O
PDT aprovou o que passou a ser chamado de “apoio
crítico” à candidatura do presidenciável petista, no segundo turno da eleição
presidencial, tendo como justificativa, segundo informação do presidente do partido,
que essa decisão tem o significado de ato contra o presidenciável do PSL e “os riscos que ele representa”, do que propriamente
o efetivo apoio ao projeto de governo do petista.
O
presidente do PDT disse que “Somos muito
mais um voto contra ele (Bolsonaro),
contra o risco que ele representa à democracia, aos direitos humanos, ao
respeito às liberdades individuais, muito mais contra essa quase certeza dos
riscos que ele (pesselista)
representa do que um apoio ao Haddad. Mas não vamos nos omitir (no segundo
turno)”.
Na
tentativa de justificar o posicionamento do partido, o seu presidente partido evocou
“a memória” do PDT em relação ao
golpe militar de 1964, tendo afirmado que “Hoje
o tipo de golpe é mais sofisticado, é um golpe legitimado pelo voto popular, o
que torna ainda maior os riscos à democracia brasileira. Nós já sofremos 1964, somos
filhos e netos dos que sofrerão pela ditadura, somos o partido dos cassados,
dos exilados, dos perseguidos e dos mortos. Não esquecemos esta memória. Em
nome dessa memória que queremos alertar o brasileiro sobre essa personalidade
que engana o povo”.
O
presidente do PDT ressaltou, de forma clara, que o uso do termo de “apoio crítico” é referência aos ataques
que o PT fez à candidatura do seu presidenciável, durante o processo eleitoral,
ou seja: “É um apoio com as críticas que
temos em relação ao PT, aos golpes que eles nos desferiram durante o processo
eleitoral, pressões para retiradas de candidaturas. Isso é nossa crítica”.
Na
verdade, a referida declaração tem referência à manobra, orquestrada com aval
do político preso, que resolveu atrapalhar as negociações de apoio do PSB à
candidatura do presidenciável pedetista, ainda no primeiro turno, que foi
classificada como rasteira do PT no PDT.
Naquela
ocasião, os petistas decidiram retirar candidaturas em outros Estados para não
atrapalhar nomes do PSB que disputavam os mesmos cargos.
Em
troca, os socialistas se comprometeram a ficar neutros no primeiro turno, em
vez de apoiarem o presidenciável do PDT.
Mesmo
com esse apoio, o presidente do PDT explicou que ninguém da direção do partido
irá participar da campanha do petista, no segundo turno, em que pesem os acenos
que o presidenciável petista vem fazendo à sigla.
Em
conclusão, o presidente do PDT disse que “Não
faremos nenhuma reivindicação. Será um voto claro sem participação na campanha
e com a certeza de que não participaremos de nenhum governo, mesmo se Haddad
ganhar a eleição. Vamos começar a construir agora 2022, já estamos decididos a
lançar a candidatura de Ciro Gomes”.
Não
há a menor dúvida de que o apoio do PDT ao candidato do PT é a materialização
da pouca ou nenhum vergonha que os partidos políticos têm, quando o declaram,
sem o menor escrúpulo, mesmo tendo seus interesses prejudicados no passado
recente, como aconteceu com o presidenciável do PDT, quer simplesmente foi
escorraçado das proximidades do PT, quando aquele buscava acordo para a união
de ambos na corrida presidencial.
Em
clara manobra política, o PT não somente se afastou do PDT como impediu que
este fizesse aliança com o PSB, em claro e direto recado de que, naquela
ocasião, este último partido precisava se afastar para bem longe da jurisdição
petista, em clara demonstração de desinteresse na união de ambos, mas, agora,
como se nada tivesse acontecido, o partido enjeitado corre com a cara mais deslavada
para os braços daquele que o negou acolhida política.
O
fato novo é que o PDT, esquecendo o péssimo tratamento dispensado, dias atrás, pelo
PT, entendeu por bem apoiar o partido que havia batido as portas na sua cara, fato
este que demonstra total falta de personalidade do partido desprezado, além de
contribuir para a desmoralização dos princípios republicano e democrático,
quanto à necessidade da valorização dos sentimentos de civilidade e respeito às
salutares condutas da ética e da dignidade. Acorda, Brasil!
Brasília, em 17 de outubro de 2018
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