Com
a finalidade de contribuir para o aperfeiçoamento do programa de governo de um
candidato presidencial, mandei, em 11/10/2018, para o seu comitê de campanha a
crônica abaixo, que contém projeto especial destinado à melhoria do programa
Mais Médicos, tendo por essencial objetivo possibilitar a criação, em termos
substanciais, de vagas nos cursos de medicina, com a exclusiva finalidade de
suprir, com o tempo, as carências médicas, em especial do Nordeste.
Tanto
para o referido projeto como para o outro que se refere ao desenvolvimento do
Nordeste, recebi informação no sentido de que, devido ao acidente sofrido pelo
candidato, os projetos não foram submetidos ao crivo dele, em que pese o ocorrido,
tentarei falar pessoalmente com o presidente eleito, para apresentar os dois
projetos em questão e outros que pretendo também sugeri, em contribuição ao
aperfeiçoamento administrativo do Brasil.
Com
a finalidade de tentar atender à grave crise do sistema de saúde pública, de
forma bastante simples, apressada e irresponsável, sem qualquer critério racional
e contrária à melhor forma recomendável de planejamento público, como se a
questão envolvesse apenas objetos sem valor e sem a necessidade da avaliação
criteriosa sobre a valoração da sensibilidade humana, o governo de então se
apressou em criar implantar o programa Mais Médicos.
É
evidente que a criação do aludido programa não atendeu aos critérios de ao
normal planejamento governamental, mas sim no estilo absolutamente atabalhoado
de ser do governo de então, apenas visando dá resposta aos reclamos da
sociedade, nitidamente com sua tolerância já exaurida diante do eterno e inadmissível
descaso das autoridades públicas, com relação à indiscutível patente precariedade
no atendimento médico-hospitalar à população.
Nas
condições simplistas imaginadas e encontradas pelo então governo, não havia dúvidas
para ele de que a vinda de médicos estrangeiros deveria ser medida acertada
para solucionar a carência de profissionais de saúde e assim foi implementado o
programa “Mais Médicos”, a trancos e barrancos, com a vinda em peso, de início,
de 2.500 profissionais de Cuba.
O
afogadilho da medida pôs de lado as imprescindíveis cautelas de segurança e
responsabilidade médicas, quanto aos fins colimados, consistentes no importante
tratamento da saúde de seres humanos, que exigiam, no mínimo, que os
profissionais passassem pelo teste da dúvida em relação à real formação médica
dos contratados, se eram realmente competentes e qualificados, eis que o teste
do Revalida, até então obrigatório, foi mandado para o espaço sideral, com
relação aos integrantes do referido programa.
É
claro que não bastava a tão alardeada "importação de médicos",
dispensada a revalidação do diploma pertinente, pasmem, em absurda
inobservância da exigência legal aplicável à espécie, deixando à margem a
essencial exigência da comprovação da experiência profissional para as
peculiaridades médicas pretendidas, porque a situação caótica da saúde também
reclamava da recomposição de pessoal, material e equipamentos
médico-hospitalares.
A
vinda de médicos estrangeiros, como medida isolada, além de medida paliativa,
não resolveu a crise na saúde, que continua precária e ainda carente de investimentos
maciços em instalações, equipamentos hospitalares, diversificados aparelhos de
tomografia, Raio-X, leitos, materiais técnicos, medicamentos, ambulâncias
compatíveis às necessidades etc.
O
certo é que a importação de médicos contribuiu para aliviar um pouco a gravíssima
crise de saúde pública, mas continuam as precariedades e as más condições das poucas
e péssimas instalações e unidades hospitalares, onde há fartura até mesmo das
mínimas condições para o desempenho digno da profissão médica, que apenas
contribuem para pôr em risco não somente a qualidade do atendimento médico, mas
a própria profissão médica e a vida das pessoas.
É
evidente que o governo, mantendo costumeira coerência, distorce o entendimento
quanto à realidade dos fatos e manda às favas as cobranças sobre a melhoria da
saúde pública, notadamente no que tange à disponibilização de substanciais
recursos, capazes de contribuir para o saneamento das precariedades consistentes
na plena falta de atendimento médico-hospitalar, sobretudo afetada pela
acentuada incompetência gerencial do Sistema Único de Saúde – SUS, que subsiste
mesmo com inadequado controle sobre a efetividade da sua atuação, inepta e
incapaz de aquilatar os reais emprego e efetividade dos recursos destinados às
causas médico-hospitalares.
Os
reiterados protestos da população, em todo país, são de inteiras pertinência e
justeza, ante a insensibilidade das autoridades públicas em pretender
solucionar questão tão relevante de forma primária e açodada, sem sopesar os
componentes que influenciam na degeneração do sistema da saúde pública.
