sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Insensatez política?


No contexto político nacional, o ex-presidente da República tucano já declarou apoio ao presidenciável de seu partido, o PSDB, à Presidência da República.
Não obstante, as pesquisas de intenção de voto apontam que são remotíssimas as chances de o tucano ir ao segundo turno.
Diante desse fato, o presidenciável petista ensaia pedir o apoio do ex-presidente tucano, no caso de eventual segundo turno com a presença do PT, obviamente sem a participação do candidato tucano.
Segundo importante colunista do jornal O Globo, o presidenciável petista e o ex-presidente tucano são pessoas que mantêm relações de amizade próximas, tendo citado que, no fim do ano passado, o ex-prefeito de São Paulo teria jantado na companhia do ex-presidente tucano, a sós, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e que, depois disso, o tucano-mor é só elogios ao presidenciável petista.
Se isso vier realmente a se concretizar, não será nenhuma novidade em se afirmar, com absoluta certeza, que a política brasileira continuará não merecendo um pingo de credibilidade, quando homem público da estirpe do ex-presidente da República tucano se dignar a apoiar candidato de partido que ele vem, há anos ou décadas, repudiando a sua maneira nada republicana de administração da coisa pública.
O pior de tudo isso seria exatamente um homem público que se mantém respeitado justamente em razão da sua reputação de integridade moral, sendo ainda considerado exemplo para alguns políticos, diante da sua postura crítica contra deslizes morais atribuídos ao PT, de repente, deixar que tudo isso seja ignorado e jogado para o espaço sideral, em forma de inexplicável recaída moral sem precedentes na história política brasileira.
Não há a menor dúvida de que todo brasileiro, no âmbito dos princípios democráticos, tenha direito de apoiar quem bem entender e achar conveniente, mas não deixa de ser estranho que o tucano-mor, pelo seu caráter de retidão e credibilidade construído ao longo de sua carreira política respeitável, passe a ser leviano traidor desse passado glorioso, que jamais será recuperado diante da opinião pública.
Além dos inconvenientes políticos que o apoio ao presidenciável petista poderá resultar, essa história terá enorme abalo político, tendo em conta que o PT sempre o considerou como sendo um dos principais políticos golpistas, justamente porque foi o PSDB que primeiro empunhou a bandeira do impeachment da presidente petista.
O mais grave dessa história sem pé nem cabeça é que, de repente e sem nenhum um fato novo que pudesse justificar tal reviravolta no mundo político, o tucanão caísse nos braços dos petistas, como se nada de gravíssimo tivesse acontecido entre eles, nos últimos tempos, senão em vergonhoso entendimento em nome de interesses e conveniências pessoais, partidárias ou políticas, em evidente demonstração de falta de personalidade e caráter de ambas as partes, que se unem em praça pública, sem a menor cerimônia, em beijos e abraços para selar apoio sabidamente de extrema imoralidade e pecaminosidade, evidentemente aos olhos da incrédula e estarrecida opinião pública.
Os homens honrados e de bem não suportam mais tanta canalhice e imundície por trás da politicagem brasileira, em que ninguém se robustece mais com a desmoralização dos princípios ético e moral, permitindo que se banalizem práticas ofensivas aos conceitos de legalidade, moralização e dignidade, entre outras indecências que depõem contra a seriedade das práticas da política brasileira, quando todos os meios e fins espúrios são empregados para o atingimento de seus objetivos políticos, em evidente detrimento das verdadeiras causas do país e do interesse público. Acorda, Brasil!
Brasília, em 5 de outubro de 2018

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