O jornal americano The New York Times, em editorial, lamentou a escolha dos eleitores
brasileiros pelo presidenciável do PSL, que vem liderando com ampla margem
sobre seu adversário, presidenciável petista, as intenções de voto para o
segundo turno da corrida presidencial, a realizar-se no próximo dia 28.
Aquele jornal entende que o candidato
ultradireitista defende posições consideradas repulsivas, tendo citado como
exemplo suas declarações sobre “preferir
ter um filho morto do que gay; ou que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) não
mereceria ser estuprada por ser ‘muito feia’; ou sua ‘nostalgia’ pelos generais
e torturadores do regime militar.”.
O editorial também compara o candidato pesselista ao
presidente dos Estados Unidos da América e diz que o meio ambiente poderá sofrer
“derrotados”.
O jornal disse que “O senhor Bolsonaro prometeu desfazer diversos acordos de proteção às
florestas tropicais para abrir mais espaço para o poderoso agronegócio
brasileiro. Ele cogitou retirar o país do acordo climático de Paris, acabar com
o Ministério do Meio Ambiente e impedir a criação de novas reservas
indígenas – tudo isso em um país recentemente elogiado por sua liderança na proteção ao meio ambiente”.
O
editorial também faz paralelo entre a crise política e econômica e a ascensão
do capitão reformado, tendo afirmado que “As
opiniões grosseiras do senhor Bolsonaro são interpretadas como fraqueza. Sua
obscura carreira no Congresso o faz surgir como o ‘novo’, que vai limpar a casa
e sua promessa de punhos de ferro são a esperança para a média recorde de 175
homicídios por dia no último ano”.
Ao
concluir, o editorial pontua: “A
escolha pertence aos brasileiros. Mas é um triste dia para a democracia quando
desordem e decepção levam os eleitores à distração e a abrir a porta a
populistas ofensivos, cruéis e agressivos”.
Chega
a ser ridículo que jornal da importância do The New York Times se ocupe a criticar a posição soberana dos brasileiros, considerando
que se trata de tristeza para a democracia brasileira, por entender de forma
leviana que a “(...) desordem e decepção
levam os eleitores à distração e a abrir a porta a populistas ofensivos, cruéis
e agressivos”.
O
que teria levado aquele jornal concluir de forma tão simplista que os eleitores
brasileiros teriam se distraído, permitindo
a abertura das portas ao populismo ofensivo, cruel e agressivo, somente porque
o candidato, em determinadas circunstâncias, teria feito afirmações graves, é
verdade, mas absolutamente compatíveis com o raciocínio humano de pensar, o que
isso não queira dizer que seja distorção capaz de o torna-lo incapaz de
administrar uma nação somente por ter pronunciado algumas frases esparsas que não
são, à luz do bom senso, absolutamente incapacitantes, a ponto de macular a sua
integridade como cidadão honrado nas suas atitudes, como homem público?
Tanto
isso é verdade que ele vem merecendo a credibilidade e a confiança de parcela
significativa dos eleitores, que depositaram nele a esperança de mudança do horroroso
quadro de completa desmoralização dos princípios da administração pública, diante
das provas inexoráveis da dilapidação do patrimônio público.
Causa
enorme perplexidade a posição leviana e irresponsável do jornal americano, em
emitir juízo de valor sobre a atitude dos eleitores brasileiros, condenando-os por
estarem prestes a decidir pela escolha de candidato populista ofensivo, cruel e agressivo, tão
somente por ter dito, certa feita, que preferia ter um
filho morto do que gay; que uma deputada não mereceria ser estuprada por ela ser
‘muito feia’; e que demonstra “nostalgia” pelo regime militar e por
torturadores do regime militar, dando a entender que isso constitui algo cabal
e totalmente impeditivo para exercício de cargo de presidente da país.
Não
obstante, o editorial do jornal americano fechou os olhos para as adjetivações do
presidenciável adversário ao capitão reformado, ou mais precisamente aos
governos do partido dele, cujo legado é a razão primordial do estrondoso
sucesso do candidato considerado de direita, que cresceu como um foguete na preferência
do eleitorado justamente em razão do ódio e da antipatia ao partido que foi
capaz de conduzir o Brasil às piores crises da história brasileira, por meio de
gestão deletéria e prejudicial aos interesses dos brasileiros.
O
jornal americano não disse que o adversário do pesselista foi considerado o
pior prefeito de São Paulo, tendo perdido, no pleito da reeleição, em todas as
urnas, inclusive nos redutos petistas, justamente por ter feito péssima gestão
à frente da prefeitura da capital paulista, além de atualmente responder a
dezenas de processos por impropriedade administrativa.
