Um de meus amigos na rede social teria anotado,
de forma vaga, abaixo de uma de minhas crônicas sobre o momento político brasileiro
a seguinte expressão: “É nordestino também”,
quando prontamente apareceu outro amigo em minha defesa, dizendo que “Adalmir é um nordestino que se presa. É
PATRIOTA, Ama nosso país!”.
Incontinente, em agradecimento a essas palavras
amáveis e tentando captar o sentimento do primeiro interlocutor, eu disse que teria
deixado de dá resposta à altura porque não havia entendido exatamente o sentido
da manifestação de que se trata.
Não obstante, depois procurei esclarecer que,
mesmo nas minhas limitações, tenho tentado ser muito claro nas afirmações que
faço, inclusive em deixar patenteado que sei muito bem separar o joio do trigo,
deixando muitíssimo explícito também que é verdadeiro absurdo e até mesmo forma
de ignorância de, em pleno século XXI, ainda haver pessoas que não conseguem
perceber, por puro sentimento ideológico, o que sejam certo e errado, à vista
de manifestação completamente irresponsável em defesa de cidadão que se
encontra preso por condenação pela prática de crimes gravíssimos contra a administração
do país, que, ao contrário, são dignos do repúdio da sociedade, diante da
visível demonstração de desprezo à confiança nele, que foi depositada nas urnas,
na melhor forma de democracia.
Refiro-me à insistência, até intransigente, sobre
a defesa cega, por parte de seus seguidores, de pessoa que se encontra presa,
certamente por ter praticado algo irregular, sob a visão correta e competente
da Justiça brasileira, porque, do contrário, não estaria presa por tanto tempo
e o mais grave é que o processo onde constam os elementos da denúncia e as
provas sobre os crimes se encontra, pelo menos por enquanto, absolutamente tal
e qual como se encerraram os julgamentos nas primeira e segunda instâncias.
Convém assinalar, a propósito, que, na
tentativa de se livrar das grades, mais de oitenta recursos foram apresentados pela
defesa em todas as instâncias, desde a primeira até a quarta, ou seja, até o
Supremo Tribunal Federal, mas todos mereceram negativa como resposta, ou seja,
nenhum pedido foi favorável a quem jura inocência de mãos postas, certamente
porque a defesa não teria conseguido produzir contraprovas suficientes para se
infirmarem as provas produzidas pela força-tarefa da Operação Lava-Jato.
É de se estranhar que a poderosíssima
força-tarefa de advogados constituída pelo político, composta por mais de vinte
excelentes juristas de peso, não conseguiu soltá-lo, mas mesmo assim ainda tem
quem acredite, em sentimento de ingenuidade, na inocência dele, justamente
porque o imóvel não está no seu nome, esquecendo-se que um dos crimes punidos
diz respeito exatamente à ocultação de patrimônio, o qual não teria ocorrido se
o bem estivesse registrado no nome dele.
A única razão para essa assombrosa e exacerbada
veneração talvez tenha sido por ele ter feito governo que priorizou a
distribuição de renda para a pobreza bastante carente, cuja
"benevolência", assim compreendida, não tinha nada de extraordinário nem
de diferente da obrigação constitucional de o Estado atender às necessidades
das famílias carentes financeiramente, ou seja, por meio da execução de
políticas públicas promovidas com recursos públicos, estritamente no
cumprimento do dever funcional.
Com isso, o político se tornou, espertamente, o
pseudo "pai" dos pobres, por obra e graça de eficiente marketing
político capaz de transformar tamanha "proeza" em patrimônio
eleitoral, à vista do resultado da última eleição presidencial, em que a
reeleição da candidata oficial contabilizou maioria absoluta e extraordinária
nas regiões nordestinas, sobressaindo em algumas localidades em votação com
quase 90% da totalidade dos eleitores para ela, em clara demonstração do poder
eleitoral do programa de distribuição de renda fomentado cuidadosamente pelo
partido, tendo como carro-chefe o Bolsa Família, que é de suma importância como
assistência regular às famílias carentes.
Em termos de legalidade e moralidade, é preciso
se afirmar, de passagem, que esse programa jamais deveria servir de viés
político-eleitoral, principalmente porque qualquer governante, não importando a
sua ideologia, seja de direita-capitalista ou de esquerda-socialista, há de
continuar da mesma forma e com a mesma intensidade com a distribuição de renda,
por se tratar de política de Estado e não de governo.
Convém que os brasileiros se conscientizem de
que não existiu nada de bondade ou generosidade por parte de quem quer que seja,
somente para se passar de bonzinho, se não tivesse o interesse eleitoral por
traz dessa importante fatia do eleitorado brasileiro e sobre isso os
nordestinos precisam se conscientizar, para que seja urgentemente expiada a má e
indevida fama de aceitar a troca do benefício do Bolsa Família pelo voto,
diante do entendimento segundo o qual há a vinculação de uma coisa com a outra,
em face dos altíssimos índices de votação favorável aos candidatos defensores
da distribuição de renda.
