principalmente diante da falta de medidas preventivas por parte das autoridades incumbidas do controle da doença.
O que se sabe é que a doença pode migrar para outras localidades por meio de pessoas infectadas, principalmente agora, no período dos festejos do Carnaval, quando as viagens são intensificadas e isso precisa ficar claro entre a população.
As autoridades incumbidas da execução das políticas de saúde pública precisam correr contra o avanço do vírus da febre amarela, promovendo a adoção de medidas efetivas e eficazes de prevenção e de controle, de modo que sejam possíveis a confinação da doença em pequenas localidades e em raio de ação monitoráveis e a devida anotação das contaminações, e, assim, se conseguir o seu extermínio, na forma tecnicamente recomendável, sem embargo, evidentemente, da obrigatoriedade da vacinação do povo.
À toda evidência, a degradação da saúde pública é reflexo da completa incompetência demonstrada pelo governo, que teve a indignidade de designar para comandar o órgão incumbido da execução das políticas pertinentes um "notável" que não é médico, mas, em compensação a essa magnanimidade governamental, o partido dele garante apoio, em termos de maciça votação, aos projetos do governo no Congresso Nacional.
Esse fato é mais que suficiente para caracterizar a responsabilização do presidente da República, nesse particular, que nomeou o ministro da Saúde em troca de favores, sem a menor preocupação com a eficiente prestação de serviços públicos, em área essencial à higidez de uma nação, o que demonstra absoluta falta de compromisso com a saúde pública e de responsabilidade cívica.
À toda evidência, trata-se da caracterização de crime lesa-pátria, considerando que pasta tão importante é comandada por político inabilitado para o mister, apenas por força de acordo inescrupuloso e vergonhoso, que macula a verdadeira, competente e eficiente administração do país, com reflexo prejudicial aos interesses da população, sendo o caso de imputação de responsabilidade aos envolvidos com os danos causados à sociedade afetada por doenças que poderiam ter sido evitadas caso o país e o Ministério da Saúde fossem comandados por pessoas qualificadas, competentes e preparadas para cuidar das suas respectivas áreas de atuação.
Os brasileiros não podem permitir que essa esculhambação continue impunemente, sob pena de esse degradante quadro se agravar ainda mais e de forma incontrolável e alarmante, diante da incapacidade de reversão da terrível situação, que, mesmo demostrando tão grave, não consegue sensibilizar a consciência dos homens públicos, à vista do estado lastimável que se encontram os serviços públicos, com destaque para a saúde pública, onde um mosquitinho deixa o país continente em polvorosa e desespero.
Urge que os brasileiros se mobilizem, em mutirão, no sentido de exigir das autoridades incumbidas da execução da saúde pública a adoção de adequadas medidas preventivas de controle e extermínio do mal da febre amarela, com inspiração no profícua e revolucionário trabalho do famoso infectologista Oswaldo Cruz, que há um século, se tornou herói nacional, por não medir esforços para salvar a vida da população, com a obrigatoriedade da sua vacinação em massa, sob pena de um mosquito, mais uma vez, derrotar e ridicularizar as autoridades públicas do país, por já ter conseguido tal feito com relação à dengue, zika e chicungunha, que reinam soberanamente maltratando e matando vidas humanas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 3 de março de 2017

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