Esses
fatos falam por si sós e até já seriam capazes de justificar o repúdio dos
eleitores, porque ele certamente encontraria enormes empecilhos para comandar o
país com as dimensões continentais do Brasil, mas também é preciso se avaliar o
histórico nada favorável do partido que ele representa, que teve a sua última presidente
defenestrada do Palácio do Alvorada, ao meio ao escândalo do petrolão, em que o
patrimônio da Petrobras foi simplesmente triturado e fatiado, em forma de
desvio, por via de propinoduto, de recursos para os cofres de três importantes
partidos, que aproveitaram o dinheirinho para bancar, de forma irregular,
campanhas eleitorais, em absoluta afronta à legislação aplicável à espécie,
além do enriquecimento de políticos, executivos, empresários e outros criminosos
assemelhados.
Esse
mesmo partido, embora não tenha sido dito pelo aludido jornal, sob o argumento
da governabilidade de coalizão, potencializou o loteamento de ministérios e
empresas estatais aos partidos participantes das alianças de apoio aos projetos
de interesse do governo, no Congresso Nacional, de modo que essa “magia” da
gestão pública foi cognominada de “toma lá, dá cá”, cujo resultado foi a piora
da prestação dos serviços públicos à população, justamente porque cada ministério
somente atendia às regiões de seu interesse político, ficando à míngua o restante
dos brasileiros.
O
jornal também deixou de mencionar que os governos do candidato em segundo lugar
na preferencia dos eleitores, a par de patrocinar gigantesco rombo nas contas públicas,
em montante superior a cem bilhões de reais, não teve o menor escrúpulo de
mandar dinheiro dos brasileiros, sob a forma de empréstimo que poucos pagam, como
é o caso da Venezuela, para a realização de obras em nações comandadas por
ditadores, como Cuba, Venezuela, países da África, entre outros, quando essas obras,
como metrô, usinas elétricas, rodovias, porto, aeroportos, entre outras, de
suam importância social, poderia ter sido construídas no Brasil, para o
incremento da mão de obra brasileira e o conforto dos brasileiros.
O
jornal não ressaltou as bonanças dos governos do partido do candidato que
disputa, em segundo lugar, a corrida presidencial, que teriam priorizado programas
sociais, em especial, o Bolsa Família, quando deveriam ter instituído programas
destinados à criação de emprego e produção, cuja finalidade, conforme visto nas
eleições presidenciais, nada mais foi do que a formação de currais eleitorais,
sob o auspício da distribuição de renda com recursos públicos, em clara
demonstração de que tem havido indiscutível vinculação daquele programa com as
intenções de voto e isso não condiz com os princípios republicano e democrático.
O
editorial em tela não mencionou que o candidato de esquerda demonstrou, por
longo tempo da campanha eleitoral, não ter personalidade própria, por ter
passado para os eleitores a absurda ideia que ele era senão o seu guru, o político
que se encontra preso, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro, a quem ele recorria para pegar orientação e ser orientado sobre o
que deveria fazer na campanha eleitoral, em clara demonstração de que se
tratava de fantoche teleguiado por um fora da lei, assim declarado pela Justiça.
Convém
assinalar que os fatos deletérios e prejudiciais à causa pública, devidamente
comprovados, porque eles já aconteceram efetivamente, na forma materializada
com a Operação Lava-Jato, a incompetência na administração do país, com o
impeachment da presidente da República petista, com os rombos das contas públicas
e o notório desprezo aos princípios econômicos, evidenciados com a recessão, o
desemprego, entre outros indicadores extremamente negativos e prejudicais ao
desenvolvimento do país, os quais não foram mencionados no editorial em apreço,
por razões que somente achou por bem preferir espinafrar a vontade dos
brasileiros, como se eles não tivessem motivos para escolher outro candidato.
É
certo que o candidato preferido pelos eleitores realmente não está à altura das
grandezas do Brasil, mas certamente não perde em qualidade para o seu opositor,
cujas predicativos são minuciosamente conhecidos por eles, que preferem correr
o risco de errar na confiança de que tudo vai ser bem melhor do que, já conscientes
dos estragos causados ao país, permitir-se a retomada do poder por quem já
mostrou as suas qualidades maléficas ao interesse público.
Em
síntese, vê-se que o jornal americano poderia ter contribuído positivamente
para o processo político-eleitoral brasileiro se tivesse analisado os fatos com
base em elementos próprios da disputa presidencial, notadamente ao se
manifestar com avaliação precisa sobre os dois candidatos, tendo a
responsabilidade de mostrar as qualidades e os defeitos de ambos, para que a
sua opinião não fosse de crítica vazia, leviana e imprecisa, sob a forma de
acusação aos eleitores brasileiros, no sentido de que eles vão contribuir para a
tristeza da democracia, ao eleger o candidato conservador da direita, quando,
com certeza, essa possível consternação seria ainda pior com a vitória do adversário
dele, diante do desastrado legado dos governos do partido a que ele integra. Acorda,
Brasil!
Brasília,
em 22 de outubro de 2018
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