segunda-feira, 22 de outubro de 2018

A crítica apenas destrutiva


O jornal americano The New York Times, em editorial, lamentou a escolha dos eleitores brasileiros pelo presidenciável do PSL, que vem liderando com ampla margem sobre seu adversário, presidenciável petista, as intenções de voto para o segundo turno da corrida presidencial, a realizar-se no próximo dia 28.
Aquele jornal entende que o candidato ultradireitista defende posições consideradas repulsivas, tendo citado como exemplo suas declarações sobre “preferir ter um filho morto do que gay; ou que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) não mereceria ser estuprada por ser ‘muito feia’; ou sua ‘nostalgia’ pelos generais e torturadores do regime militar.”.
O editorial também compara o candidato pesselista ao presidente dos Estados Unidos da América e diz que o meio ambiente poderá sofrer “derrotados”.
O jornal disse que “O senhor Bolsonaro prometeu desfazer diversos acordos de proteção às florestas tropicais para abrir mais espaço para o poderoso agronegócio brasileiro. Ele cogitou retirar o país do acordo climático de Paris, acabar com o Ministério do Meio Ambiente e impedir a criação de novas reservas indígenas – tudo isso em um país recentemente elogiado por sua liderança na proteção ao meio ambiente”.
O editorial também faz paralelo entre a crise política e econômica e a ascensão do capitão reformado, tendo afirmado que “As opiniões grosseiras do senhor Bolsonaro são interpretadas como fraqueza. Sua obscura carreira no Congresso o faz surgir como o ‘novo’, que vai limpar a casa e sua promessa de punhos de ferro são a esperança para a média recorde de 175 homicídios por dia no último ano”.
Ao concluir, o editorial pontua: “A escolha pertence aos brasileiros. Mas é um triste dia para a democracia quando desordem e decepção levam os eleitores à distração e a abrir a porta a populistas ofensivos, cruéis e agressivos”.
Chega a ser ridículo que jornal da importância do The New York Times se ocupe a criticar a posição soberana dos brasileiros, considerando que se trata de tristeza para a democracia brasileira, por entender de forma leviana que a “(...) desordem e decepção levam os eleitores à distração e a abrir a porta a populistas ofensivos, cruéis e agressivos”.
O que teria levado aquele jornal concluir de forma tão simplista que os eleitores  brasileiros teriam se distraído, permitindo a abertura das portas ao populismo ofensivo, cruel e agressivo, somente porque o candidato, em determinadas circunstâncias, teria feito afirmações graves, é verdade, mas absolutamente compatíveis com o raciocínio humano de pensar, o que isso não queira dizer que seja distorção capaz de o torna-lo incapaz de administrar uma nação somente por ter pronunciado algumas frases esparsas que não são, à luz do bom senso, absolutamente incapacitantes, a ponto de macular a sua integridade como cidadão honrado nas suas atitudes, como homem público?
Tanto isso é verdade que ele vem merecendo a credibilidade e a confiança de parcela significativa dos eleitores, que depositaram nele a esperança de mudança do horroroso quadro de completa desmoralização dos princípios da administração pública, diante das provas inexoráveis da dilapidação do patrimônio público.
Causa enorme perplexidade a posição leviana e irresponsável do jornal americano, em emitir juízo de valor sobre a atitude dos eleitores brasileiros, condenando-os por estarem prestes a decidir pela escolha de candidato populista ofensivo, cruel e agressivo, tão somente por ter dito, certa feita, que preferia ter um filho morto do que gay; que uma deputada não mereceria ser estuprada por ela ser ‘muito feia’; e que demonstra “nostalgia” pelo regime militar e por torturadores do regime militar, dando a entender que isso constitui algo cabal e totalmente impeditivo para exercício de cargo de presidente da país.
Não obstante, o editorial do jornal americano fechou os olhos para as adjetivações do presidenciável adversário ao capitão reformado, ou mais precisamente aos governos do partido dele, cujo legado é a razão primordial do estrondoso sucesso do candidato considerado de direita, que cresceu como um foguete na preferência do eleitorado justamente em razão do ódio e da antipatia ao partido que foi capaz de conduzir o Brasil às piores crises da história brasileira, por meio de gestão deletéria e prejudicial aos interesses dos brasileiros.
O jornal americano não disse que o adversário do pesselista foi considerado o pior prefeito de São Paulo, tendo perdido, no pleito da reeleição, em todas as urnas, inclusive nos redutos petistas, justamente por ter feito péssima gestão à frente da prefeitura da capital paulista, além de atualmente responder a dezenas de processos por impropriedade administrativa.
