Conforme
pesquisa Datafolha, que serviu precipuamente para se apurar as intenções de
voto para a corrida à Presidência de República, a metade da população
brasileira considera que há alguma possibilidade de haver nova ditadura no
Brasil.
Aos
9.137 eleitores pesquisados foi feita a seguinte e importante pergunta: “Atualmente, você acha que há alguma chance
de haver uma nova ditadura no Brasil?”.
O
resultado da pesquisa evidenciou que 31% dos entrevistados responderam que “sim, há muita chance” e 19% disseram que
“sim, um pouco de chance”, enquanto 42%
disseram que não há “nenhuma chance” e
8% não souberam responder.
Com
base em dado comparativo com o passado, foi percebido que, em 2014, o número
de eleitores que demonstravam apreensão real quanto à possibilidade de nova ditadura no Brasil era bem menor, porquanto
o levantamento realizado em fevereiro daquele ano, também pelo Datafolha, as
pessoas que achavam haver “muita chance”
de isso acontecer atingiram apenas 15% dos entrevistados, enquanto o grupo dos
que diziam ver “um pouco de chance”
representava 24%.
A
aludida pesquisa revela que três em cada quatro entrevistados disseram ter a
intenção de votar no presidenciável petista e que consideram haver “alguma chance” de nova ditadura, no
Brasil, enquanto com relação aos eleitores do presidenciável de oposição daquele,
65% disseram descartar essa possibilidade.
O
curioso é que foi constatado que mulheres e eleitores de baixa renda (com até
dois salários mínimos) concentram maior preocupadas com a possibilidade de um
novo governo autoritário, no país, enquanto no lado oposto estão as pessoas de
melhor poder aquisitivo (com renda superior a dez salários mínimos).
De
acordo com o resultado da pesquisa, os entrevistados disseram que a ditadura
militar que governou o Brasil, no período de 1964 a 1985, foi mais
positiva do que negativa, com 51%, enquanto 32% disseram o contrário e 17% se abstiveram.
É
evidente que as pesquisas de opinião precisam ser analisadas com o devido cuidado,
a depender, em especial, da seriedade como elas pretendem obter os resultados.
Há
de se notar, sem a menor dificuldade, a pouca seriedade da pesquisa em causa, que
demonstra se referir exclusivamente sobre a linha militar defendida pelo
candidato que lidera, de forma extraordinária, as intenções de voto, dando a
entender que se trata de levantamento de opinião direcionado ao atingimento dos
interesses desse presidenciável, diante do seu vínculo com o regime militar.
Se
os responsáveis (ou irresponsáveis) pela pesquisa em referência quisessem
demonstrar imparcialidade e justiça, quanto ao resultado do seu trabalho,
simplesmente teriam tido a iniciativa e o cuidado, sérios e civilizados, de
pesquisar, ao mesmo tempo, envolvendo questões relacionadas, em sentido
equivalente, com os dois candidatos, ou seja, se um candidato tem tendência
militar e defende claramente o regime de exceção militar, o outro candidato
professa a ideologia socialista, cujo partido é intransigentemente simpatizante
e defensor, com a maior clareza, das poucas ditaduras comunistas espalhadas
pelo mundo, em especial as cubana e venezuelana.
Nesse
caso, seria de total justeza que, concomitantemente, em face da disputa entre
os dois candidatos, no momento, que a pesquisa, para não padecer de
questionamento, fosse promovida com relação às ideologias igualmente defendidas,
respectivamente, por ambos os candidatos, no sentido de que, aos entrevistados,
fossem feitas, ao mesmo tempo, as perguntas nesse sentido: se há alguma chance
de nova ditadura no Brasil (nesse caso, não foi dito claramente, mas só pode
ser ditadura militar, porque não houve, recentemente, outra ditadura no país, e
até nisso vê-se a maneira maliciosa como se houve a pesquisa) e se há alguma
chance de o Brasil implantar ditadura comunista, à base da existente em
Cuba/Venezuela?
Vê-se
e isso fica patente que alguns órgãos de pesquisas tratam as pessoas como sendo
um bando de imbecis desinformados, quando, por trás de seu trabalho, sempre tem
segunda intenção maliciosa destinada à serventia de interesses escusos, como no
levantamento em comento, em que o seu resultado tem a visível intenção de
atingir o candidato que se alinha ao regime militar, naturalmente por ser
militar reformado.
Ou
seja, a pesquisa foi feita justamente para avivar a ideia dos entrevistados e
das pessoas que dela tomarem conhecimento de que a vitória do capitão reformado
poderá suscitar a volta do regime militar no Brasil e isso leva ao possível cuidado
de alguém querer reavaliar seu voto, que já poderia ter sido favoravelmente a
ele, não houvesse a pesquisa.
Não
há a menor dúvida de que, no caso enfocado, o órgão pesquisador que até pode
não ser o responsável direto pelo direcionamento do conteúdo da pesquisa, mas. por
se tratar de matéria de interesse dos brasileiros, poderia se precaver, em
termos de bom senso, no sentido de que não houvesse nenhuma forma possível de parcialidade
no seu levantamento, como a que ficou visível no caso, por se evitar a
impressão de manipulação prejudicial aos princípios democrático e republicano.
Os
brasileiros, no âmbito do sentimento cívico e patriótico, precisam perceber as sutileza,
esperteza e malandragem embutidas nas pesquisas, porque elas não são feitas em
vão e com a absoluta lisura, a exemplo dessa visivelmente viciada e parcial, para
o fim de repudiar, com a devida veemência, aquelas que são nitidamente
tendenciosas e maquiavélicas, com o claro objetivo à serventia de determinada causa
ou entidade, que não tem o menor pudor em prejudicar os interesses alheios, manobras
essas que poderiam ter sido evitadas se a pesquisa tivesse envolvido questões de
teor igualmente semelhante, embora em sentido contrário, preservando-se, ao
mesmo tempo, os interesses dos dois candidatos e não deixando margem para
dúvidas ou questionamentos. Acorda, Brasil!
Brasília,
em 21 de outubro de 2018
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