Quando
se imaginava que existia, por parte da saúde pública, completo controle sobre a
febre amarela, eis que ela reaparece com brutal vigor, exatamente nas
proximidades dos grandes centros do país, trazendo consigo fortes ameaças à
população, que foi pega de surpresa pela chegada de doença com poder devastador
de se alastrar muito rapidamente como pandemia por regiões de grande
concentração populacional, caso não haja vacinação em massa, como forma primária
de imunização do povo.
Como
visto, a peste da febre amarela já é realidade em diversas regiões brasileiras,
diante dos visíveis estragos que ela vem causando nas localidades onde já há
confirmação da sua presença.
Trata-se
de doença absolutamente inadmissível para os atuais padrões de evolução
alcançados pela humanidade, principalmente por se tratar de doença silvestre,
embora ela tenha condições de adentrar facilmente nos centros urbanos, haja
vista que a sua transmissão se processa pelo mosquito Aedes Aegypti, que
conseguiu vencer os frágeis e inexistentes controles da saúde pública
tupiniquim, como mostra o despreparo das unidades de saúde, que alegam a falta
de vacinas e de outros meios de prevenção da doença.
É
a evidência dos descasos crônicos dos governos, que relegaram às calendas as
políticas públicas de saneamento básico e de higienização, notadamente nas
regiões mais pobres e carentes, onde inexistem sistemas de esgoto e de água
tratada.
O
Brasil já liderava, há algum tempo, outras doenças da maior gravidade, como a
dengue, zika e chicungunha, e agora, para completar o quadro de desgraça social,
aparece com força total a febre amarela, que é fruto do costumeiro descaso das políticas
de saúde pública, à vista da incapacidade governamental do controle das doenças
já consolidadas país afora.
O
surto da febre amarela já alcançou picos sem precedentes, na contemporaneidade,
conforme registros de focos de transmissão em várias localidades, além de
mortes, que não foram evitadas, ou seja, vidas humanas e de animais silvestres
estão sendo dizimadas por doença que poderiam ter sido controladas por sistemas
de saúde pública mais atentos e cuidadosos.
A
situação é preocupante e contribui para despertar a atenção dos organismos
mundiais de saúde, diante do visível descontrole governamental sobre as
terríveis e maléficas atuações do invencível mosquito Aedes Aegypti, que nem se
esforça para driblar a frágil estrutura da saúde pública brasileira.
Veja-se
que a febre amarela foi doença exterminada no início do século passado, há mais
de cem anos, sob a competente batuta do médico sanitarista e infectologista
Oswaldo Cruz, que, com parcos recursos tecnológico e financeiro, conseguiu
exterminar o mal, por meio de combate de guerra contra o mosquito, cuja atitude
serve muito bem de exemplo para as autoridades públicas da atualidade, que
deveriam se envergonhar diante da sua incompetência, por permitir a volta de
doença extinta há décadas, em que pese a evolução da humanidade e os avanços
tecnológico e científico, sobretudo na área da saúde pública, com a diversidade
de descobertas na medicina.
Em
clara demonstração de desprezo às técnicas revolucionárias do famoso
sanitarista brasileiro, o governo sequer possui ensaios básicos de imunização
obrigatória da sociedade, como forma preventiva e também de modelo de pronta
erradicação da gravíssima doença.
A
incidência da febre amarela demonstra péssimo exemplo de atraso e regressão do
país, no campo da saúde pública, por deixar de seguir os mínimos e rudimentares
padrões de imunização da população, que também precisa ficar atenta para se
proteger, quanto mais neste momento de maior incidência de terrível mal.
Como
inexiste planejamento de combate sistemático à proliferação de doenças, houve a
constatação da falta generalizada da vacina contra o mal, fato que levou ao
desespero muitas famílias residentes nas regiões mais afetadas pela doença e
nas suas proximidades, demonstrando também desprezo à eficiência do atendimento
emergencial à saúde pública, de incumbência primária do Estado.
Já
há confirmação de centenas de pessoas infectadas pela doença, além de dezenas
de mortes causadas por ela, segundo o próprio Ministério da Saúde, que
acompanha o seu avanço por algumas localidades sob suspeita de risco dos focos.
A
Sociedade Brasileira de Virologia alertou para o fato de que o vírus “com certeza” se expandirá pela mata
atlântica, no menor tempo possível, principalmente diante da falta de medidas
preventivas por parte das autoridades incumbidas do controle da doença.
O
que se sabe é que a doença pode migrar para outras localidades por meio de
pessoas infectadas, principalmente agora, no período dos festejos do Carnaval,
quando as viagens são intensificadas e isso precisa ficar claro entre a
população.
As
autoridades incumbidas da execução das políticas de saúde pública precisam
correr contra o avanço do vírus da febre amarela, promovendo a adoção de
medidas efetivas e eficazes de prevenção e de controle, de modo que sejam
possíveis a confinação da doença em pequenas localidades e em raio de ação
monitoráveis e a devida anotação das contaminações, e, assim, se conseguir o
seu extermínio, na forma tecnicamente recomendável, sem embargo, evidentemente,
da obrigatoriedade da vacinação do povo.
À
toda evidência, a degradação da saúde pública é reflexo da completa
incompetência demonstrada pelo governo, que teve a indignidade de designar para
comandar o órgão incumbido da execução das políticas pertinentes um
"notável" que não é médico, mas, em compensação a essa magnanimidade
governamental, o partido dele garante apoio, em termos de maciça votação, aos
projetos do governo no Congresso Nacional.
Esse
fato é mais que suficiente para caracterizar a responsabilização do presidente
da República, nesse particular, que nomeou o ministro da Saúde em troca de
favores, sem a menor preocupação com a eficiente prestação de serviços
públicos, em área essencial à higidez de uma nação, o que demonstra absoluta
falta de compromisso com a saúde pública e de responsabilidade cívica.
À
toda evidência, trata-se da caracterização de crime lesa-pátria, considerando
que pasta tão importante é comandada por político inabilitado para o mister,
apenas por força de acordo inescrupuloso e vergonhoso, que macula a verdadeira,
competente e eficiente administração do país, com reflexo prejudicial aos
interesses da população, sendo o caso de imputação de responsabilidade aos
envolvidos com os danos causados à sociedade afetada por doenças que poderiam
ter sido evitadas caso o país e o Ministério da Saúde fossem comandados por
pessoas qualificadas, competentes e preparadas para cuidar das suas respectivas
áreas de atuação.
Os
brasileiros não podem permitir que essa esculhambação continue impunemente, sob
pena de esse degradante quadro se agravar ainda mais e de forma incontrolável e
alarmante, diante da incapacidade de reversão da terrível situação, que, mesmo
demostrando tão grave, não consegue sensibilizar a consciência dos homens
públicos, à vista do estado lastimável que se encontram os serviços públicos,
com destaque para a saúde pública, onde um mosquitinho deixa o país continente
em polvorosa e desespero.
Urge
que os brasileiros se mobilizem, em mutirão, no sentido de exigir das autoridades
incumbidas da execução da saúde pública a adoção de adequadas medidas
preventivas de controle e extermínio do mal da febre amarela, com inspiração no
profícua e revolucionário trabalho do famoso infectologista Oswaldo Cruz, que
há um século, se tornou herói nacional, por não medir esforços para salvar a
vida da população, com a obrigatoriedade da sua vacinação em massa, sob pena de
um mosquito, mais uma vez, derrotar e ridicularizar as autoridades públicas do
país, por já ter conseguido tal feito com relação à dengue, zika e chicungunha,
que reinam soberanamente maltratando e matando vidas humanas. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 3 de março de 2017
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