É lamentável que persista essa visão distorcida
e perversa sobre esses fatos, porque isso pode demonstrar que muitos
brasileiros foram mal informados sobre o verdadeiro sentido da distribuição de
renda, que tem por finalidade apenas a assistência social necessária, como exclusivo
dever do Estado e não de um ou outro governo, que apenas pode diferenciar um do
outro, na sua filosofia quanto à gestão pública.
Outro
fato que precisa ficar muito claro é que qualquer homem público, não importando
a sua relevância política, tem o dever legal de prestar contas sobre seus atos
na vida pública e isso é obrigação individual e pessoal, que não tem nada a ver
com o que ele possa ter feito bom governo ou não.
No caso do político preso, ele tem o dever de
provar a sua imaculabilidade na vida, seja pública ou privada, cuja
responsabilidade é essencialmente pessoal, ou seja, no caso do tríplex, ele
jamais deveria ter convocado seus admiradores, como fez por várias vezes, para
defendê-lo, tendo em vista que os fatos estavam vinculados à vida privada dele
e somente ele teria o dever legal de se defender, quanto mais tendo o respaldo
de mais de duas dezenas de causídicos para cuidar das defesas, das provas e de
tudo o mais que não passaram de verdadeiro fiasco, porque a Justiça
simplesmente entendeu que as provas sobre a materialidade da autoria dos crimes
denunciados eram de tal robusteza que prevaleceram por ocasião das sentenças
condenatórias à prisão.
É preciso acabar com essas tolices e
ingenuidades, que muitas pessoas ainda acreditam que houve condenação sem
provas, porque isso não passa de estrondosa balela, considerando que nenhum
juiz do mundo, vale dizer nem das piores republiquetas, ficaria impune se
condenasse alguém sem as devidas provas exigidas pela legislação aplicável à
espécie, quanto mais em se tratando de autoridade da relevância de
ex-presidente da República do Brasil, porquanto o magistrado que assim agir
incorre em desídia capitulada como crime de prevaricação, passível de sanção,
conforme a gravidade da sua falha, que incide desde advertência até o
afastamento do cargo, por via da aposentadoria compulsória.
Ou seja, o simples fato de os magistrados que
condenaram o petista estarem em plena atividade, no exercício de seus cargos e
suas funções, e o processo pertinente não ter sido submetido a qualquer
procedimento de questionamento sobre possível erro judicial ou até mesmo sobre
falha procedimental, já confirmam, de forma inexorável, a licitude e a
legitimidade das condenações, diante da presença nos autos das provas
consistentes e definitivas, porque sobre elas nenhum outro tribunal tem
competência de se pronunciarem mais, salvo quanto à regularidade dos
procedimentos processuais e à sua constitucionalidade, respectivamente nas
alçadas dos Superior Tribunal Federal e Supremo Tribunal Federal, evidentemente
para a fragorosa decepção daqueles que ainda insistem em acreditar nesse
absurdo de ter havido injustiça, diante da condenação sem provas.
Os brasileiros, não importando onde nasçam ou
vivam, precisam valorizar a sua dignidade como ser humano e entender que, para
ser feliz, não deve se submeter à humilhação de ser capacho de seita política,
religiosa ou ideológica, porque é notório o sublime interesse dela na exploração
e na cativação das pessoas, que são capazes de ceder, em razão das suas ingenuidade
e desinformação aos caprichos dos maquiavélicos aproveitadores, que normalmente
se passam por eternos mentores de pseudo ideias, como se fossem genuínas, originais
e mirabolantes, que não passam de verdadeiros engodos capazes de enganar o povo,
com o único propósito de tirar proveito de alguma forma.
Finalizando, posso dizer, com um fiozinho de
orgulho, que nem seria necessário, porque isso deve integrar necessariamente a
índole de qualquer cidadão probo, digno e consciente sobre os deveres cívicos,
que teria extraordinárias decepção e tristeza se eu não tivesse condições de
entender os fatos da vida exatamente como eles são, porque pensamento diferente
desse poderia demonstrar enorme dificuldade de relacionamento social, como o verdadeiro
sentimento de respeito inerente e próprio do ser humano.
Tenho o cuidado, a humildade e a felicidade de
procurar enxergar os fatos exatamente como eles são, na sua precisa dimensão, para
que eu possa sinalizar para as pessoas que sou exatamente como que procura
respeitar os sentimentos de meus semelhantes, independentemente de ideologias,
descendência ou qualquer outra forma sobre a concepção do ser humano, que
precisa ser apenas autêntico e respeitar os princípios humanitários. Acorda, Brasil!
Brasília,
em 4 de outubro de 2018
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