quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Falta de pudor


Em conformidade com a delação premiada do célebre ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil dos governos petistas, que acaba de divulgada pela imprensa, "Houve desonestidade em toda a estrutura do PT".
É engraçado que, se a desonestidade foi a marca do PT, como esse partido ainda tem o desplante de insistir nas práticas de atividades políticas, no usufruto dos plenos direitos?
Em princípio, atos de indignidade como os referidos nessa expressão são absolutamente incompatíveis com o exercício de entidade representativa de classe política, pelo menos nesse sentido é a legislação que disciplina o funcionamento de partidos políticos, que precisam cumprir e observar com o devido rigor os ditames de retilineidade quanto aos princípios fundamentais de honestidade, de vez que, o contrário disso, deveria haver a suspensão ou o afastamento dele enquanto não fossem justificados e aclarados os fatos alegados de desonestidade.
É preciso se tem na devida conta de que a pesada acusação foi feito por nada mais, nada menos, do que o famoso ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil dos governos petistas, que até o momento em que caiu em desgraça moral, principalmente com a sua prisão, ele era tratado com todo respeito, como o intelectual de maior credibilidade e com competência no seio do PT, porquanto sempre foi o homem encarregado de planejar e executar as mais importantes e espinhosas missões do partido, inclusive ele era quem cuidada do relacionamento entre o PT e a Odebrecht, com relação ao abastecimento, por meio de propina, dos cofres da agremiação.
Esse fato bem demonstra o quanto ele tem autoridade para fazer essa tão convicta afirmação, de que "Houve desonestidade em toda a estrutura do PT", apenas em reafirmação do que já revelaram as delações premiadas de ex-executivos de empreiteiras, em especial da citada construtora, que já revelaram o elevado grau de promiscuidade dessa agremiação, que certamente cresceu, conquistou o poder e se tornou dona de notória influência política graças ao uso indevido do dinheiro sujo desviado de empresas estatais, com enfoque especial para a Petrobras, que por pouco não foi ao debacle, do tanto que foi sugada na sua composição financeira.
Agora o que causa estrondosos indignação e estarrecimento mesmo é ter a certeza, a cristalina evidencia da existência dos fatos irregulares denunciados, conforme já robustamente destrinchados por meio de investigações feitas pela força-tarefa da Operação Lava-Jato, de que o partido conquistou o poder e usufruiu a máxima influência dele decorrente, tudo de forma indiscutivelmente irregular, ilegítimo, indevida e abusivo, mas ele simplesmente continua impávido, intocavelmente impune e, o pior, funcionando normalmente, mesmo em total afronta aos princípios republicano e democrático, como se nada tivesse acontecido, em cristalina demonstração da extrema decadência do sistema político brasileiro.
Com absoluta certeza, se essa forma de extrema desmoralização política tivesse acontecido em um país com a mínima sensibilidade política ou mesmo com pouca seriedade e civilidade, as suas portas já teriam sido lacradas e as suas atividades políticas suspensas até os devidos esclarecimentos sobre os fatos tidos por desonestos.
Há de se notar também, porque isso é da maior relevância política, em termos de evolução social, a forma despudorada e o altíssimo grau de irresponsabilidade das pessoas que ainda demonstram insensibilidades cívica e política em hipotecar seu apoio a agremiação com o conceito em estado deplorável de falta de credibilidade, justamente por não ter tido o devido cuidado de atuar em estrita observância aos salutares princípios da ética, da moralidade, da dignidade, do decoro, entre outros que são imprescindíveis ao bom exercício das atividades políticas. Acorda, Brasil!
Brasília, em 3 de outubro de 2018

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