Convém
que haja compreensão dos problemas maximizados pela falta de priorização e de
investimentos e pela incompetência da gestão do sistema de saúde, que
contribuem negativamente para o afastamento dos médicos brasileiros das regiões
do interior do país e, de resto, do serviço público, causando verdadeiro caos à
assistência médico-hospitalar a cargo do anacrônico e decadente SUS, que
precisa ser reavaliado, aperfeiçoado e modernizado, por se tratar do principal
instrumento público que tem a incumbência institucional de cuidar da saúde dos
brasileiros.
A
importação de médicos, na forma preconizada pelo governo, demonstra incompetência
no tratamento acerca de tema de extrema sensibilidade humana, por dizer
respeito à saúde da população que merece atendimento prioritário e de
qualidade, assegurada a indispensável segurança psicológica e garantia de que a
vida humana se encontra aos cuidados de profissionais confiáveis e preparados
para tratar as doenças e as enfermidades.
Por
seu turno, é preciso entender que não há a mínima garantia do satisfatório atendimento
médico-hospitalar apenas com a presença, em quantidade suficiente, de médicos,
se não houver empenho e esforço no sentido de assegurar suprimento, em
quantidade e qualidade, dos recursos materiais e pessoais imprescindíveis ao
nobre exercício das funções e atividades médicas.
Na
forma como se encontra estruturado o programa Mais Médicos, apenas com a
manutenção em atividade dos profissionais contratados, a sua estrutura tende a
envelhecer e se tornar cada vez mais precária e ineficiente, diante da falta de
iniciativa capaz de transformá-lo em programa dinâmico e eficiente.
Com
pouco esforço criativo e muito mais com vontade política, é possível que o gravíssimo
problema da falta de profissionais da medicina no interior do país e nas
localidades igualmente carentes possa sim ser solucionado, em parte
significativa, de forma gradativa, permanente e racional, tendo o condão de
privilegiar a prata da casa, ampliar as condições de acessibilidade social e
valorizar a mão de obra dos brasileiros, com a aplicação de instituto
genuinamente tupiniquim, que pode ser por meio de cotas médicas, a serem
viabilizadas nos moldes do critério da regra de cotas já existentes, no caso já
em uso justificável para fins sociais.
As
cotas médicas imaginadas consistem na reserva de vagas especiais nos cursos de
medicina das faculdades de saúde das universidades públicas ou também de
faculdades privadas, que seriam conveniadas com o estado, com o aumento de
vagas também destinadas ao suprimento das carências de profissionais médicos do
interior do país e de outras situações em igualdade de condições de necessidade
médica.
Na
prática, essa medida objetiva estabelecer, nos vestibulares das universidades
públicas - que deverão ampliar significativamente as atuais quantidades de
vagas -, cotas exclusivas para quem aceitar fazer o curso de medicina tendo a
obrigação de, após a formatura, prestar serviços médicos no interior do país,
em localidades carentes predeterminadas, com remuneração compatível com a
insalubridade e duração, no mínimo correspondente ao tempo de colação do grau
médico ou outro compatível com os fins de interesse público.
As
condições dos médicos cotistas precisam ficar claramente definidas em
instrumento público, em forma de contrato assinado pelas partes e registrado em
cartório apropriado, ficando estabelecido, entre as regras legais de praxe, que,
os médicos que se recusarem a cumprir o compromisso assumido, sujeitar-se-ão à
condição de ficar suspenso do direito de exercer a profissão médica, por, no
mínimo, seis anos, ou então de ficar obrigado a indenizar as despesas
pertinentes à sua formação médica, tudo estabelecido no contrato, evidentemente
com as anuências das partes.
Ou
seja, com vistas à formação de médicos destinados às áreas carentes de
profissionais de medicina, as faculdades públicas ficarão obrigadas à formação
de igual quantidade dos médicos que já são estabelecidos no momento, dando por
exemplo o caso da Faculdade de Medicina de Brasília, que recebe, por meio de
vestibular anual e regular, normal à sua estrutura, novos 60 calouros de
medicina, ou seja, somente na UnB, seriam mais 60 médicos, que seriam mandados
para as localidades carentes, em substituição aos médicos estrangeiros,
evidentemente.
Com
a adoção do programa Cotas Médicas nos cursos de medicina, a Faculdade de
Medicina da UnB passaria de 60 para 120 calouros anuais, sendo que 30 vagas seriam aquelas em que os
alunos tenham aceitada a exigência de trabalhar nas áreas carentes, depois de
formados, conforme termos expressos em contrato pessoal.
