terça-feira, 16 de outubro de 2018

Insensibilidade humana


Diante de cena dantesca estampada em placa mostrando a irracionalidade de se imputar a autoria de crime bárbaro a seguidor de candidato presidenciável, escrevi a crônica intitulada “À busca da civilidade”, repudiando a atrocidade de que se trata, em condenação a tal atitude como sendo desumana e irresponsável, justamente sob o entendimento de que não havia qualquer indício de que aquilo poderia sequer ter um pingo de confiabilidade, o que se caracteriza como mero fake News, ou seja, sem a mínima credibilidade.
Agora o mais estranho de tudo isso é que o seu propósito nada mais era causar comoção e indignação aos eleitores do presidenciável que desponta na corrida ao Palácio do Planalto, com larga vantagem, em relação ao seu adversário, dando a entender que seus seguidores são capazes de praticarem maldade e crueldade contra pessoas gays, em evidente demonstração do mais vil e desprezível sentimento humano.
Em tese, mostrei que aquilo espelhava algo muito ruim, com a materialização de sentimento perverso, desumano e monstruoso, porque a mente doentia de seu idealizador e seus apoiadores evidenciava enorme distanciamento dos princípios cristãos, à vista do completo desprezo à verdade e à dignidade humana.
Na ocasião, apelei para as pessoas honradas, de boa vontade e com amor no coração, que repudiassem, com veemência, toda forma de difamação, injúria, mentira e qualquer outra maneira de cristalina forçação de barra, em termos desumanos, para tão somente tentarem a transformação dos entendimento e sentimento das pessoas, por via de mera manipulação absolutamente condenável e anti-humana, diante da imperiosidade imposta às relações sociais de respeito à diversidade, à multiplicidade de pensamentos e, em especial, à dignidade ao ser humano.
Embora o propósito de minha crônica tivesse a melhor das intenções, em estímulo aos saudáveis princípios humanitários, houve quem se insurgisse contra seus termos, mostrando vídeos supostamente atribuídos a um presidenciável e fazendo indagações se eu concordaria com o seu conteúdo, em evidente demonstração de alheamento ao principal fato de desumanidade abordado no meu trabalho literário, exigindo que eu voltasse a escrever sobre o mesmo tema, conforme o texto a seguir.   
Ao contrário do que possam imaginar, procurei mostrar, na referida crônica, que é extremamente desumano se fazer acusação sobre a prática de alguma coisa errada, atribuindo a alguém, sem a devida prova da materialidade acerca da sua autoria, principalmente em nome e na defesa de ideologia claramente desfocada da realidade e da verdade.
Não sei qual seja o sentimento dessas pessoas que ficam mostrando e divulgando fatos que podem ser objeto de criação de mentes doentias, sem respaldo fático, conquanto o seu objetivo é claramente procurar distorcer os fatos e a verdade, sem se perceber que a sua atroz finalidade mostra o grau de degradação do ser humano, de forma absolutamente injusta, cruel e desumana, que simplesmente contradiz o puro sentimento cristão, como parece ser o caso da placa a que me referi.
Para mim, merece o maior sentimento de pena tanto com relação ao autor da citada placa como, principalmente, no caso das pessoas insensatas que defendem espetáculo da pior indignidade contra o ser humano, como se não pertencesse à espécie Homo sapiens, por acharem normal que, em pleno desenvolvimento da humanidade, ainda seja possível a existência de gente com mentalidade tão desprezível que não merece senão a desconsideração e a antipatia.
Não defendi na minha crônica senão o respeito à criatura humana e à verdade, sem nenhuma menção a candidatura de presidenciável, a ponto de merecer a mostra de imagens totalmente fora do contexto, como absurda demonstração de que a carapuça caiu muito bem para aqueles que não se envergonham de distorcer os fatos e a verdade, dando acolhimento a notícias infundadas e absolutamente irresponsáveis, mas com o nítido propósito da criação de algo exclusivamente arranjado para prejudicar seu semelhante, sem o mínimo de remorso, a mostrar que os fins justificam os meios, embora em situação bastante cravada de desonestidade.
Aliás, infelizmente, nos últimos tempos, tem se verificado que grande parcela da humanidade tem ficado cada vez mais bestializada, como nesse lamentável caso em discussão, onde os defensores da deprimente placa não se envergonham de considerar normal, diante de causa que também acham justa, a se confirmar o que disse acima, de que os fins justificam os meios, em clara alusão à devassidão moral e humana.
A que ponto chegou essa sociedade puída e rota, sem caráter, sem o menor escrúpulo, sem a dignidade humana de pelo menos ser capaz de se sensibilizar ou até mesmo de se calar, em respeito à sua indiferença, diante de notícia degradante, justamente porque o fato em si até pode ser verdadeiro, e que se fosse, seria repudiável do mesmo jeito, mas também, o mais grave, pode não passar de ato forjado, simplesmente para tentar prejudicar injustamente alguém?
Na convicta certeza, na qualidade de cristão e ser humano, absolutamente absorto sobre ideologias do bem ou do mal, considero deplorável a insensibilidade das pessoas para com causas de extremo interesse social, que acham que apenas deva prevalecer como correto o seu pensamento claramente poluído com maus propósitos, por concordarem com maldades e desumanidades, esquecendo-se do direito das pessoas normais puderem pensar diferentemente.
A verdade é que as simples imagens e expressões constantes da placa em referência, veiculada na internet, sem a indicação das devidas autoria dela e comprovação sobre a materialidade da culpa pelo crime apontado, podem ser forjadas por qualquer pessoa, sob doentio e agressivo pensamento ideológico, sem a menor preocupação com as consequências nefastas da acusação extremamente leviana, cruel e irresponsável, diante da desumana maneira de se inventar a incriminação, de forma injustificável, pessoa pública, salvo se provado em contrário, porque isso caracteriza crime grave e depõe contra o sentimento de dignidade ínsito do ser humano.
Concito, com todo respeito, as pessoas que não entenderam exatamente o sentido da minha crônica que tenham um pouco de sensibilidade humana, para compreenderem que sua verdade termina exatamente quando começa a verdade de seu semelhante e que é preciso respeitar os sentimentos do seu próximo, em especial evitando agredi-lo com atos, palavras ou imagens, porque isso pode mostrar inquietação prejudicial às saudáveis relações sociais. Acorda, Brasil!
Brasília, em 16 de outubro de 2018

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