Esses fatos falam por si sós e até já seriam capazes de justificar o repúdio dos eleitores, porque ele certamente encontraria enormes empecilhos para comandar o país com as dimensões continentais do Brasil, mas também é preciso se avaliar o histórico nada favorável do partido que ele representa, que teve a sua última presidente defenestrada do Palácio do Alvorada, ao meio ao escândalo do petrolão, em que o patrimônio da Petrobras foi simplesmente triturado e fatiado, em forma de desvio, por via de propinoduto, de recursos para os cofres de três importantes partidos, que aproveitaram o dinheirinho para bancar, de forma irregular, campanhas eleitorais, em absoluta afronta à legislação aplicável à espécie, além do enriquecimento de políticos, executivos, empresários e outros criminosos assemelhados.
Esse mesmo partido, embora não tenha sido dito pelo aludido jornal, sob o argumento da governabilidade de coalizão, potencializou o loteamento de ministérios e empresas estatais aos partidos participantes das alianças de apoio aos projetos de interesse do governo, no Congresso Nacional, de modo que essa “magia” da gestão pública foi cognominada de “toma lá, dá cá”, cujo resultado foi a piora da prestação dos serviços públicos à população, justamente porque cada ministério somente atendia às regiões de seu interesse político, ficando à míngua o restante dos brasileiros.
O jornal também deixou de mencionar que os governos do candidato em segundo lugar na preferencia dos eleitores, a par de patrocinar gigantesco rombo nas contas públicas, em montante superior a cem bilhões de reais, não teve o menor escrúpulo de mandar dinheiro dos brasileiros, sob a forma de empréstimo que poucos pagam, como é o caso da Venezuela, para a realização de obras em nações comandadas por ditadores, como Cuba, Venezuela, países da África, entre outros, quando essas obras, como metrô, usinas elétricas, rodovias, porto, aeroportos, entre outras, de suam importância social, poderia ter sido construídas no Brasil, para o incremento da mão de obra brasileira e o conforto dos brasileiros.
O jornal não ressaltou as bonanças dos governos do partido do candidato que disputa, em segundo lugar, a corrida presidencial, que teriam priorizado programas sociais, em especial, o Bolsa Família, quando deveriam ter instituído programas destinados à criação de emprego e produção, cuja finalidade, conforme visto nas eleições presidenciais, nada mais foi do que a formação de currais eleitorais, sob o auspício da distribuição de renda com recursos públicos, em clara demonstração de que tem havido indiscutível vinculação daquele programa com as intenções de voto e isso não condiz com os princípios republicano e democrático.
O editorial em tela não mencionou que o candidato de esquerda demonstrou, por longo tempo da campanha eleitoral, não ter personalidade própria, por ter passado para os eleitores a absurda ideia que ele era senão o seu guru, o político que se encontra preso, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, a quem ele recorria para pegar orientação e ser orientado sobre o que deveria fazer na campanha eleitoral, em clara demonstração de que se tratava de fantoche teleguiado por um fora da lei, assim declarado pela Justiça.
Convém assinalar que os fatos deletérios e prejudiciais à causa pública, devidamente comprovados, porque eles já aconteceram efetivamente, na forma materializada com a Operação Lava-Jato, a incompetência na administração do país, com o impeachment da presidente da República petista, com os rombos das contas públicas e o notório desprezo aos princípios econômicos, evidenciados com a recessão, o desemprego, entre outros indicadores extremamente negativos e prejudicais ao desenvolvimento do país, os quais não foram mencionados no editorial em apreço, por razões que somente achou por bem preferir espinafrar a vontade dos brasileiros, como se eles não tivessem motivos para escolher outro candidato.
É certo que o candidato preferido pelos eleitores realmente não está à altura das grandezas do Brasil, mas certamente não perde em qualidade para o seu opositor, cujas predicativos são minuciosamente conhecidos por eles, que preferem correr o risco de errar na confiança de que tudo vai ser bem melhor do que, já conscientes dos estragos causados ao país, permitir-se a retomada do poder por quem já mostrou as suas qualidades maléficas ao interesse público.
Em síntese, vê-se que o jornal americano poderia ter contribuído positivamente para o processo político-eleitoral brasileiro se tivesse analisado os fatos com base em elementos próprios da disputa presidencial, notadamente ao se manifestar com avaliação precisa sobre os dois candidatos, tendo a responsabilidade de mostrar as qualidades e os defeitos de ambos, para que a sua opinião não fosse de crítica vazia, leviana e imprecisa, sob a forma de acusação aos eleitores brasileiros, no sentido de que eles vão contribuir para a tristeza da democracia, ao eleger o candidato conservador da direita, quando, com certeza, essa possível consternação seria ainda pior com a vitória do adversário dele, diante do desastrado legado dos governos do partido a que ele integra. Acorda, Brasil!
Brasília, em 22 de outubro de 2018

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