É
evidente que a criação das cotas médicas também implica a criação de condições
indispensáveis ao atendimento médico da melhor qualidade possível, com a
disponibilização dos recursos materiais e humanos suficientes e capazes para
dar suporte ao ofício em causa, ou seja, os orçamentos dessas faculdades seriam
substancialmente aumentados, para a contratação de profissionais docentes compatíveis
com o acréscimo do dobro das vagas pretendidas, além da aquisição de
instalações e equipamentos, tudo nessas mesmas condições e proporções.
A
sociedade anseia por que as autoridades públicas se conscientizem, com
urgência, sobre a necessidade da priorização das ações e políticas públicas de
competência constitucional do Estado, em especial no que se refere à situação
periclitante do sistema de saúde pública, que pode ser, em parte, solucionada
com a implantação de sistema de cotas médicas, para quem aceitar trabalhar no
interior ou em localidades carentes dos serviços médicos, depois de formado.
O
que não pode mais é ficar fomentando o atual programa Mais Médicos,
absolutamente com caráter precário e paliativo, por não se prestar ao
atendimento definitivo da carência de profissionais da saúde, conquanto a
presença dos cubanos não passa de arremedo de iniciativa petista, muito voltado
para promover ajuda e financiamento à ditadura castrista em Cuba, ao pagar pela
vinda de médicos cubanos, como se o sistema comunista daquele país ainda
estivesse prestando enorme favor ao Brasil, em forma de acordo de “cooperação”
com Cuba, que, na verdade, existia tão somente para satisfazer aos propósitos
político-socialistas do PT.
Conforme
dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 60,8% das 18.240 vagas do programa
Mais Médicos são ocupadas por profissionais cubanos, enquanto os médicos
brasileiros ocupam somente cerca de 29%, cujo restante de 8,4% é preenchido por
médicos brasileiros formados no exterior e os estrangeiros não cubanos.
Vejam-se
que é alarmante a presença de aproximadamente 11 mil profissionais da saúde
cubanos, em claríssima deformação do funcionamento desse programa, que clama
por urgentíssimo aperfeiçoamento nas suas estruturas, para permitir que médicos
brasileiros tenham prioridade para integrá-lo e o programa de Cotas Médicas
aqui cogitado pode contribuir para que isso seja possível, porque, pelo menos,
trata-se de alternativa à falta de melhor iniciativa.
A
verdade é que também é preciso que o programa Mais Médicos fique imunizado com
relação ao caráter ideológico socialista, que não condiz com a cultura
brasileira, uma que o seu funcionamento precisa ser adequado às raízes genuinamente
brasileiras, evidentemente sem nenhum preconceito contra os cubanos, que não têm
qualquer culpa pela incompetência administrativa de governos tupiniquins.
É
importante que se ponderar que o Mais Médicos, mesmo que possa ter algumas vantagens
e até boas avaliações por parte das pessoas por ele atendidas, não passa de
mero paliativo, porquanto é preciso que ele seja definitivo substituído por
programa de abrangência nacional, com a obrigação de se buscar melhor solução
possível para a criação de programa que tenha por arcabouço a criação de quadro
de pessoal, que poderia até ficar sob a incumbência do SUS, nos moldes das
carreiras de fiscais de renda, juízes, procuradores e outras categorias
federais, de modo que o médico passe a ter segurança no emprego, não importando
a localidade onde esteja prestando o serviço público da sua importante
incumbência profissional, com o que certamente a situação dos profissionais da
saúde seja definitivamente solucionada, para a satisfação do bem comum.
Ressalte-se
que o programa Cotas Médicas é potencialmente importante, em termos
político-sociais, porque a sua implantação certamente há de despertar o
interesse da sociedade em geral, não somente dos jovens estudantes ávidos por
mais vagas no curso de medicina, mas especialmente pela população carente que
acredita na garantia de que o Sistema de Saúde Pública finalmente pode se
encaminhar para solução satisfatória, graças à perspicácia de homem público que
demonstra preocupação senão quanto à solução da grave situação referente ao
atendimento médico, pelo menos adota medida corajosa e correta que poderá
contribuir para minorá-la.
Urge
que o governo federal se conscientize sobre a necessidade da priorização em
profissionais da saúde, com o aproveitamento de recursos humanos produzidos nas
universidades públicas, que precisam de maciços investimentos para a formação
de médicos e profissionais da área de saúde, a exemplo do proposto programa
Cotas Médicas, como forma de garantia, em caráter permanente, do atendimento
satisfatório ao Sistema de Saúde Pública em todo país, a partir da reformulação, com profundidade e
abrangência do Sistema Único de Saúde,
que vem funcionando precariamente e de forma empírica, à vista do seu sucateamento
e da enorme deficiência da assistência aos brasileiros, em que pesem os altos
investimentos que são aplicados sem a preocupação de efetividade, eficiência e
eficácia. Acorda, Brasil!
Brasília,
em 29 de outubro de 2018
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