sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Sem saber quem é


Depois de exaustivo emprego indevido e até criminoso, pelo delito da falsidade ideológica, de se imaginar que ele seria outra pessoa, ou seja, de se passar por outrem indevidamente, parece que o candidato petista caiu na real e, agora, ele deixou de ser o outro que nunca teria sido, porque se fosse estaria igualmente preso pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em razão do recebimento de propina.
O candidato do PT, depois da estrepitosa surra nas urnas, deixou o político preso e este, por sua vez, não mais o candidato petista, ou seja, o candidato deixou de ser o que nunca fora, porque havia confusão de identidade, sem saber quem era um ou outro, ao mesmo tempo ou em momento diferente, e, finalmente, agora, o candidato não sabe mais quem ele realmente é, tendo apenas a certeza de que ele foi sem ter sido quem jamais imaginava que teria sido e, por fim, tenta, aturdido, saber se ele ainda pensa que seria ele se não fosse o outro, sem nunca ter sido nem ele e muito menos o outro.
Graças à sem-vergonha politicagem para tão somente tentar enganar o eleitor ingênuo, a falta de personalidade termina confundindo um pouco, mas para o bom entendedor tudo fica muito complicado mesmo, tanto que o resultado nas urnas deixou tudo com a maior clareza que se esperava, em que a quantidade dos votos ao candidato petista refletiu exatamente a confusão do eleitor atônito, que não sabia se estava votando em um ou se deveria votar no outro, mas a urna ajudou a decifrar o mistério e o resultado foi justamente o que ambos não mereciam.
Com a finalidade de esclarecer os fatos, o slogan petista, de repente, surge um tanto diferente, com aspecto capaz de confundir ainda mais o próprio eleitor petista, porque o fundo vermelho característico do partido socialista, materializado há década, foi substituído por fundo banco esquisito, acenando para algo sério e moderno, sem o nº 13, para confundir tudo.
Agora, o mais surpreendente foi a retirada da fotografia e do nome do todo-poderoso da propaganda petista ao Palácio do Planalto, dando a entender que seria vergonhoso ao extremo que alguém condenado à prisão e já cumprindo a pena estivesse em primeiro plano com a sua imagem na propaganda eleitoral de outra pessoa, embora ela dissesse que era ele, como se participasse ativamente do pleito eleitoral como sendo ele o principal interessado, em clara materialização de maquiagem enganadora aos ingênuos eleitores, que ainda acreditam em tudo no que o político preso dizia, inclusive de que é inocente quanto às acusações da prática de irregularidades com dinheiro público.
Convém frisar que, depois da condenação à prisão pela Justiça, ele reduziu sensivelmente a petulância de alardear, com veemência, que é imaculado, embora as provas constantes dos autos fortalecem o entendimento segundo o qual há a materialidade da culpa sobre os fatos denunciados atribuída a ele.  
Em termos de práticas políticas, é completamente inadmissível que alguém de dentro da cadeia ainda se julgue com plenos poderes para ditar os destinos do partido e do seu candidato à Presidência da República, que não consegue ter autonomia para resolver seus problemas sem a orientação dele, como nesse caso, em que o candidato se submete ao ridículo de visitá-lo para pedir conselhos e pegar  orientação a um criminoso condenado pela Justiça, em visível situação de constrangimento moral, principalmente em se tratando de candidato ao principal carga da República, em que ele tem o dever de integridade moral para ser independente e autêntico homem público, para atuar livre  e com poderes autônomos quanto ao destino da sua campanha.
É verdade que tem sido normal, nos últimos tempos, os chefões da criminalidade darem orientações sobre as atividades pertinentes às organizações criminosas, mas é insólita essa forma de se comandar campanha eleitoral diretamente do presídio, o que demonstra forma explícita de desmoralização das práticas político-eleitorais, em que presidenciável não se envergonha de ser instruído e orientado por condenado pela Justiça, de dentro do presídio, local completamente incompatível com as saudáveis, sérias e responsáveis práticas políticas.
Não há a menor dúvida de que é por demais deprimente que presidiário possa ser importante e principal conselheiro de candidato à Presidência da República, em evidente inversão de valores e da ordem democrática e republicana, que jamais se poderia imaginar que as atividades políticas pudessem chegar a ponto tão deprimente e aviltante, evidentemente em situação inadmissível nem mesmo nas piores republiquetas, onde o primado democrático é questão de honra para a nação.
Esse episódio tem o condão de evidenciar que o candidato petista não tem o mínimo de personalidade para presidir o país com as grandezas econômica e social do Brasil, por se permitir ser verdadeiro marionete, ao se submeter, de forma passiva, às ordens emanadas por presidiário, em situação absolutamente constrangedora quanto aos padrões de dignidade do ser humano, que precisa, no mínimo, ser respeitado na sua honradez como cidadão.
Não há a menor dúvida de que a reformulação do slogan em referência se trata de mais uma espetacular manobra de marketing de campanha eleitoral, que é peculiar ao partido, em calculada tentativa de mudar suas cores para simplesmente enganar o eleitor, mas a verdade é que o rótulo até pode ser mudado, enquanto, por certo, dificilmente o partido vai alterar um milímetro a sua forma de ideologia, que tem como cerne a absoluta dominação das classes política e social, além do enlouquecido propósito da conquista do poder e da permanência nele, não importando os fins empregados para o atingimento de seus objetivos políticos.
Convém que os brasileiros honrados ou não tenham pelo menos a dignidade para enxergarem as explícitas estupidez e desmoralização da prática política, em que candidato aceita ser orientado por alguém preso, em indiscutível falta de condições dignas e morais para representar o povo, à vista da sua submissão à orientação por alguém condenado à prisão exatamente pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em cristalina dissonância com o exercício do principal cargo da República por ele pleiteado, em claro entendimento de despreza à relevância da sua liturgia, considerando que o mandatário da nação precisa demonstrar altíssimos sentimentos ao culto de reverência aos princípios republicanos de moralidade e dignidade, que são inexoravelmente inexistentes na pessoa de quem se encontra reclusa na prisão. Acorda, Brasil!
Brasília, em 12 de outubro de 2018

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