quinta-feira, 2 de março de 2017

Primeiro a prova da inculpabilidade

Conforme noticiado pelo O Estado de S. Paulo, o principal político brasileiro, que é alvo das investigações da Operação Lava-Jato, começou a esboçar sua plataforma econômica para apoiar sua pré-candidatura à Presidência da República, em que pese ele se tornar inelegível se for condenado em segunda instância, em razão de ter se tornado réu em cinco ações.
O político entende que o PT precisa se contrapor, com mais vigor, ao governo peemedebista, por meio do lançamento do que ele chama de “programa nacional de emergência” para o país tentar sair da crise econômica.
O citado programa não é novidade, porque o termo já foi usado pelo próprio partido, em fevereiro do ano passado, quando ele foi apresentado à então presidente do país, que consistia em lista contendo 22 sugestões de mudanças na economia.
Em defesa de novas eleições diretas e entusiasmado com a possibilidade da antecipação do lançamento de seu nome à Presidência da República, o político aparece em vídeos dizendo que o atual presidente do país “só sabe cortar”.
A sua plataforma para 2018 se assenta no fato de que, segundo ele, o governo federal foi incapaz de reduzir o astronômico número de quase treze milhões de desempregado e que o problema será saneado com a ampliação do crédito para a produção e o consumo.
Ele, seus colaboradores e a cúpula do PT defendem, como proposta para enfrentar a grave crise econômica, a criação do Fundo de Desenvolvimento e Emprego, o reajuste, à base de 20%, nos valores do Bolsa Família e o aumento real do salário mínimo, além da correção da tabela do Imposto de Renda – Pessoa Física, com teto de isenção superior ao vigente.
Ao que tudo indica, a maior preocupação do ex-presidente se volta para o fato de que, no governo da sua pupila, a economia do país teve o seu pior desempenho, a ponto de o ter levado à recessão, ao desespero do desemprego, à falta de investimentos público e privado, ao descrédito das agências internacionais de classificação de risco, cujas avaliações contribuíram para a retirada do capital estrangeiro do Brasil, ou seja, nunca houve, na história brasileira, governo tão péssimo, impopular e desacreditado, em todos os sentidos, diante dos fatos desastrosos contabilizados.
Por sua vez, é muito estranho que político ultraencalacrado nas suspeitas e denúncias objeto das investigações da Operação Lava-Jato, sob múltiplas acusações de envolvimento na prática de atos irregulares, inclusive já respondendo na Justiça, como réu em cinco processos, por crimes gravíssimos de corrupção passiva, tráfico de influência internacional, obstrução da Justiça, organização criminosa, esteja, neste momento crucial, muito mais preocupado com a elaboração de plano de governo, com vistas à disputa, a mais de ano, ao Palácio do Planalto.
À luz dos resultados das investigações levadas a efeito pela aludida operação, que vem levantando elementos substanciais sobre o envolvimento dele em muitos casos já concluídos, ante a aceitação de denúncia contra ele pela Justiça, que não a aceitaria se não estivessem presentes nos autos indícios válidos para tanto, sob pena do enquadramento do magistrado em crime de prevaricação, previsto na Lei da Magistratura Nacional, há enorme chance de haver condenação dele ainda este ano, em razão dos crimes já qualificados, e isso poderá contribuir para inviabilizar seus ambiciosos planos políticos.
O bom senso e a racionalidade aconselham que, antes da elaboração de qualquer plano visando à disputa à Presidência da República, convém que o político se esforce ao máximo para provar a sua inculpabilidade nos casos onde é acusado da prática de atos irregulares, inclusive de ter se beneficiado de dinheiro de propina, de modo que, após os devidos esclarecimentos e justificativas perante à Justiça, ele estaria em plenas condições para pensar em novamente representar o povo, já a partir de então livre das suspeitas que não condizem nem pouco com os ocupantes de cargos públicos eletivos, que precisam comprovar que estão em gozo de conduta ilibada e não há qualquer mácula na sua vida pública, como forma de demonstrar zelo e responsabilidade com a coisa pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 2 de março de 2017

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